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ANÁLISE DOS EFEITOS DOS CUSTOS AFUNDADOS EM DECISÕES DE RISCO DE UMA INSTITUIÇÃO DE CRÉDITO

Por:   •  9/4/2018  •  Artigo  •  1.521 Palavras (7 Páginas)  •  250 Visualizações

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ANÁLISE DOS EFEITOS DOS CUSTOS AFUNDADOS EM DECISÕES DE RISCO DE UMA INSTITUIÇÃO DE CRÉDITO.

Ariane Ribeiro Sena

Dilma Aparecida Ferreira Braga

1. INTRODUÇÃO

Recentemente, o Prêmio Nobel de Economia agraciou o norte americano Richard H. Thaler por suas contribuições para economia comportamental. Através da Teoria da Contabilidade Mental, Thaler argumenta como os pensamentos e emoções influenciam as decisões financeiras individuais.

Segundo a teoria econômica, os indivíduos tomam decisões de maneira racional, porém em diversos momentos as pessoas agem de forma diferente do que diz a teoria (Thaler, 1980). E para compreender o motivo pelo qual as pessoas agem de forma diferente, várias pesquisas investigam o processo de tomada de decisão das pessoas. Uma dessas áreas de pesquisa estuda como a atenção indevida aos custos afundados pode exercer influências nas escolhas das pessoas.

Para Thaler (1980), o medo da perda pode ser uma variável que influencia significativamente nos momentos de decisão, principalmente quando há investimento de recursos nas escolhas a serem feitas. Tais investimentos podem ser considerados custos afundados.

Os custos afundados são os custos passados, não recuperáveis e utilizados no desenvolvimento de uma atividade até o momento da tomada de decisão, e que teoricamente, devem ser desprezados na realização de escolhas futuras (Atkinson, Kaplan, Matsumura & Young, 2007). A forma equivocada como os custos afundados são tratados em determinadas situações provoca o efeito custo afundado.

O efeito custo afundado se caracteriza como a atenção indevida dada pelos indivíduos aos investimentos já realizados, podendo o investimento ser de tempo, dinheiro ou esforço, quando alternativas a serem escolhidas são analisadas (Arkes & Blumer 1985).

Para Arkes e Blumer (1985) tais efeitos são baseados em questões psicológicas, pois as pessoas tendem a continuar a investir em um curso de ação em que recursos tenham sido investidos.

Os efeitos dos custos afundados também podem ser verificados nas instituições financeiras, através da tomada de decisão de seus gestores nas concessões de crédito.

De acordo com Leal (2014), através do efeito dos custos afundados em um financiamento já concedido a um cliente, pôde-se verificar, em uma pesquisa experimental, uma maior tendência das pessoas investirem em um projeto se a ele já tiverem recursos aplicados. Desta forma este estudo investiga a seguinte questão: Na prática, os custos afundados influenciam na tomada de decisão para concessão de créditos a clientes endividados?

Esta pesquisa se justifica por apresentar uma possível existência de viés decisório significativo na consideração dos custos afundados na tomada de decisão, e, por utilizar a análise documental, através de dados históricos dos clientes, para investigar a questão apresentada, diferenciando-se das pesquisas realizadas anteriormente.

2. REFERENCIAL TEÓRICO

2.1. Teoria Econômica

A Teoria Econômica da Escolha Racional (Racional Choice Theory em inglês) se baseia em um modelo de maximização racional que descreve como os consumidores devem escolher (Thaler, 1980), buscando obter o máximo benefício de seus recursos escassos (Paiva & Cunha, 2008).

Conforme Paiva e Cunha (2008), muitas vezes age-se por impulso ou até mesmo por hábito e, mesmo quando se procura ser racional, existe a influência da cultura e do comportamento gerado por forças internas, até inconscientes, alheias ao processo decisional. Mesmo comportamento indicado por Thaler (1980) quando cita que, em situações bem definidas, os consumidores se comportam de maneira diversa da teoria econômica.

O indivíduo, ao fazer uma escolha, se utiliza de convicções subjetivas e suas preferências e não de condições objetivas e de oportunidade. Para este individuo seu comportamento é racional, porém baseado em convicções falsas (Baert, 1997).

2.2. Efeito Custo Afundado

Os custos afundados ou custos perdidos, de acordo com Martins (2008), são investimentos realizados no passado e que não devem ser considerados na tomada de decisões, por não interferirem no fluxo financeiro futuro da empresa.

Para Gitman (2010) os custos irrecuperáveis são desembolsos de caixa já realizados (desembolsos passados) e que, portanto, não exercem efeito sobre os fluxos de caixa relevantes para a decisão em questão.

Assim, os custos históricos são irrelevantes e os consumidores deveriam ignorar os custos irrecuperáveis em suas decisões cotidianas. Apenas os benefícios marginais deveriam influenciar nas escolhas dos projetos (Thaler, 1980).

Segundo Arkes e Blumer (1985) o efeito custo afundado se manifesta em uma maior tendência para continuar um esforço, seja ele um investimento em dinheiro, esforço ou tempo, havendo evidências de que este efeito seja um erro de julgamento influente, baseado em questões psicológicas, por medo de que pareçam desperdiçadoras de recursos, o que faz as pessoas investirem novos recursos na tentativa de recuperar os custos afundados.

O efeito custo afundado se caracteriza como a atenção indevida dada pelos indivíduos aos investimentos já realizados quando alternativas a serem decididas são analisadas (Arkes & Blumer 1985). Para Arkes e Ayton (1999), o efeito do custo afundado é uma generalização inadequada da aversão ao desperdício (presente apenas em seres humanos adultos devido a capacidade cognitiva). Esta regra é normalmente útil, mas também pode levar a erros.

Através de alguns experimentos realizados em cenários hipotéticos e diferenciados, pode-se observar a influência do efeito dos custos afundados em momentos decisivos.

2.3. Estudos Anteriores

O tema efeito dos custos afundados pode ser observado em várias pesquisas, onde diferentes variáveis foram testadas através de experimentos realizados.

Arkes & Blumer (1985), demonstram isto, através de um experimento, em que o presidente de uma companhia aérea havia investido 90% dos seus recursos (US$ 10 milhões) na construção de um avião que não fosse detectado por um radar convencional e então ao ser informado que outra companhia já estava comercializando um avião do mesmo tipo, deve decidir se continua investindo os outros 10% ou não. A conclusão do teste é que 85% dos participantes indicam que sim, deve-se terminar o projeto. Não pela viabilidade econômica, mas pelo apelo psicológico existente, os custos afundados.

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