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Parecer Jurídico Comodato Simone Reissinger

Por:   •  8/5/2018  •  Trabalho acadêmico  •  1.264 Palavras (6 Páginas)  •  840 Visualizações

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS

Curso de Graduação em Direito

Gabriel Davi Macedo Duani

Heberth Brenner Cunha dos Santos

Henrique Domingos de Lima

João Vitor Fonseca



PARECER JURÍDICO: comodato



Contagem

2018



PARECER JURÍDICO

1. ENDEREÇAMENTO

PADARIA E CONFEITARIA PÃO FOFINHO LTDA.

2. EMENTA

DIREITO CIVIL.  CONTRATO DE COMODATO. CONTRATO VERBAL. CONTRATO REAL. NÃO SOLENE. EXTINÇÃO. RESILIÇÃO UNILATERAL. QUEDA NAS VENDAS. DIREITO POTESTATIVO. PERDAS E DANOS. IMPOSSBILIDADE. AUSÊNCIA DE CLÁUSULA PENAL. MORA ACCIPIENDI. CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO.

3. RELATÓRIO

Trata-se de consulta formulada pela PADARIA E CONFEITARIA PÃO FOFINHO LTDA, representada pelas suas sócias Simone Reissinger e Fernanda Paula Diniz, acerca de um contrato de comodato a ser firmado pelas partes.

As sócias da Padaria Pão Fofinho, em reunião em seu escritório, relatam a seguinte situação: Em 2014 realizaram com a Sorveteria Amiga Ltda. um contrato de comodato, para empréstimo de um freezer para comercialização dos produtos produzidos pela sorveteria. Durante dois anos a venda de produtos foi satisfatória, mas no último ano a qualidade dos mesmos caiu muito, e por isso não pretendem mais vender o produto. Todavia, a Sorveteria vem exigindo o pagamento  de  multa  contratual  para  desfazimento  do  comodato,  apesar  do contrato ter sido feito de forma verbal.

É o relatório. Passamos a opinar.

4. FUNDAMENTAÇÃO

  1. A permuta tem validade se realizada verbalmente?  

Por não ser um contrato solene, ou seja, não haver uma formalidade prescrita em lei para a sua elaboração, não se faz necessário forma escrita para a sua validade. Consoante estabelece o CC/02 (Código Civil de 2002) em seu Art. 104, III, in verbis:

Art. 104. A validade do negócio jurídico requer:

(...)

III - forma prescrita ou não defesa em lei.

(...)

Além disso, a lei não exige nenhuma formalidade especial para que a declaração de vontade seja válida no contrato em voga, consoante estabelece o Art.107 do CC/02: "A validade da declaração de vontade não dependerá de forma especial, senão quando a lei expressamente a exigir."

Vale ressaltar, também, que o contrato de comodato é real, ou seja, aperfeiçoa-se com a efetiva entrega da coisa (tradição), razão pela qual não é exigida nenhuma formalidade para a sua validade. Esse posicionamento está em conformidade com o Art.579 do CC/02, que afirma que o comodato “(...) perfaz-se com a tradição do objeto”.

  1. A padaria tem a prerrogativa de não dar continuidade ao contrato firmado?  

A padaria tem prerrogativa de não dar continuidade ao contrato firmado.  Como não há cláusula de devolução, visto que se trata de contrato verbal, a padaria e confeitaria tem total liberdade para almejar a extinção do contrato a qualquer momento, através da resilição unilateral. Isso ocorre, pois, o Art.581 do CC/02 implicitamente permite esta modalidade de extinção, ao dizer que "o comodato não tiver prazo convencional, presumir-se-lhe-á o necessário para o uso concedido (...)".

 Para que a resilição unilateral ocorra, basta apenas a notificação à outra parte, dizendo de sua desistência em continuar na relação contratual, devido a não mais necessidade de continuar a comercializar os produtos, em razão da queda nas vendas. Esse entendimento está previsto no Art.473 do CC/02, in verbis:

Art. 473. A resilição unilateral, nos casos em que a lei expressa ou implicitamente o permita, opera mediante denúncia notificada à outra parte.

  1. A Sorveteria poderá exigir alguma reparação e/ou multa?

A resilição unilateral é um direito potestativo, ou seja, não cabe contestação pela outra parte. Diante disso, o comodante não poderá sentir-se lesado e pedir perdas e danos. Além disso, devido à ausência de cláusula penal, a empresa não poderá ensejar qualquer tipo de pecúnia a título de punição. Esse entendimento é corroborado por uma decisão do TJ-DF:

JUIZADOS ESPECIAIS CÍVEIS. CONSUMIDOR. CONTRATO DE COMPRA E VENDA DE IMOVEL NA PLANTA. ATRASO INJUSTIFCADO NA ENTREGA DO BEM. RECURSO DO AUTOR QUE SE LIMITA A PLEITEAR A CONDENAÇÃO DA RÉ AO PAGAMENTO DE CLÁUSULA PENAL NÃO PREVISTA EM CONTRATO. IMPROCEDÊNCIA. RECURSO CONHECIDO E NÃO PROVIDO. SENTENÇA MANTIDA PELOS SEUS PRÓPRIOS FUNDAMENTOS.

(...)

2. NA HIPÓTESE, AS PARTES NÃO ESTABELECERAM CLÁUSULA PENAL PARA O DESCUMPRIMENTO DO CONTRATO POR PARTE DA CONSTRUTORA-RÉ, O QUE INVIABILIZA A SUA COBRANÇA.

(...)

(TJ-DF - ACJ: 20130110485499 DF 0048549-18.2013.8.07.0001, Relator: FLÁVIO FERNANDO ALMEIDA DA FONSECA, Data de Julgamento: 03/09/2013, 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Cíveis e Criminais do DF, Data de Publicação: Publicado no DJE : 09/09/2013 . Pág.: 323)

  1. Caso a Sorveteria seja notificada para buscar o freezer, e não o faça, quais as consequências jurídicas?

Caso o comodante recusar-se a receber o freezer sem justa causa, após ser notificado pelo comodatário, ele será constituído em mora (mora accipiendi), pois ele possui a obrigação de receber a coisa em restituição, consoante estabelece o Art. 394 do CC/02.

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