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O SERVIÇO SOCIAL É OU NÃO TRABALHO: UM DEBATE PERSISTENTE

Por:   •  24/12/2018  •  Exam  •  3.949 Palavras (16 Páginas)  •  280 Visualizações

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SERVIÇO SOCIAL É OU NÃO TRABALHO: UM DEBATE PERSISTENTE

  1. INTRODUÇÃO

A partir da reflexão Marxiana e da tradição Marxista entende-se o trabalho como um elemento central na vida do ser social, que possibilita sua sobrevivência e dá sentido para ela. A categoria trabalho, na concepção Marxiana, na sua centralidade, faz que o homem, ao trabalhar o mundo objetivo, se prove de maneira efetiva como um ser genérico.

Dentro dessa perspectiva, em 1980, em meio ao processo de reconceituação do Serviço Social e a sua aproximação com as bases teóricas e metodológica da tradição Marxista, Iamamoto e Carvalho formulam para a categoria profissional uma nova óptica de abordagem da profissão, onde a considera como “uma especialização do trabalho coletivo, dentro da divisão social e técnica do trabalho, partícipe do processo de produção e reprodução das relações sociais” (IAMAMOTO, 2005, p.82-84).

Tal concepção deu bases para a construção de uma nova matriz curricular do curso de Serviço Social trazendo um marco de ruptura com a concepção anteriormente predominante no âmbito do ensino e da pesquisa relacionado ao Serviço Social. Motivado por esses novos requisitos curriculares a categoria profissional veio pensar o Serviço Social como uma profissão teórica e socialmente determinada dentro da sociedade. A hipótese é que essa análise da profissão inserida na divisão sócio técnica do trabalho foi largamente incorporada pela categoria profissional, e a partir dessa concepção travou-se a existência de um caloroso debate teórico no interior da categoria profissional quando o assunto é o vínculo existente entre Serviço Social e a categoria trabalho em Marx.

Desta forma o presente trabalho parte da afirmativa de que o Serviço Social é trabalho, baseado nos postulados escritos de Marilda Iamamoto no qual salienta que apesar de o Serviço Social não ser uma profissão que se inscreva, predominantemente, entre as atividades diretamente vinculadas ao processo de criação de produtos e de valores.

A pretensão da presente reflexão metodologia é fazer uma aproximação ao debate instaurado no interior da categoria profissional que gerou postulados teóricos ora afirmando o Serviço Social como trabalho, ora afirmando ao contrário. O que se busca é explicitar a controvérsia que a envolve esse debate, evidenciando as divergências e convergências entre os autores que debatem a natureza da profissão e o seu significado social.

Para fins de fundamentação teórica utiliza-se o texto “O Serviço Social na contemporaneidade: trabalho e formação profissional”, da professora Marilda Iamamoto (2005), que defende a tese do Serviço Social como trabalho e a quiçá de contrapontos incorpora-se a discussão do autor Sérgio Lessa (2006) em seu texto “Serviço Social e Trabalho: do que se trata?” e por fim trabalha-se a obra das professoras Franci Gomes Cardoso e Marina Maciel Abreu “Serviço Social como uma expressão da práxis na crise contemporânea do capitalismo: fundamentos e tendências no Brasil”, que é um texto em resposta as críticas incorporadas a tese por elas desenvolvidas nos anos 80 no qual considera o trabalho do Serviço Social como pratica profissional.

IAMAMOTO entende que tal debate expressa o avanço obtido no marco da renovação crítica do Serviço Social brasileiro, referente à natureza da profissão e o seu significado social, de tal forma que, em relação à divergência de opiniões, se dirige as seus interlocutores de maneira fraterna como parceiros e não opositores.

  1. SERVIÇO SOCIAL E A CATEGORIA TRABALHO: UM DEBATE PERSISTENTE

No contexto de renovação e crítica ao Serviço Social tradicional, busca-se repensar a profissão a partir dos parâmetros teóricos e metodológicos, a partir da década de 1960, onde houve uma expansão das escolas de Serviço Social, até a década de 1980, no período de (re)democratização da sociedade brasileira, após longos e violentos anos de ditadura militar. O Serviço Social passa a se debruçar sobre a compreensão da natureza da profissão e seus objetivos na sociedade, norteando-a com princípios e diretrizes interventivas, fundamentadas e determinadas por uma direção social que tem na liberdade seu valor central. Além de refletir sobre si mesmo, o Serviço Social passa, principalmente na década de 1990, a produzir conhecimentos sobre a atuação profissional, a realidade brasileira e as políticas sociais.

O entendimento do Serviço Social como uma forma de trabalho, foi formulado pela primeira vez em 1982, por Iamamoto e Carvalho, no livro “Relações Sociais e Serviço Social no Brasil: esboço de uma interpretação histórico-metodológica”, no qual apresenta o Serviço Social como trabalho com base numa leitura de Marx. Dessa formulação ela explicita dois elementos fundamentais de ruptura com a concepção predominante nos anos 80, que é “considerar a questão social como base de fundamentação sócio-histórica do Serviço Social e o segundo é apreender a ‘pratica profissional’ como trabalho e o exercício profissional inscrito em um processo de trabalho” (IMAMOTO, 2005, p.57).

Porém o debate se intensificou, principalmente, após a aprovação pela Associação Brasileira de Ensino em Serviço Social - ABESS do currículo mínimo para os Cursos de Graduação em Serviço Social, em 1996, no qual o Serviço Social aparece como uma especialização do trabalho, sendo sua prática definida como um processo de trabalho que possui como objeto “as múltiplas expressões da questão social”. Estes dois pontos foram as grandes inovações introduzidas pela revisão curricular.

No que tange o debate em torno do Serviço Social ser ou não ser trabalho, tem-se Marilda Iamamoto como grande defensora da tese de que o Serviço Social é trabalho e utiliza da matriz teórica e metodológica marxista para defender sua tese. Para esta autora o Serviço Social contribui para a produção e reprodução desta sociedade, ele participa deste processo enquanto trabalhador coletivo que, por meio de seu trabalho, garante a sobrevivência e a reprodução da força de trabalho.

No contexto capitalista o trabalho do assistente social se dá numa relação de compra e venda de mercadorias em que sua força de trabalho é mercantilizada. Esse agente passa a receber um salário, em troca de serviços prestados para as entidades empregadoras. É desta forma que:

(...) o Serviço Social é socialmente necessária porque ele atua sobre questões que dizem respeito à sobrevivência social e material dos setores majoritários da população trabalhadora. Viabiliza o acesso a recursos materiais, mas as ações implementadas incidem sobre as condições de sobrevivência social dessa população (IAMAMOTO, 2005, p. 67).

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