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Pensamento Social do Brasil

Por:   •  21/8/2016  •  Artigo  •  2.331 Palavras (10 Páginas)  •  415 Visualizações

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Flávia Teles dos Santos - RA 155397 - Turma HZ555 A - Pensamento Social do Brasil

2 - Considerando a bibliografia discutida e indicada em aula, usando os trechos selecionados como guia, comente a visão dos autores em relação ao papel desempenhado pela colonização e seus desdobramentos na formação nacional.

O Brasil é como diria Francisco de Oliveira um verdadeiro ornitorrinco, onde “o arcaico e modernos convivem em perfeita desarmonia” no mesmo espaço, no mesmo corpo, onde convive o passado e o presente, o moderno e o atraso, o urbano com os valores do rural, onde a passagem para o capitalismo não se deu por meio de uma revolução burguesa que solapasse os valores oligárquicos do grande latifúndio, pelo contrário se manteve arraigado na nossa formação. O ornitorrinco é a presença de valores opostos que convivem e se alimentam, é a funcionalização do atraso na modernidade. A formação social do Brasil é portanto marcada por um sistema de antagonismos, e é preciso buscar na história da colonização seu embrião e seu sentido e saber como esses antagonismos vão se articulando historicamente. No ano de 2016, o cenário político brasileiro nos traz de forma ainda mais viva e necessária a discussão da formação nacional do Brasil e a busca por entender como se formou esse “bicho estranho”.

Observando-se o Brasil de hoje, o que salta à vista é um organismo em franca e ativa transformação e que não se sedimentou ainda em linhas definidas; que não “tomou forma”. É verdade que em alguns setores aquela transformação já é profunda, e é diante de elementos própria e positivamente novos que nos encontramos. Mas isso, apesar de tudo, é excepcional. Na maior parte dos exemplos, e no conjunto, em todo caso, atrás daquelas transformações que às vezes nos podem iludir sente-se a presença de uma realidade já muito antiga que até nos admira de aí achar e que não é senão aquele passado colonial” (página 9)

No século XV, Portugal se desenvolve como um dos agentes mais importantes do comércio europeu, e a localização no extremo da península favorece a sua configuração como uma grande potência colonial voltada ao mar e portanto precursor das grandes navegações que teve o descobrimento da América como consequência, a descoberta de novos territórios é assim parte de uma evolução do comércio europeu, com o objetivo de expandir os domínios para territórios em que se pudesse explorar novas mercadorias com baixa concorrência comercial. Mas o objetivo de povoar os territórios descobertos, criando novas sociedades, não estava colocado de início a nenhum dos países europeus que se lançaram ao mar, pelo contrário, a pequena população portuguesa não tinha condições de povoar outros espaços do globo. Mas na América a forma de exploração para o comércio se apresentou de forma diferente, nada aqui parecia interessante aos olhos dos comerciantes europeus de início e para aproveitar o imenso território conquistado era necessário criar uma estrutura que organizasse a produção do que era possível para abastecer o comércio europeu. Só é a partir dessa perspectiva que surge a ideia de povoar esse continente. O português foi o primeiro que permaneceu na terra conquistada e nela implementou um sistema de exploração baseado na agricultura, na grande lavoura e para isso utilizou do trabalho indígena e mais tarde do trabalho escravo do negro africano.

Caio Prado Júnior busca em seu livro “Formação do Brasil Contemporâneo” a orientação pela qual o povo brasileiro se desenvolveu, o sentido dado pelos que aqui chegaram e implementaram o processo de colonização, e como podemos percebê-lo na formação do Brasil, sua preocupação é em relação aos aspectos que circundam a colonização, a sua inspiração, suas condições e consequências. A forma de colonização que se apresentou nas zonas tropicais, foi distinta do que se configurou na zona temperada, em que os colonos vieram de uma Europa atribulada por diversos conflitos políticos e religiosos e fizeram suas vidas no novo continente. Na zona tropical, as condições naturais não eram chamativas para os colonos europeus habitarem, já que era diferente do que estavam acostumados, mas de qualquer forma era necessário expandir o comércio europeu e era atraente as possibilidades de cultivo que o novo continente poderia trazer. Nesse sentido, Gilberto Freyre em “Casa Grande & Senzala” traça a grande capacidade de adaptabilidade do português à colônia, como um dos elementos de sucesso para a colonização. A origem étnica e cultural de influência africana e europeia, graças a relação com os mouros, dava ao português uma certa flexibilidade em se adaptar aos trópicos, o que fez com que se atenuassem as diferenças da América para a Europa, contribuindo para o equilíbrio de antagonismos na colonização e formação do Brasil, o português tinha uma grande capacidade de mobilidade o que favoreceu as possibilidades de expansão comercial, e de trânsito pelos quatro cantos do globo, outro aspecto importante para Freyre nessa adaptação dos portugueses aos trópicos é a miscibilidade, a capacidade de reprodução em qualquer sociedade, violentamente e calculadamente, os portugueses tiveram relações sexuais com as mulheres indígenas e com as negras africanas, o que supria em certo sentido a pouca quantidade populacional nas colônias, essa miscibilidade apresentava uma forte sexualização da mulher negra jovem, que era envolvida em um misticismo sexual dos portugueses, os portugueses para ele não trazem consigo separatismos, favorecendo essa miscigenação e a não preocupação com questões raciais. Outra circunstância importante nessa adaptação foi a aclimatabilidade do português, que por ter o clima mais aproximado dos trópicos não tiveram muitos problemas, como os europeus do norte. Portanto, é para Freyre nas qualidades do homem português que já era híbrido na sua formação entre a Europa e a África que reside os elementos para entender o porquê foram os portugueses que conseguiram estabelecer uma colônia no Brasil e que teve alcances para além do ponto de vista econômico, formando a partir do branco europeu, do indígena e do negro africano um povo completamente novo, é na figura positiva que Freyre dá ao português que se estabelece as bases para a criação de uma sociedade híbrida.

Assim, foram dois tipos de colonização que se formaram entre a zona temperada e a zona tropical, a primeira se configurou as colônias de povoamento e se formou uma sociedade refletida na dos países europeus, com hábitos e costumes parecidos, como uma extensão da Europa, a segunda foi a colonização do tipo de exploração, aqui se formou uma sociedade completamente

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