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Analise do Spread Bancario entre 1998 e 2008

Por:   •  19/11/2018  •  Artigo  •  8.007 Palavras (33 Páginas)  •  122 Visualizações

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ANÁLISE DO SPREAD BANCÁRIO NO BRASIL ENTRE 1998 E 2008

Orivânia Rodrigues de Oliveira[1]

Adriano Nascimento da Paixão[2]

RESUMO

No Brasil, a partir de 1999, puderam ser observados os efeitos decorrentes da adoção do regime de metas inflacionárias, da abertura e da integração ao mercado financeiro internacional e do câmbio flexível, que hoje lhe garantem uma conjuntura econômica mais estável. Desta forma, esperava-se que os spreads bancários convergissem para os níveis das taxas internacionais, no entanto, não foi isso que ocorreu. As elevadas taxas de juros dos empréstimos têm sido um dos principais fatores que impedem à expansão do crédito, consequentemente, a alavancagem do crescimento econômico, tendo em vista a relação crédito/PIB ser uma variável chave para o crescimento da economia de um país. Este trabalho tem por objetivo analisar os fatores que explicam o elevado spread bancário no Brasil, buscando aprofundar uma explicação sobre os determinantes macroeconômicos do mesmo. Para tanto, realiza-se uma análise econométrica com o intuito de identificar as variáveis macroeconômicas que podem influenciar o spread bancário no período compreendido entre 1998 e 2008. O trabalho apresenta evidências de que o nível da taxa básica de juros SELIC, a produção industrial, a alíquota do compulsório e uma variável dummy que avalia as mudanças ocorridas após o início do governo Lula são os principais fatores macroeconômicos que explicam o elevado spread bancário observado no Brasil.

Palavras-chave: Spread Bancário, Crédito Bancário, Economia Brasileira.

ABSTRACT

In Brazil, since 1999, could be observed the effects of adopting inflation targeting regime, openness and integration to international financial markets and flexible exchange rate, which today will ensure a more stable economic environment. Thus, it was expected that spreads converge to international levels of fees, however, this did not happen. The high interest rates on loans have been one of the main factors hampering the expansion of credit, therefore, leverage economic growth, in view of the credit to GDP ratio is a key variable for growth in the economy of a country. This paper aims to analyze the factors explaining the high banking spread in Brazil, seeking a deeper explanation of the macroeconomic determinants of it. To this end, we make an econometric analysis in order to identify the macroeconomic variables that may influence the banking spread in the period between 1998 and 2008. The paper presents evidence that the level of the Selic base interest rate, industrial production, the rate of reserve requirements and a dummy variable that assesses the changes after the beginning of the Lula government is the major macroeconomic factors that explain the observed high banking spread in Brazil.

Key words: Spread of Banking, Bank Credit, Brazilian Economy.

1. INTRODUÇÃO

Desde o final da década de 90, o Brasil tem apresentado um quadro conjuntural mais estável com estabilidade de preços, abertura comercial e incorporação ao mercado financeiro internacional e à adoção de um regime de câmbio flexível. Diante desse quadro esperava-se que o spread bancário - diferença entre as taxas de juros cobradas aos tomadores de empréstimos e paga aos aplicadores nos bancos - apresentasse uma redução expressiva, (Oreiro et al., 2006). No entanto, apesar de ter havido uma acentuada redução da taxa básica de juros a partir de 1999, o spread bancário continua bastante elevado em termos internacionais, situando-se em torno de 40% nos últimos anos (Banco Central, 2008)[3].

As elevadas taxas de juros dos empréstimos têm sido um dos principais fatores que impedem à expansão do crédito, consequentemente, a alavancagem do crescimento econômico, tendo em vista a relação crédito/PIB ser uma variável chave para o crescimento da economia de um país, já que países que possuem uma maior proporção dessa variável tendem a ter uma renda per capita mais elevada. Os elevados custos dos empréstimos bancários associado aos baixos volumes de crédito concedidos pelos bancos, dificultam o acesso de parte expressiva da população aos recursos oriundos dessas operações, tornando-se um obstáculo ao crescimento da economia do país (Troster, 2005).

Dada à importância do tema em questão no contexto atual, este trabalho se justifica no intuito de identificar os fatores macroeconômicos que influenciam o spread bancário no Brasil, assim como buscar sugerir medidas para redução do mesmo dado à restrição ao volume de crédito bancário concedido e seu impacto no nível de crescimento da economia brasileira.

O trabalho está dividido em cinco partes, além desta introdução, encontra-se a segunda parte, onde é realizada uma revisão de literatura sobre alguns conceitos importantes para a análise e sobre os determinantes do spread bancário no Brasil. A terceira parte, que apresenta os aspectos metodológicos que servem de base para o desenvolvimento da pesquisa. A quarta parte, onde mostra os resultados alcançados na análise. Na quinta e última parte, é feita as considerações finais e a conclusão do trabalho.

2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1 Sistema Financeiro Brasileiro

Para entender o spread bancário e seus determinantes, é essencial que se tenha conhecimento de como funciona o sistema financeiro nacional, principalmente no que tange aos bancos comerciais e suas fontes de receitas.

Fortuna (2008) conceitua o sistema financeiro nacional (SFN) como “um conjunto de instituições que se dedicam, de alguma forma, ao trabalho de propiciar condições satisfatórias para a manutenção de um fluxo de recursos entre poupadores e investidores” (p. 16).

Dentro desta abordagem, no que tange as instituições financeiras, a Lei de Reforma Bancária 4595/64, artigo 17, caracteriza-as da seguinte forma:

Consideram-se instituições financeiras, para os efeitos da legislação em vigor, as pessoas jurídicas públicas ou privadas, que tenham como atividade principal ou acessória a coleta, intermediação ou aplicação de recursos financeiros próprios ou de terceiros, em moeda nacional ou estrangeira, e a custódia de valor de propriedade de terceiros (Brasil, Lei nº 4595/64, art. 17).

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