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Doença Holandesa e industrialização: O caso brasileiro

Por:   •  11/6/2018  •  Trabalho acadêmico  •  2.683 Palavras (11 Páginas)  •  248 Visualizações

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DOENÇA HOLANDESA E INDUSTRIALIZAÇÃO: O CASO BRASILEIRO

RESUMO

O artigo aborda a doença holandesa e a sua relação com a industrialização, dando ênfase no estudo do caso brasileiro. O principal objetivo deste trabalho é identificar os efeitos da doença holandesa na desindustrialização do Brasil, isso será feito apresentando do que se trata essa doença, qual a sua relação com o processo de industrialização de um determinado país em desenvolvimento e como ela é vista no Brasil. Por fim, são apresentados as conclusões do trabalho e a maneira pela qual acredita-se que essa doença possa ser combatida no caso nacional, visando um aumento na industrialização e na produção bruta do país.

1 INTRODUÇÃO

Em um contexto de forte crise econômica no Brasil, alguns pensadores têm abordado o tema da industrialização do país, principalmente do processo de queda da participação da indústria no produto nacional. Ao discutir os motivos da precoce desindustrialização brasileira, a doença holandesa é abordada como impulsionadora desse processo.

Para a maioria dos economistas, a doença holandesa pode ser definida da seguinte forma: uma falha de mercado, em um país que possui em abundância produtos de matéria prima, que os vende a preços baixos no mercado, aumentando suas receitas de exportação e assim valorizando sua moeda. Esse processo terá por fim o efeito de diminuição na exportação de produtos industrializados do mesmo país, uma vez que com a valorização de sua moeda os preços dos produtos da indústria se tornam maiores no mercado internacional (logo, menos competitivos). Dessa forma, o país sofre uma desindustrialização.

Além disso, para melhor compreensão do termo, vale-se ressaltar a sua origem. Essa falha de mercado ficou conhecida como doença holandesa porque surgiu pela primeira vez no mercado holandês, após a descoberta de reservas de gás natural no país. Isso gerou um aumento considerável na receita de exportação da Holanda, e como consequência sobrevalorizou o florim, moeda utilizada pelos holandeses na época, e derrubou as exportações dos produtos industrializados neerlandeses.

O objetivo desse trabalho é analisar a doença holandesa e seus efeitos sobre a industrialização, abordando principalmente suas particularidades no Brasil. Procura-se compreender o quanto esse efeito econômico influência no processo de desindustrialização do país e como, através de políticas macro e microeconômicas, reduz-se os efeitos desse fenômeno, neutralizando-o.

Esta análise será baseada no pensamento e na obra de Luiz Carlos Bresser-Pereira, economista, professor da Fundação Getúlio Vargas em São Paulo (FGV-SP), Ministro da Fazenda (1987) e Ministro da Administração e Reforma do Estado (1995 – 1998). Como referência também, os economistas e professores Nelson Marconi, da FGV-SP, e José Luís Oreiro, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Autores escolhidos pela dedicação e estudo sobre o tema abordado.

2 DESENVOLVIMENTO

2.1 A industrialização e a doença holandesa

Países que se industrializaram no século XIX, aumentaram consideravelmente sua produtividade. Aliaram alto nível de investimento e desenvolvimento técnico-científico. O resultado desse processo foi uma forte elevação da renda per capta e uma indústria altamente tecnológica. Tecnologia essa que pode ser aproveitada pelos mais diversos setores da economia, dentre eles o setor agropecuário e de serviços. Além disso, tais países passaram a contar com uma estrutura produtiva bastante diversificada.

Como resultado desse processo, passou a ocorrer um processo de terceirização, ou seja, de desindustrialização natural. O terceiro setor passa a ter uma participação considerável no Produto Interno Bruto (PIB). Esse é um fenômeno visto de forma positiva nos países desenvolvidos.

Porém, ao mesmo tempo em que o fenômeno de industrialização ocorre de forma natural e benéfica nos países centrais, nos países industriais da periferia, como o Brasil, tal efeito é perverso. Sendo um país de renda média, com uma produtividade baixa e um investimento tecnológico também baixo, a desindustrialização nesse caso, é precoce. Aparece como possível causa desse processo, a doença holandesa, podendo também não a ser.

Mais do que a importância do processo de industrialização, esse artigo tem como objetivo discutir as consequências do processo de doença holandesa, sendo a principal delas a desindustrialização. Como abordado anteriormente, países industriais, ricos em produtos primários, sofreram o processo de reprimarização da atividade econômica (Bresser, 2008). A comercialização de commoditys passa ser tão lucrativa que o país permite uma sobre apreciação da taxa de câmbio, tornando os produtos industriais menos competitivos e promovendo uma queda da participação da indústria na produção nacional.

Segundo Bresser-Pereira e Marconi (2009), para se medir a gravidade da doença holandesa é necessário comparar as taxas de câmbio de equilíbrio de uma economia. Podem-se classificar tais taxas em taxa de câmbio de equilíbrio industrial e taxa de câmbio de equilíbrio corrente. A primeira, diz respeito, ao nível do câmbio necessário para a viabilidade da atividade industrial. Já a segunda mede a taxa de câmbio que equilibra a balança comercial, de serviços e de rendas. As consequências dessa diferença entre taxas de câmbio de equilíbrio podem vir a constituir diferentes processos nos países industrializados e nos países não industrializados. Nos países cuja especialização produtiva é a indústria, esse fenômeno leva a uma desindustrialização.

2.2. Da industrialização à desindustrialização no Brasil

O Brasil, até a década de trinta, do século XX, figurava-se como uma economia agrário-exportadora. A monocultura do café era a principal atividade produtiva do país. Direcionado para a exportação, o café se

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