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A ERA TRUMP COMO SINTOMA DE UMA NOVA CONJUNTURA MUNDIAL BASEADA NO NACIONALISMO E PROTECIONISMO DEMAGÓGICOS

Por:   •  3/10/2018  •  Artigo  •  4.435 Palavras (18 Páginas)  •  161 Visualizações

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A ERA TRUMP COMO SINTOMA DE UMA NOVA CONJUNTURA MUNDIAL BASEADA NO NACIONALISMO E PROTECIONISMO DEMAGÓGICOS

Joana Ferraz[1]

Maria Vitória Catharino[2]

Natália Valverde[3]

Vince Wicks[4]

RESUMO

O presente artigo visa investigar os meandros da atuação político-econômica dos Estados Unidos na “Era Trump” e quais os impactos das decisões do atual governo nas relações internacionais contemporâneas. Pretende-se, portanto, esboçar um melhor entendimento acerca da conjuntura internacional a partir da perspectiva da administração Trump em três aspectos principais: enfraquecimento do multilateralismo em razão do nacionalismo, convivência entre protecionismo e neoliberalismo nos EUA, e aspectos do discurso beligerante do líder norte-americano - esse último ponto tendo como base a questão imigratória e a conflituosa relação bilateral com o México.

Palavras-chave: Donald Trump, Nacionalismo, Protecionismo Econômico, Imigração

ABSTRACT

This article aims to investigate the ins and outs of US policy and economics in the "Trump Era" and the impacts caused by the current government’s decisions on contemporary international relations. It is intended, therefore, to outline a better understanding of the international conjuncture from the perspective of the Trump administration in three main aspects: weakening of multilateralism due to nationalism, coexistence between protectionism and neoliberalism in the US, and aspects of the belligerent discourse of the North-american leader - this last point based on the immigration issue and the conflicting bilateral relationship with Mexico.

Key-words: Donald Trump, Nationalism, Economic Protectionism, Immigration

________________

[1] Graduanda em Relações Internacionais pelo Centro Universitário Jorge Amado. E-mail: joana@canallog.com.br;

[2] Graduanda em Relações Internacionais pelo Centro Universitário Jorge Amado e Graduanda em Direito pela Universidade Federal da Bahia. E-mail: vitoria.catharino@gmail.com;

[3] Graduanda em Relações Internacionais pelo Centro Universitário Jorge Amado. E-mail: nataliavalverde@outlook.com.br.

[4] Graduando em Relações Internacionais pelo Centro Universitário Jorge Amado. E-mail: vincewicks95@gmail.com

1. INTRODUÇÃO

O presente artigo possui um objetivo bem delineado: construir uma análise sobre os traços gerais da administração Trump no que tange aos seus cânones políticos e econômicos. Ou seja, investigar-se-à de que forma a conduta do líder estadunidense impacta a realidade da conjuntura mundial e quais as principais inovações trazidas em confronto com o governo de Obama - notadamente, o protecionismo, o nacionalismo e o aumento do discurso beligerante. Mais especificamente, perquirir-se-à sobre três aspectos sintomáticos da “Era Trump”: o enfraquecimento do multilateralismo em razão do nacionalismo, convivência entre protecionismo e neoliberalismo nos EUA e aspectos do discurso beligerante do líder norte-americano - esse último ponto tendo como base a questão imigratória e a conflituosa relação bilateral com o México

A metodologia utilizada na construção dos argumentos centrais do texto foi a revisão bibliográfica, notadamente a partir de textos sortidos de Robert Gilpin e Joaquim Racy no delineamento teórico das premissas de nacionalismo e neoliberalismo econômicos. Para a apresentação de aspectos mais atuais do governo Trump, por sua vez, os fundamentos foram reportagens aprofundadas de jornais consagrados, sobretudo da Foreign Affairs e do New York Times.

Na primeira seção do texto, apresentaremos brevemente os conceitos basilares supracitados: nacionalismo e neoliberalismo econômico, com enfoque na temática do protecionismo e suas implicações, enquanto políticas econômicas aplicadas, para as relações interestatais.

Na segunda parte do artigo, iremos expor a descrença de Trump em relação às parcerias multilaterais tradicionais como o NAFTA - do qual ameaçou retirar-se em 2017 e o TPP (Acordo Transpacífico de Cooperação Econômica) - do qual assinou a retirada dos EUA. A opinião negativa do presidente Trump em relação aos acordos e blocos regionais demonstra um ceticismo típico dos críticos da globalização: para os mais ortodoxos, a mundialização da produção e o fomento ao deslocamento de pessoas traz consequências irreversíveis para a economia nativa, além de descaracterizar a identidade local.

Em terceiro lugar, abordaremos de que forma posturas tanto protecionistas quanto liberais convivem no campo econômico estadunidense. Isto é, ao passo em que o presidente Trump impõe severas restrições ao comércio internacional - dificultando a penetração de produtos estrangeiros no mercado dos EUA, por exemplo - e obstaculiza a segmentação global de multinacionais norte-americanas, ele propõe a desregulamentação seletiva do mercado financeiro através da diminuição de impostos e a desregulamentação.

O quarto ponto a ser tratado é a problemática do discurso beligerante de Trump em relação à imigração. A retórica agressiva de Trump voltada para a demonização da imigração como fator fundamental dos males da contemporaneidade (terrorismo, crise de refugiados, sobrecarga do aparato estatal em termos de prestações sociais e humanitárias, etc.) atende a interesses de seu eleitorado e representa a configuração de um “bode expiatório” para as dificuldades enfrentadas pelos americanos. Ademais, as constantes alusões à construção do muro separando os EUA e o México como solução para a crise migratória na região também são sintomas do mesmo mal: a transgressão demagógica do nacionalismo a serviço de interesses eleitoreiros e de lobbies específicos estadunidenses.

II. CONCEITOS BASILARES

O nacionalismo econômico prevê que o fim último das atividades econômicas reside no fortalecimento do aparato estatal, mais especificamente no que tange a segurança nacional e o poderio militar (GILPIN, 2002, p.50). Portanto, como preleciona Viner (1958, p. 286 apud GILPIN, 2002, p.50) “[...] a riqueza e o poder são ambos objetivos

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