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Teoria da Restauração Brandiana - Catedral Basilica de Salvador

Por:   •  17/10/2018  •  Artigo  •  2.614 Palavras (11 Páginas)  •  246 Visualizações

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TEORIAS E PRINCÍPIOS DA RESTAURAÇÃO SEGUNDO CESARE BRANDI

Luana Sinozuke1, Lucas Sobrinho1, Rafael Soler1, Raphael Fernandes1, Victoria Maeda 1, Fabrícia Dias da Cunha 2

1 - Discente na Universidade do Oeste Paulista - UNOESTE, Curso de Arquitetura e Urbanismo, Patrimônio, Restauração e Técnicas Retrospectivas, Presidente Prudente, SP.

2 – Arquiteta e Urbanista, Professora e Docente na Universidade do Oeste Paulista - UNOESTE, Curso de Arquitetura e Urbanismo, Patrimônio, Restauração e Técnicas Retrospectivas, Presidente Prudente, SP.

RESUMO

O presente artigo tem como objetivo fazer um estudo sobre a teoria do restauro por Cesare Brandi, explanando sua crítica e os princípios adotados, diante de um contexto histórico pós Segunda Guerra Mundial. Com isso, será analisado a biografia do teórico, identificando as causas e influências que o levaram para a concepção da mesma. Para o melhor entendimento será exemplificado na obra Catedral Basílica do Salvador, a intervenção norteada pelos princípios da teoria Brandiana e terá como conclusão a sua contribuição e influência para a história da prática do restauro e para os dias atuais.

Palavras-chave: Teoria da Restauração, Cesare Brandi, Catedral Basílica do Salvador.

  1. INTRODUÇÃO

Desde os últimos anos do século XIX e início do século XX vinham sendo empreendidas diversas tentativas de regrar e limitar as ações de restauração, tendo em vista que as más restaurações estavam causando prejuízos maiores às obras de arte do que a própria ação do tempo sobre elas. Preconizava-se a necessidade de tornar o restauro um ato científico, que seguisse princípios e métodos cientificamente determinados, respeitando os monumentos enquanto documentos históricos.

Entretanto, por conta da grande destruição das cidades europeias durante a Segunda Guerra Mundial, necessitava-se de restaurações em larga escala e por isso, iniciou-se uma contraposição das teorias existentes, pois os monumentos não eram como documentos, tinham uma significação social e simbólica para a população. Sendo assim surge o pensamento de que o restauro era além do ato científico, mas também um ato crítico. (CUNHA, 2004)

Nesse contexto, Cesare Brandi se torna figura destaque com sua teoria crítica Brandiana. Em 1963 desenvolve a “Teoria da Restauração”, apresentando no seu livro como conceito:

A restauração constitui o momento metodológico do reconhecimento da obra de arte, na sua consistência física e na sua dúplice polaridade estética e histórica, com vistas à sua transmissão para o futuro. (BRANDI, 2008, p. 30)

2. METODOLOGIA

        A pesquisa é do tipo qualitativa realizada através de uma síntese de informações teóricas obtidas por meio de bases digitais e bibliográficas. Buscou-se, primeiramente, saber sobre a vida de Cesare através de sites, e, logo após, entender a teoria Brandiana a partir da leitura do livro “Teoria da restauração” tendo como autor o próprio teórico. Em seguida, foi analisada a Catedral Basílica do Salvador, relacionando a intervenção com a teoria estudada.

3. RESULTADO

Cesare Brandi (8 de abril de 1906, em Siena - dia 19 de janeiro de 1988) foi um personagem de notável importância no campo das artes no século XX. Formou-se em Direito (1927) e em História da Arte (1928), trabalhou como funcionário público, administrador, professor e escritor de livros de viagem. Dedicou-se à História da Arte, à poesia, à pintura, à Estética e à Restauração, tendo papel primordial na fundação do Instituto Central de Restauro (ICR), em Roma do qual foi diretor por duas décadas, desde sua fundação, em 1939 até 1960.

Desenvolveu a “Teoria da Restauração” (1963), um escrito rigoroso e coeso, fundamental para quem se interessa pela preservação de bens culturais e pela restauração do patrimônio. Suas propostas tiveram grande influência na Carta de Restauro Italiana de 1972 e, por consequência, na prática atual do restauro.

4 DISCUSSÃO

4.1 TEORIA DA RESTAURAÇÃO BRANDIANA

Em sua teoria, Brandi contrapôs as ideias de Viollet-le-Duc, que propunha a restauração por analogia, ou seja, o refazimento intuitivo de uma obra de arte, e filiou-se aos princípios de Alois Riegl e Camillo Boito, através da fenomenologia e da teoria crítica. (SANTOS, 2005). Para ele, seriam dois os tipos de restaurações: a de manufatura industrial, onde a restauração devolveria a funcionalidade do objeto, e das obras de arte, que diz sobre a questão da singularidade da mesma, onde cada obra é um caso e que deve ser criticada a intervenção a ser realizada de cada uma, tendo uma solução única. (CARBONARA, 2006)

Brandi começa sua teoria expondo o termo da “unidade”, onde existem dois tipos: a unidade orgânico-funcional da realidade existencial, vai residir nas funções lógicas do intelecto; e a unidade figurativa, que é imagem verdadeiramente e somente aquilo que aparece. Sendo assim, a obra de arte se dá pela unidade figurativa, e quando ela é dividida devemos tentar desenvolver cada potencial da unidade original que tem cada um de seus fragmentos. Ele ainda ressalta que se pensássemos na realidade existencial na obra de arte, cairíamos na restauração por analogia, o que ele negava. (BRANDI, 2008)

De seu conceito de restauro, Brandi apresenta duas instâncias: a estética e a histórica. A instância estética pode-se relacionar com o 1º axioma: “restaura-se somente a matéria da obra de arte” (BRANDI, p.31), onde diz que a matéria é composta pela estrutura, que seria a consistência física e o local de manifestação da imagem; e pelo aspecto, o teor artístico.        

“[...] a matéria se mostra: aquilo que serve a epifania da imagem”. (BRANDI, 2008, pg.36)

Os dois são um conjunto, não há separação entre eles numa obra de arte. A estrutura deve ser levada em consideração já que quanto mais tempo o material durar, maior será o tempo de transmissão da imagem. Ele diz que a instância estética deve prevalecer numa obra de arte, pois:

Uma obra de arte, não importa quão antiga e clássica, é realmente, e não apenas de modo potencial, uma obra de arte quando vive em experiências individualizadas. Como um pedaço de pergaminho, de mármore, de tela, ela permanece (sujeita, porém, as devastações do tempo) idêntica a si mesma através dos anos. Mas como obra de arte, é recriada todas as vezes que experimentada esteticamente. (BRANDI, 2008, p.28)

Ainda fala a respeito sobre as lacunas, que é sempre uma interrupção no tecido figurativo, sendo que o mais grave da obra de arte não é aquilo que falta, mas aquilo que se insere de modo indevido. Para tratá-la em meio uma obra de arte, ele mostra que a mesma deve se inserir como um corpo estranho, ou como uma mancha, sempre aparecendo num nível diverso daquele da própria pintura – ou mais para a frente ou mais para trás – e se destacando violentamente pelo tom e luminosidade. Não se trata da solução ideal, mas é a mais precedente. (BRANDI, 2008). Entende-se, então, nesta instância que os limites do restaurador estão postos em função da materia original.

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