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As Propriedades Essenciais dos Juros e do Dinheiro

Por:   •  22/11/2016  •  Resenha  •  1.533 Palavras (7 Páginas)  •  953 Visualizações

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Keynes Resumo - Teoria geral - cap.17 : As Propriedades Essenciais dos Juros e do Dinheiro

I.

Qual a peculiaridade que distingue o dinheiro de outros valores patrimoniais - onde reside a importância prática e por que devem os volumes da produção e do emprego depender mais estreitamente dela?

A taxa monetária de juros é a percentagem de excedentes de uma soma de dinheiro contratada para entrega futura. A diferença entre os contratos “a termo” e “a vista” depende desta taxa e é diferente para cada categoria de bens de capital. Sendo assim, não há razão para que as taxas de juros devam ser iguais para bens diferentes. A taxa específica de juros mais elevada é a que estabelece o parâmetro, sendo a monetária frequentemente a mais elevada. Do mesmo modo, a taxa de juros difere para duas moedas diferentes.

Para medir a eficiência marginal do capital cada uma das mercadorias-padrão oferece a mesma facilidade que a moeda, visto que o numerador e o denominador da fração que a exprime variarão na mesma proporção.

II.

Três atributos aos bens padrão (medidos em termos de si mesmos):

  1. rendimento q
  2. custo de manutenção c
  3. prêmio de liquidez l

A taxa de juros específica representa a retribuição total que se espera da propriedade de um bem durante um certo período e é dada portanto por q-c+l

Característica dos bens:

  • capital (instrumental ou de consumo): q>c e l desprezível
  • estoque líquido ou excedente de capital: c>>>q (não compensa) e l desprezível
  • moeda: q nulo, c insignificante, l substancial

A diferença essencial entre a moeda e todos os demais bens (ou a maioria) é que, no caso da moeda, o seu prêmio de liquidez excede de muito o seu custo de manutenção, ao passo que no dos outros bens seu custo de manutenção é muito maior que o prêmio de liquidez.

Para determinar as relações entre os rendimentos esperados dos diferentes tipos de bens, compatíveis com o equilíbrio, precisamos também conhecer as variações que se esperam em seus valores relativos durante o ano. A demanda dos possuidores de riqueza se orientará para a taxa monetária de juros de maior valor, então em estado de equilíbrio o preço de demanda de diferentes bens em termos de moeda serão iguais, tais que desaparecerá qualquer vantagem entre as alternativas. A escolha de padrão de valor não altera esta conclusão, porque a substituição de um padrão por outro modificará por igual todos os termos.

Os bens cujo preço normal de oferta é menor que o preço da demanda serão agora objeto de nova produção, e esses serão os bens que têm uma eficiência marginal maior que a taxa de juros. À medida que aumenta o estoque de bens cuja eficiência marginal era, a princípio, pelo menos igual à taxa de juros, essa eficiência marginal tende a baixar até o momento em que deixará de ser vantajoso continuar a produzi-los. Na verdade, a taxa de juros do bem, que declina mais lentamente à medida que o estoque de bens em geral aumenta, é a que, eventualmente, elimina a produção vantajosa de cada um dos outros. A dificuldade não consiste da escolha do padrão de valor e da sua taxa de juros, portanto.

 

III.

Ao atribuir uma significação especial à taxa monetária de juros, supõe-se que a moeda tem algumas características especiais que tornam a sua taxa específica de juros, expressa por meio de si mesma como padrão, mais resistente à baixa, quando a produção aumenta, que as taxas específicas de juros de qualquer outro bem expressas da mesma forma.

i) A moeda tem uma elasticidade de produção igual a zero, que se refere à resposta do volume de mão-de-obra dedicado a produzi-la diante de um aumento na quantidade de trabalho que se pode obter com uma unidade da mesma. Isto significa que a moeda não se pode produzir facilmente e a oferta de estoque é fixa, por isso a sua taxa específica de juros será relativamente refratária à baixa.

ii) Necessita-se uma segunda condição para distinguir a moeda de outros elementos de renda, cuja produção também é inelástica: ela tem uma elasticidade de substituição igual, ou quase igual, a zero, o que significa que, quando o seu valor de troca sobe, não aparece nenhuma tendência para substituí-la por algum outro fator. Isto decorre da particularidade de a moeda ter uma utilidade derivada apenas do seu valor de troca.

iii) Mesmo quando é impossível aumentar a quantidade de moeda desviando mais trabalho para sua produção, não necessariamente a sua oferta efetiva será absolutamente imutável.

Por diversas razões tomadas em conjunto com uma força decisiva, é muito provável que a taxa monetária de juros resista com frequência a baixar adequadamente:

  1. Efeitos que uma baixa na unidade de salários produz sobre as eficiências marginais dos outros bens em termos de moeda, pois é a diferença entre estas e a taxa monetária de juros que nos interessa
  2. O fato de serem os salários propensos à rigidez quando medidos em moeda, sendo o salário nominal mais estável que o real, tende a aumentar a propensão da unidade de salários a baixar em termos de moeda
  3. Características da moeda que satisfazem a preferência pela liquidez, sem custo de manutenção ao longo do tempo

O significado da taxa de juros monetária surge, da combinação de características que faz com que possa ser mais ou menos insensível a uma mudança na proporção que a quantidade de moeda guarda com outras formas de riqueza medidas em dinheiro e que este tem elasticidades nulas de produção, e que a moeda pode ter elasticidades nulas ou insignificantes de substituição.

Com exceção da moeda, um aumento da taxa monetária de juros retarda a produção de riquezas em todos os ramos em que ela é elástica, pois determina o nível de todas as demais taxas de juros de mercadorias e refreia o investimento para produzir essas mercadorias.

Mas o ponto focal do problema é a característica que torna o ouro especialmente adequado para servir de padrão de valor, a inelasticidade de sua oferta. Dada a propensão a consumir, o volume do investimento não pode ser aumentado quando a mais alta das taxas de juros específicas de todos os bens disponíveis, medidos por certo padrão, é igual à mais alta das eficiências marginais de todos os bens. Esta condição é satisfeita ou em pleno emprego ou  caso haja algum bem, a moeda, neste caso, cujas elasticidades de produção e de substituição sejam insignificantes e cuja taxa de juros decline, à medida que sua produção aumente mais lentamente que as eficiências marginais de bens de capital medidas em termos desse bem.

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