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ALEMANHA: O SUCESSO MODELO DE ECONOMIA SOCIAL DE MERCADO ATÉ AS REFORMAS DE SCHRÖDER

Por:   •  4/12/2015  •  Artigo  •  4.065 Palavras (17 Páginas)  •  523 Visualizações

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ALEMANHA: O SUCESSO MODELO DE ECONOMIA SOCIAL DE MERCADO ATÉ AS REFORMAS DE SCHRÖDER

Millena de Pinho Moraes Alves1

RESUMO

Neste artigo é feita uma análise dos elementos bases para a estrutura e o funcionamento do modelo de Economia Social de Mercado (ESM) da Alemanha a partir da II Guerra Mundial até as reformas de Schröder. Que de início deve-se aos interesses dos Estados Unidos e tem por complementação fatores internos. Tornando-o um modelo particular neste período exibindo um aspecto social que o diferencia de países de capitalismo liberal. Faz-se para isso o destaque de alguns dados e indicadores econômicos.

INTRODUÇÃO

A Alemanha, no período entre guerras, introduziu um modelo de capitalismo particular, que se consolidou após a II Guerra Mundial. Após sair como perdedora de ambas as guerras, em 1945, a nação foi divida pelos vencedores, reordenando-a em duas repúblicas antagônicas.  Do lado  oeste, a  República  Federal da  Alemanha (RFA) 2, capitalista, que será tratada de forma mais aprofundada neste texto e do lado socialista, a República Democrática Alemã (RDA).

Ainda que diante de um cenário desastroso, a organização do capitalismo da República Federativa Alemã retorna a crescer com um dinamismo extraordinário e com  particularidades institucionais  que  o  diferencia  dos  modelos  de  capitalismo liberal. A taxa de crescimento anual foi de 8,2% entre 1950-1960, 4,4% entre 1960-

1973   e   2,2%   de   1973-1980   (Coates,   2000,   p.   05).   Esses   dados   foram acompanhados de elevados salários, taxas de criminalidade de pobreza baixas, forte proteção previdenciária, assistência a saúde e um desemprego praticamente nulo.

Muitos fatores influenciaram para este desempenho, que serão apresentados neste texto.  A  Alemanha  se  beneficiou  de  imediato  pós  II  guerra  com  a  ajuda,  por[pic 1]

1 Graduanda em Ciências Econômicas pela Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) e bolsista do

Programa de Educação Tutorial (Pet)

2   No decorrer do texto o termo Alemanha será considerada como República Federativa Alemã.


estratégia, dos Estados Unidos com recursos e esforços na economia, além também de tecnologias e técnicas organizacionais.

Mas  o  que  interessa  destacar  é  a  particularidade  do  arranjo  econômico-social Alemão intitulado no conceito de Economia Social de Mercado (ESM), um modelo diferenciado no seu modo de conciliar os conflitos políticos, sociais e econômicos. Diferentemente do modelo de capitalismo liberal adotado, por exemplo, no Reino Unido e nos Estados Unidos, o capitalismo alemão conta com um forte papel das associações empresariais e de sindicatos.

A particularidade deste modelo foi coloca em risco a partir da década de 70 com dificuldades internas e gerais do capitalismo. Afetada diretamente também, com a queda do muro de Berlim em 1989 e a reunificação alemã. O modelo recebeu críticas, dos Estados Unidos e Reino Unido, por exemplo, que defendiam reformas no  sentido  do  capitalismo  liberal,  mas  os  alemães  se  recusaram  a  mudanças radicais, até que mudanças parciais foram feitas com o intuito de ajustar o modelo para o novo contexto mundial.

O objetivo deste artigo é explorar as particularidades do modelo, expondo sua consolidação e sua evolução a partir das dificuldades que surgiram nos anos 70. Sobretudo destaca-se a importância das associações e dos sindicatos e a resposta destes aos desafios esbarrados. Busca também mostrar as reformas de Schröder para situação do país que ainda carregava fortes traços do modelo.

O presente artigo está  dividido  em  três seções: a primeira  faz uma  análise da estrutura base, principalmente interna, e do funcionamento do modelo desde a reconstrução do capitalismo alemão pós II Guerra. É destacado aqui, o papel das associações empresariais, sindicatos, relação banco – indústria e treinamento dos trabalhadores. A segunda seção mostra a situação e as dificuldades enfrentadas a partir da década de 70 influenciados tanto pelo cenário mundial quanto o cenário interno e expõe também desafios deparados com a queda do Muro de Berlim e a reunificação alemã. A terceira seção traz por fim, as respostas aos impasses, com as mudanças parciais para o contexto mundial, e mostrar de forma sucinta as reformas sociais trazida por Schröder.


1.  ESTRUTURA BASE DA ECONOMIA SOCIAL DE MERCADO (ESM)

Completamente destruída pós Segunda Guerra Mundial, a Alemanha contou com fatores internos e externos para sua reconstrução política, social e econômica. Internamente dispôs de  quatro pilares principais: o forte papel das associações empresariais,  seguida  da  estreita  relação  dos  bancos  e  indústrias,  a  grande influência dos sindicatos com a presença árdua dos trabalhadores nas decisões e o processo de treinamento com a melhoria da qualidade do trabalho.

Quanto ao âmbito externo, sua reconstrução contou, logo de imediato com a influência maciça dos Estados Unidos utilizando as tecnologias e técnicas organizacionais, o que proporcionou que os recursos fossem centralizados na economia. Além também da supervisão de defesa externa alemã. Sobre a atuação norte americana, Raimundo (2009, p. 08) concluiu que:

A estratégia de dominação norte-americana, no entanto, não repetia os erros do período pós Primeira Guerra Mundial. A recomposição das sociedades européias deveria ser feita a partir de um princípio: o Estado dominador seria o estado norte americano e a reestruturação dessas sociedades deveria ser feita sob sua tutela e, na medida do possível, a partir de seu modelo liberal.

O modelo de capitalismo alemão assumiu, para alguns autores como Guimarães (2006, p. 25), um molde social. Que refletia nas decisões das empresas e dos trabalhadores junto a participação dos bancos.

A estabilidade da ESM se deu essencialmente pelos setores produtivos e o desempenho das associações estão ligadas em linha reta a estes setores. Tanto diretamente na produção,  por exemplo,  na  melhoria  da  qualidade  dos produtos quanto no coletivo das firmas. Além de gerar um cenário de confiança para as empresas e de diminuir as desconfianças em relação ao estado.

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