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A evolução da Contabilidade : bases e relações com a Pesquisa-Ação

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Por:   •  21/11/2013  •  Artigo  •  1.502 Palavras (7 Páginas)  •  292 Visualizações

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A evolução da Contabilidade : bases e relações com a Pesquisa-Ação

A necessidade de registrar a movimentação da riqueza, sua origem, tipo e destinação, está na essência da história da civilização humana. Schmidt (2000), por exemplo, defende uma arqueologia da contabilidade, escudado em achados arqueológicos no Oriente Próximo, constituídos por fichas de barro, que foram utilizadas por civilizações pré-históricas entre 8000 e 3000 a . C. O Autor comenta (Schmidt, 2000:17): “As fichas de barro (de diferentes formatos) foram usadas abundantemente entre 8000 e 3000 a .C. como forma de representação de mercadorias.(...)Cada ficha representava uma mercadoria, bem como uma dívida de uma pessoa com outra.”

É interessante perceber a vinculação entre o sistema de registro adotado e a necessidade prática de conhecer sobre a riqueza representada. Cada forma de representação da riqueza (fichas de barro antes e partidas dobradas hoje), deve guardar uma relação que seja intuitiva e direta com o objeto representado. A contabilidade nasce, portanto, de uma necessidade, antes de tudo, prática.

Os sistemas contábeis, principalmente sua base conceitual, deve guardar um poder explicativo, dos fenômenos representados, significativamente altos, pois, caso contrário, perdem relevância e utilidade.

A contabilidade impacta e é impactada pelo ambiente sócio-econômico onde atua. A transferência de modelos ou a constatação do que ocorre em outros ambientes, desde que descolados da realidade imediata e vivencial (empírica) do macro ambiente predominante, corre o risco de simplesmente não “pegar” ou “se perder” como discurso infrutífero.

Essa perspectiva de análise reflete a posição de Kam (1990:1-3), quando menciona o que chamou de “Argumento de Littleton” para a explicação da sistematização da partida dobrada apenas no séculos XIV e XV, quando já existiam evidências intuitivas do mecanismo, muito tempo antes. O argumento menciona a existência, por volta de 1494, de certas condições sócio-econômicas próprias e específicas da época, a exemplo dos chamados pré-requisitos materiais, como a propriedade privada, capital, comércio e o crédito; e os pré-requisitos de linguagem, como a escrita, o dinheiro e a aritmética.

Em uma “economia globalizada”, onde prevalecem os grandes movimentos de capitais, agora identificados como capitais especulativos (voláteis) e de investimentos produtivos; onde as tecnologias de informação e comunicação dominam o cenário social e econômico, modificando opiniões e impactando valores; onde a noção de distância e de tempo assumem uma dimensão “palpavelmente” relativa, deve-se pensar na maneira como a contabilidade responde ao seu processo natural de vincular seus números e demonstrativos, aos objetos efetivos que pretendem representar.

Esse processo de representação em grandezas monetárias, composto pela identificação, mensuração, acumulação e comunicação do valor dos objetos, se aperfeiçoa, sistematicamente, mediante um processo de investigação das características de cada objeto, do conjunto dos objetos e das interações entre conjuntos distintos de objetos.

No fundo, mesmo na economia do século XXI, a essência continua a mesma: trabalhar com sistemas relacionais numéricos que representem, com fidedignidade, sistemas relacionais empíricos.

A pesquisa científica cumpre esse papel de vinculação. A abordagem dos sistemas relacionais empíricos, agora mais sofisticados porque impactados por variáveis transnacionais e transculturais, deve ocorrer sob um prisma metodológico que guarde correlação significativa com a vocação cultural e econômica do ambiente onde investiga. Os passos de aperfeiçoamento, a parir de sistemas relacionais numéricos mais significativos e úteis, fruto do processo de pesquisa, traduzirão o amálgama de um devir em formação, já presente, de forma que os avanços científicos, ao mesmo tempo, incorporam e são incorporados na base do ciclo virtuoso do progresso.

A questão, abraçada nessa problematização, traduz a possibilidade de se considerar a Pesquisa-Ação, em razão de suas características e filosofia de abordagem, como um método de pesquisa que, considerando a realidade econômica e social do Brasil, incrementa, de forma intensa e relevante, a participação da ciência contábil na produção de um tipo de conhecimento, por assim dizer, útil.

Corroborando tal discernimento, cita-se alguns números apurados em levantamento do SEBRAE (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), disponível em www.sebrae.com.br,: 99,35% das empresas brasileiras dos setores industrial, comercial e de serviços, são classificadas como micro, pequenas e médias empresas (até 499 empregados na indústria e até 99 empregados no comércio e serviços); apenas 0,65% são de grandes empresas. As micro, pequenas e médias empresas, por sua vez, são responsáveis por 58,49 % de todo o pessoal ocupado nesses setores. Muito mais do que força econômica, o que já é evidente pelos dados mencionados, as empresas de pequeno porte têm uma grande representatividade social no Brasil.

É justamente nesse segmento das empresas brasileiras onde residem os maiores desafios de continuidade e desenvolvimento. Lourenzani e Barbosa da Silva (1999), por exemplo, discutindo a sustentabilidade de empreendimentos agro-industriais de pequeno porte, através da metodologia de “sistemas dinâmicos” (system dynamics), aduziram que a capacidade gerencial tem uma influência inversa sobre custos (maior capacidade gerencial, menores custos); que, por sua vez, tem influência inversa sobre lucratividade (maiores custos, menor lucratividade); que, finalmente, tem influência direta com a sustentabilidade do empreendimento (maior lucratividade, maior tempo de permanência do empreendimento).

A pesquisa contábil, nos termos aqui discutidos, responderia a uma demanda de fato, para contribuir, dentro de seu campo de atuação, com a melhoria da capacidade gerencial da ampla maioria das empresas brasileiras.

A vinculação aqui pretendida também não é gratuita. A pesquisa SEBRAE denominada “Fatores Condicionantes e Taxa de Mortalidade de Empresas”, disponível em www.sebrae.com.br, que ouviu micro e pequenos empresários (de empresas em atividade e empresas extintas) no período de agosto/98 a junho/99, em 11 Unidades da Federação, a saber: Acre, Amazonas, Mato Grosso do Sul, Paraíba, Pernambuco, Paraná, Rio Grande do Norte, Santa Catarina, Sergipe, São Paulo e Tocantins; traz informações importantes que corroboram o impacto sócio-econômico na percepção do papel da contabilidade, ensejando o reconhecimento

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