TrabalhosGratuitos.com - Trabalhos, Monografias, Artigos, Exames, Resumos de livros, Dissertações
Pesquisar

A Judicialização da Saúde

Por:   •  14/9/2020  •  Trabalho acadêmico  •  823 Palavras (4 Páginas)  •  96 Visualizações

Página 1 de 4

RESENHA

a.  PROBLEMA/ QUESTÃO SOCIAL

Após a promulgação da Constituição de 1988 a relação entre direito e saúde ganhou mais destaque e nessa seara, discute-se qual o papel do Estado na implementação efetiva desse direito social. O que se vê é cada vez mais a judicialização do direito à saúde: fornecimento de medicamentos, disponibilização de exames, cobertura de tratamentos para doenças, etc. O pontapé inicial se deu com o reconhecimento do dever do Estado de conceder antirretrovirais para portadores de HIV/Aids, a partir de então vemos que o Judiciário tem se debruçado cada vez mais para atingir uma decisão que seja coordenada e estratégica. Mas a verdade é que um grande número de demandas envolvendo a assistência à saúde tem tramitado no Judiciário e cada vez mais aumenta o representativo dispêndio de recursos públicos decorrentes desses processos. A questão é: como combater os excessos da judicialização da saúde?

Em uma rápida busca no último relatório do Justiça em Números, do Conselho Nacional de Justiça (14ª Edição), é possível apresentar números atualizados sobre a judicialização da saúde no Brasil. A tabela a seguir contempla todas as demandas sobre a judicialização da saúde (de natureza cível, não criminal), considerando os processos ajuizados até 31/12/2017 e em trâmite no 1º grau, no 2º grau, nos juizados especiais, no Superior Tribunal de Justiça, nas turmas recursais e nas turmas regionais de uniformização.

TABELA 1 – DEMANDAS DE JUDICIALIZAÇÃO

[pic 1]

[pic 2]

FONTE: Justiça em Números 2018: ano-base 2017/Conselho Nacional de Justiça - Brasília: CNJ, 2018. Disponível em http://www.cnj.jus.br/programas-e-acoes/pj-justica-em-numeros. Acesso: 10/03/2019.

A partir da análise desse diagnóstico, é possível perceber que houve um aumento de aproximadamente 400 mil processos judiciais. Em 2015, o governo paulista gastou R$ 1,2 bilhão de remédios e insumos para 57 mil pacientes que recorreram aos tribunais. “Esse valor é quase o necessário para sustentar por um ano o Hospital das Clínicas [da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC-FM-USP)], onde são atendidos 35 mil pacientes por dia”, esclarece Renata, a advogada que lida com decisões judiciais relacionadas a esse tema. A crescente é ainda maior quando comparada com anos anteriores. Confira.

[pic 3]

b.  SOLUÇÕES

É urgente e necessário que se adotem medidas para assegurar maior eficiência na solução de demandas judiciais envolvendo a assistência à saúde. Para isso é necessário sair das soluções simplistas que caracterizam o debate atual. Por um lado, as ações judiciais comprometem uma parcela significativa do orçamento público para atender demandas específicas de alguns pacientes; por outro, podem significar o único caminho para salvar ou prolongar a vida de pacientes. Com base nos dados apresentados nesta resenha e no relatório do CNJ, sugerimos um plano de ação que compreenda a atuação das principais instituições do Sistema de Justiça, e que tenha por objetivo sanar o problema da judicialização da saúde no Brasil.

  1. Promover a especialização de Varas: instaurar varas competentes para processar e julgar ações que tenham por objeto direto a saúde pública e suplementar. Da mesma forma como há varas específicas para família, infância, criminal, deverá existir um colegiado competente e experiente em receber e demandar ações referentes a esse assunto, seguindo às recomendações do CNJ e evitando fornecimento de tratamento em caráter experimental e não urgentes.
  2. Valorização dos princípios que regem o Sistema Único de Saúde: trabalhar de forma a reinserir o paciente no Sistema Único de Saúde, busca de diálogo e interação entre o sistema de justiça e o sistema de saúde, excluindo-se demanda de recomendação de remédios de marca ou de tratamentos experimentais que se quer são autorizados pela ANVISA.
  3. Desenvolvimento de uma visão multiprofissional e interdisciplinar dos problemas de saúde: Avançar na importância do trabalho multiprofissional das Varas Competentes, desenvolvido por psicólogos, assistentes sociais, fisioterapeutas, entre outros, deixando de considerar como privilegiados apenas os saberes médicos, farmacêuticos e a produção de laudos técnicos.
  4. Ministério da Saúde e ANVISA devem colocar em prática projetos já existentes de incentivo, viabilização e facilitação de pesquisas e implementação de novos investimentos no Brasil: Programas como RENAME (relação nacional de medicamentos) CIT e CIB (comissão intergestores tripartite e comissão intergestores bipartites – Instância de articulação e pactuação na esfera Federal que atua na direção nacional do SUS), CONITEC (comissão nacional de incorporação de tecnologias), NAT (núcleos de apoio técnico, compostos por médicos e agentes da saúde que emitem parecer para auxiliar o juiz a resolver demandas judiciais), etc.
  5. Parceria com a Defensoria Pública: parceria com a Defensoria Pública, de forma a facilitar o acesso a tratamentos pela via administrativa, evitando-se o ajuizamento de ações judiciais. Ou então, o ajuizamento de ações coletivas, objetivando atingir um número maior de pessoas.
  6. Convênio com Ministério Público e a divulgação do uso de ferramentas como o TAC: um convênio com o Ministério Público com fins de identificação de demandas forjadas, evitando o fornecimento de medicamentos em decorrência de fraudes e conluios entre laboratórios e advogados. Utilização de ferramentas como o termo de ajustamento de conduta, que goza de força de título executivo.

c.  MAPA MENTAL

...

Baixar como (para membros premium)  txt (5.7 Kb)   pdf (267.6 Kb)   docx (130.6 Kb)  
Continuar por mais 3 páginas »
Disponível apenas no TrabalhosGratuitos.com