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Holanda o sentido da econômica

Por:   •  27/2/2016  •  Resenha  •  1.503 Palavras (7 Páginas)  •  220 Visualizações

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O Homem Cordial

Sergio Buarque inicia o capitulo fazendo uma distinção entre Estado e circulo familiar afirmando uma descontinuidade e até oposição existente entre eles.

Ninguém exprimiu com mais intensidade a oposição e mesmo a incompatibilidade fundamental entre os dois princípios do que Só- focles. Creonte encarna a noção abstrata, impessoal da Cidade em luta contra essa realidade concreta e tangível que é a família. (pag. 141).

O conflito entre Antígona e Creonte é de todas as épocas e preserva-se sua veemência ainda em nossos dias. Em todas as culturas, o processo pelo qual a lei geral suplanta a lei particular faz-se acompanhar de crises mais ou menos graves e prolongadas, que podem afetar profundamente a estrutura da sociedade. (pag.141-142)

Holanda faz comparações com as formas de trabalho e atribui a eles a característica de como se fosse uma família. “Nas velhas corporações o mestre e seus aprendizes e jornaleiros formavam como uma só família, cujos membros se sujeitam a uma hierarquia natural, mas que partilham das mesmas privações e confortos” (pag.142). E no moderno sistema industrial essas relações se desfazem pois os empregadores são separados do empregados nos processos de manufatura e diferenciando cada vez mais suas funções.

Para o empregador moderno — assinala um sociólogo norte- americano — o empregado transforma-se em um simples número: a relação humana desapareceu. A produção em larga escala, a organização de grandes massas de trabalho e complicados mecanismos para colossais rendimentos, acentuou, aparentemente, e exacerbou a separação das classes produtoras, tornando inevitável um sentimento de irresponsabilidade, da parte dos que dirigem, pelas vidas dos trabalhadores manuais (pag 142)

A crise que acompanhou a transição do trabalho industrial aqui assinalada pode dar uma idéia pálida das dificuldades que se opõem à abolição da velha ordem familiar por outra, em que as instituições e as relações sociais, fundadas em princípios abstratos, tendem a substituir-se aos laços de afeto e de sangue.(pag.143)

Com efeito, onde quer que prospere e assente em bases muito sólidas a idéia de família — e principalmente onde predomina a família de tipo patriarcal — tende a ser precária e a lutar contra fortes restrições a formação e evolução da sociedade segundo conceitos atuais. (pag 143-144)

O funcionalismo patrimonial pode, com a progressiva divisão das funções e com a racionalização, adquirir traços burocráticos. Mas em sua essência ele é tanto mais diferente do burocrático, quanto mais caracterizados estejam os dois tipos. No Brasil, pode dizer-se que só excepcionalmente tivemos um sistema administrativo e um corpo de funcionários puramente dedicados a interesses objetivos e fundados nesses interesses. ( pag 146).

a contribuição brasileira para a civilização será de cordialidade — daremos ao mundo o “homem cordial” .6 A lhaneza no trato, a hospitalidade, a generosidade, virtudes tão gabadas por estrangeiros que nos visitam, representam, com efeito, um traço definido do caráter brasileiro, na medida, ao menos, em que permanece ativa e fecunda a influência ancestral dos padrões de convívio humano, informados no meio rural e patriarcal. (pag 146).

No “ homem cordial” , a vida em sociedade é, de certo modo, uma verdadeira libertação do pavor que ele sente em viver consigo mesmo, em apoiar-se sobre si próprio em todas as circunstâncias da existência. Sua maneira de expansão para com os outros reduz o indivíduo, cada vez mais, à parcela social, periférica, que no brasileiro — como bom americano — tende a ser a que mais importa.(pag 147)

Finalizando Holanda faz uma exaltação dos valores cordiais. Que no domínio da linguística o modo de ser dos brasileiros empregam as terminações em "inho", os chamados diminutivos. E o caráter intimista e populariza do brasileiro com aversão a religião e a devoção que é explicável porque no ambiente que vivemos não é comum à reação de defesa, o brasileiro recebeu o peso das tradições portuguesas, que dificulta a incorporação normal a outros agrupamentos. Por isso que as características impessoais do Estado reduz o padrão pessoal e afetivo do homem brasileiro.

Novos Tempos

Aqui nesse capitulo Holanda se inicia falando sobre nossa aptidão para o social, e afirma que estamos bem longe de estabelecer  um fator apreciável de ordem coletiva e que dessa forma relutamos em aceitar um princípio superindividual de organização e que o próprio culto religioso se torna entre nós excessivamente humano e terreno, toda a nossa conduta ordinária denuncia, com frequência, um apego singular aos valores da personalidade configurada pelo apego  doméstico.

Fala de nossa insensibilidade perante aos nossos semelhantes quanto a lei geral, pois ao contrariar  nossas  afinidades sentimentais, ficamos apenas  atento apenas ao que nos  diferencia dos outros e do resto do mundo. E muito raramente  nos aplicarmos assiduamente a um objeto exterior. Somos adversos a atividades demoradas e monótonas, desde a criação da bela arte até às artes servis, em que fiquemos subordinados decididamente em um mundo diferente do nosso, ou seja, a personalidade individual dificilmente suporta ser comandada por um sistema exigente e disciplinador. Brasileiros intelectuais possuem maior  facilidade de se alimentarem, ao mesmo tempo, de doutrinas com variadas diferenças e simultaneamente sustentarem diferentes convicções. 

Em relação ao trabalho Holanda ressalta nossa busca pela satisfação. ”As atividades profissionais são, aqui, meros acidentes na vida dos indivíduos, ao oposto do que sucede entre outros povos, onde as próprias palavras que indicam semelhantes atividades podem adquirir acento quase religioso”.

As nossas academias diplomam todos os anos centenas de novos bacharéis, que só excepcionalmente farão uso, na vida prática, dos ensinamentos recebidos durante o curso. A inclinação geral para as profissões liberais, que em capítulo anterior já se tentou interpretar como aliada de nossa formação colonial e agrária, e relacionada com a transição brusca do domínio rural para a vida urbana, não é, aliás, um fenômeno distintamente nosso, como o querem alguns publicistas.(pag.156)

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