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Paradigmas de investigação

Por:   •  29/5/2017  •  Pesquisas Acadêmicas  •  2.236 Palavras (9 Páginas)  •  384 Visualizações

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  1. INTRODUÇÃO

Os projectos de pesquisa em educação, a coerência e a interacção permanentes entre o modelo teórico de referência e as estratégias metodológicas constituem dimensões fulcrais do processo investigativo.

A presente pesquisa apresenta um breve contributo para a delimitação do paradigma de investigação e explora os fundamentos teóricos e práticos das metodologias e técnicas de investigação que emanam deste paradigma. Subjacente à concretização desta proposta está a convicção de que qualquer actividade científica se enquadra num conjunto de coordenadas espácio-temporais e sócio históricas que condicionam e justificam as suas opções metodológicas. Assim, na primeira parte do documento, caracterizamos sucintamente a os paradigmas de investigação no contexto actual da investigação científica e, na segunda parte, apresentamos algumas metodologias e técnicas presentes em estudos desta natureza.

        

  1. REVISÃO DE LITERATURA

  1. Paradigma de Investigacao
  1. Conceito de Paradigmas

Segundo (Kuhn, 1997) admite pluralidade de significados e diferentes usos, aqui nos referiremos a um conjunto de crenças e atitudes, como uma visão do mundo "compartilhada" por um grupo de cientistas que implica uma metodologia determinada (Alvira, 1982). O paradigma é um esquema teórico, ou uma via de percepção e entendimento do mundo, que um grupo de cientistas adoptou.

  1. Definição de Paradigma de Investigação

Paradigma de investigação pode definir-se como um conjunto articulado de postulados, de valores conhecidos, de teorias comuns e de regras que são aceites por todos os elementos de uma comunidade científica num dado momento histórico (Doyle, 1991, p. 3322-3330). Ainda segundo a mesma autora, cumpre os propósitos de unificar os conceitos, pontos de vista, a pertença a uma identidade comum e o de legitimar a investigação através de critérios de validez e interpretação

  1. Diferentes Maneiras de Entender e Fazer a Investigação

As disparidades que se detectaram e registaram nos textos que se apresentavam com o objectivo de escrever a história da investigação educacional não são atributo apenas daquele tipo de escritos.

A análise de textos, recurso metodológico no qual assenta o presente trabalho, mostrou que, com frequência, as fontes de pesquisa apresentam, para temas idênticos, interpretações que, quando não antagónicas, adquirem significações diferenciadas que se torna necessário compreender. Por vezes, quando se consultam diversos textos sobre investigação educacional, tornam-se evidentes interpretações distintas e que, nalguns casos, ignoram, ou praticamente ignoram, desenvolvimentos e interpretações relevantes que as precederam. Esta situação suscita alguma surpresa, especialmente quando se trata de textos publicados a partir do último quartel do século XX, com décadas de história atrás de deles, e torna mais complexo, eventualmente, o processo de decisão dos investigadores em educação quanto às escolhas nos diversos níveis em que têm que decidir, como sejam as abordagens, os problemas ou os métodos.

De facto, uma passagem por um qualquer conjunto de textos que se assumam como da investigação educacional torna evidente, não apenas notável diversidade de sistematizações, mas também que cada abordagem é objecto de discrepantes relevos e juízos de valor. Não estão em causa, e de um modo geral, os dados factuais como os nomes ou as datas, mas sim, as lacunas, as interpretações, as ilações.

Basta comparar as interpretações de distintos autores, em épocas coevas, sobre o mesmo tema, ou as incongruências patentes em algumas obras.

Noutras obras, certos autores privilegiaram determinados modos de pesquisar em educação que são claramente distintos dos modos privilegiados por outros autores, como revela a comparação entre obras que podem ser consideradas de referência: comparem-se as preferências de Elliott (1991), Elliott (1994) ou Carr & Kemmis (1986) pela investigação-acção com as opções de La Orden (1985a) e Tuckman (2002) pela investigação de índole mais tradicional.

Também, alguns teóricos atribuíram importância a determinados tópicos e estudiosos da educação os quais não são sequer mencionados por outros autores, na mesma época, ao escreverem sobre temas idênticos. Tomando como exemplo obras de autores reputados, com interesses semelhantes e com poucos anos a separá-las, Léon et al[1] não referiram as abordagens de investigação qualitativa, enquanto De Landsheere,[2] em obra de título idêntico, reservou um capítulo para o debate entre o quantitativo e o qualitativo.

Quadro n.º 1 – “Bases alternativas para interpretar a realidade social”

(Fonte: Traduzido de Cohen & Manion, 1990:34, adaptado de Greenfield)

Dimensões de

Objectivista

Subjectivista

Comparação

 

 

Realismo: o mundo existe

Idealismo: o mundo existe mas

 

 

e é cognoscível como

pessoas diferentes explicam-no

Base

realmente é. As

de maneiras muito diferentes.

Filosófica

organizações são

As organizações são realidades

 

 

entidades reais com vida

sociais inventadas.

 

 

própria.

 

 

 

Descobrindo as leis

Descobrindo como as pessoas

O papel da

universais da sociedade e

interpretam de modo diferente

ciência social

da conduta humana

o mundo em que vivem.

 

 

dentro dela.

 

Unidades

 

 

básicas da

A colectividade: sociedade

Indivíduos actuando sós ou em

realidade

ou organizações.

grupo.

social

 

 

 

 

Identificando condições ou

Interpretação dos significados

 

 

relações que permitem

subjectivos que os indivíduos

Métodos de

que a sociedade exista.

aplicam à sua acção.

entendimento

Concebendo quais são

Descobrindo as regras

 

 

essas condições ou

subjectivas para tal acção.

 

 

relações.

 

 

 

Um edifício racional

Conjuntos de significados que

 

 

construído por cientistas

as pessoas usam para dar

Teoria

para explicar o

sentido ao seu mundo e ao

 

 

comportamento humano.

comportamento dentro dele.

 

 

Convalidação

A busca de relações com

 

 

experimental ou quasi-

sentido e o descobrimento das

Investigação

experimental da teoria.

suas consequências para a

 

 

 

acção.

 

 

Abstracção da realidade,

A representação da realidade

 

 

especialmente através de

com fins de comparação.

Metodologia

modelos matemáticos e

Análise da linguagem e do

 

 

análises quantitativas.

significado.

 

 

Ordenada. Governada por

Em conflito. Governada pelos

 

 

um conjunto uniforme de

valores das pessoas com acesso

Sociedade

valores e tornada possível

ao poder.

 

 

só por aqueles valores.

 

 

 

Orientadas para um fim.

Dependentes das pessoas e dos

 

 

Independentes das

seus fins. Instrumentos de

 

 

pessoas. Instrumentos de

poder que algumas pessoas

Organizações

ordem na sociedade

controlam e podem usar para

 

 

servindo tanto a sociedade

alcançar fins que lhes parecem

 

 

como o indivíduo.

bons.

Patologias

Organizações

Dados fins humanos diversos,

organizativas

desajustadas com valores

há sempre conflito entre as

 

 

sociais e necessidades

pessoas que os perseguem.

 

 

individuais.

 

 

 

Muda a estrutura da

Descobre que valores se

 

 

organização para

incorporam na acção

Prescrição

satisfazer os valores

organizativa e de quem são

para a

sociais e necessidades

esses valores.

mudança

individuais.

Se puder, modifica as pessoas

 

 

 

ou os seus valores.

...

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