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A Ordem do Discurso

Por:   •  29/7/2023  •  Artigo  •  1.376 Palavras (6 Páginas)  •  42 Visualizações

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RESENHA CRÍTICA- A ORDEM DO DISCURSO

Em 1926 na cidade de Poitiers, França, nasceu Paul-Michel Foucault Nascido, estudou filosofia na École Normale Supérieure de Paris e se envolveu ativamente nos movimentos políticos e intelectuais da época. Ao longo de sua carreira, lecionou em diversas universidades e instituições ao redor do mundo, incluindo a Universidade de Clermont-Ferrand, a Universidade de Tunis e o Collège de France, onde ocupou a cátedra de "História dos Sistemas de Pensamento" de 1970, se autointitulava “pirotécnico” por entender que seu pensamento não era teórico e sim constituído de erupções que possibilitam refletir sobre uma realidade obscurecida por discursos e transformada pelos interesses inclusos nas teias relacionais de poder. Sua obra é extensa, mas inacabada devido ao seu falecimento prematuro em 1984. E é, precisamente de uma pequena, mas significativa parte de tal obra, que se tratará nesta resenha critica de sua obra “discurso da ordem”.

A Ordem do Discurso (L'Ordre du discours) é uma obra  que reproduz a aula inaugural ministrada por Michel Foucault ao assumir a cátedra vacante no Collège de France, em 1970. Este livro pode ser considerado em relação a outras obras da década de 1960, como História da loucura, As Palavras e as coisas, A Arqueologia do saber, centradas predominantemente na análise das condições de possibilidade das ciências humanas.

Inicialmente, fazendo uma analise geral da obra destacando os principais pontos, logo de inicio, entende-se que está presenta na obra reflexões e pesquisas de discurso e como ele dissemina em diversas sociedades , exercendo uma função de controle , limitação e validação das regras de poder em períodos históricos distintos e grupos sociais heterogêneos. Observado no trecho do livro:

Suponho que em toda sociedade a produção do discurso é ao mesmo tempo controlada, selecionada, organizada e redistribuída por certo número de procedimentos que têm por função conjurar seus poderes e perigos, dominar seu acontecimento aleatório, esquivar sua pesada e temível materialidade. (FOUCAULT, 2009, p. 8-9).

 O filósofo francês, fala que o discurso é uma rede de signos que se conectam com outros discursos estabelecendo valores a determinada sociedade, e tem como pretensão estruturar determinado imaginário social como se ele operasse com instrumento do desejo bem como, em sua obra:

Nisto não há nada de espantoso, visto que o discurso - como a psicanálise nos mostrou- não é simplesmente aquilo que manifesta (ou oculta) o desejo; é, também, aquilo que é o objeto do desejo; e visto que- isto a história não cessa de nos ensinar- o discurso não é simplesmente aquilo que traduz as lutas ou os sistemas de dominação, mas aquilo por que, pelo que se luta, o poder do qual nos queremos apoderar. (FOCAULT , p.10).

Verifica-se na passagem acima, que para quem domina e detém o discurso, implica no controle do poder sobre os indivíduos em exercer influência do seu modo de pensar e consequentemente no modo de agir. Em outras palavras, o discurso vai além do falar ou do redigir um texto, possuindo uma conotação e um desejo por trás da fala e escrita.

Desse modo, Foucault prossegue criando uma síntese dos princípios e táticas da organização do discurso para só a partir disso apresentar as possibilidades de análise. Por isso, um dos questionamentos iniciais da obra se apresentam como um paradoxo: “Como irei falar sobre o discurso e analisa-lo fazendo uso dele mesmo, o autor já vai demostrando a dificuldade existente nas estratégias empregadas pelo discurso, e a crítica dele é exatamente a de questionar os procedimentos que propagam o controle de tudo que é produzido pelo discurso. Foi mencionado pelo autor na obra em questão , três procedimentos externos do discurso .O primeiro como a  Interdição, o segundo  a Separação ou Rejeição e, como o terceiro, a  Vontade de Verdade.

A Interdição é o procedimento mais disseminado e refere-se ao direito privilegiado daquele que fala, demonstrando uma clara relação entre o discurso e o poder . Já a Separação ou Rejeição, refere-se a quem pode falar, quem deve falar e quem devo ouvir, citando como exemplo a oposição entre razão e loucura, e no terceiro procedimento tem-se a vontade de verdade, onde o discurso  configura-se como uma maneira de separação entre o verdadeiro e o falso, que segundo Foucault, é imposto por instituições ao longo da história .

Nesse sentido, o autor prossegue argumentando acerca das diferenças existentes entre uma possibilidade de verdade, que é aceita por uma determinada sociedade interessando a um grupo social específico e se mostrando como uma verdade oficial, e que o discurso também não apresenta compatibilidade entre o que ele representa e os conceitos e objetos externos que possam existir passando a sensação de continuidade.

Outro argumento apresentando, é que o discurso não direciona seu foco em um significado, mas  no significante que diz respeito ao imaginário desses receptores do discurso, o que permite a propagação de uma determinada lei, regra ou valor. E como estrutura social, a que faz a manutenção desses valores dispõe de rituais e estratégias de validação, que transforma o discurso em expressão social e oficialmente aceito por todos, como ele menciona no seguinte trecho de sua obra: “Nós os conhecemos em nosso sistema de cultura: são os textos religiosos ou jurídicos, são também esses textos curiosos , quando se considera o seu estatuto, e que chamamos de "literários"; em certa medida textos científicos.” (FOUCAULT, 2009, p.22)

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