Relações entre os Advogados e a Verdade, ou da Parcialidade Obrigatória dos Primeiros

VI - De Certas Relações entre os Advogados e a Verdade, ou da Parcialidade Obrigatória dos Primeiros

Existe uma luta muito antiga no que diz respeito aos advogados e a verdade, isso faz com que muito se fale sobre a “mentira profissional do advogado”. O autor Piero Calamandri cita este raciocínio: “em qualquer processo há dois advogados, que não podem ambos falar a verdade, uma vez que sustentam teses contraditórias; logo, um deles mente. Isto autoriza a dizer que cinquenta por cento dos advogados são mentirosos. Mas como o advogado que tem razão numa causa não a tem noutra, segue-se que todos estão dispostos a sustentar, no momento oportuno, causas perdidas, ou seja: que são todos mentirosos”.

No entanto, este raciocínio ignora as três dimensões da verdade, e que em um processo, dois advogados quase sempre estão de boa-fé, mesmo que estejam sustentando teses opostas. Se um advogado alterar a verdade dos fatos, estará traindo o seu ofício. Mas se ele recolher e coordenar, daqueles que são reais, apenas os favoráveis à sua tese, não será traição.

A balança como símbolo de justiça no Direito, é atribuída à forma correta do comportamento baseado nas leis e no equilíbrio, representando, em um processo, a nivelação das partes envolvidas. As teses opostas fazem com que a balança oscile por algumas vezes, para que assim, o juiz possa decidir pela verdade. Essa oscilação criada pela parcialidade dos advogados, onde cada um pesa para o seu lado, cria o equilíbrio que o juiz precisa para a sua decisão.

Os advogados devem ser sempre parciais, sendo leais com a parte oposta, mas sendo sempre fieis aos seus clientes, devendo assim, impulsionar uma reação do contraditor. Já o juiz deve ser sempre imparcial, já que ele é o “fiel da balança”, tendo como dever, colocar-se entre as partes e acima delas.