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RESENHA DO LIVRO: O POVO BRASILEIRO

Por:   •  15/6/2015  •  Pesquisas Acadêmicas  •  7.779 Palavras (32 Páginas)  •  823 Visualizações

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Resenha do Livro:

O POVO BRASILEIRO

Darcy Ribeiro

Porque o povo brasileiro ainda não deu certo? Darcy Ribeiro ao voltar do exílio queria responder essa pergunta, e depois de 30 anos terminou a sua obra  mais elaborada, essa obra é uma tentativa de nos fazer compreender isso.

 

  1. O Novo Mundo

  1. Matrizes Étnicas

Ilha Brasil:

Ao longo do tempo, a costa atlântica foi disputada e ocupada por vários povos indígenas, onde eles disputavam os melhores nichos ecológicos. Mas porém, nos últimos séculos, os índios de fala tupi se instalaram lá, tanto pela costa como também subindo os principais rios, pelo Amazonas acima.

E desse modo se configurou a Ilha Brasil, por várias tribos, que falavam a mesma língua, e cada uma, ao crescer se dividia, fazendo outros dois povos, que ao longo do tempo se desconheciam e se hostilizavam.

Só que tudo isso mudou quando entrou em cena um novo personagem: o europeu. O conflito entre o índio e o europeu se deu em vários níveis, mas principalmente no biótico, como uma guerra bacteriológica travada pelas pestes que o branco trazia no seu corpo, e eram mortais para a população indene. No ecológico, pela disputa de território, de suas matas e riquezas. No econômico e social pela escravização do índio, pela mercantilização das relações de produção.

No plano étnico-cultural, esse encontro vai criar uma nova etnia, que unifica a língua, os costumes, dos índios, dos negros trazidos da África e do europeu, e aí surge o brasileiro.

Matriz Tupi:

Os grupos indígenas encontrados no litoral pelo português eram principalmente tribos de tronco tupi, que se instalaram lá faz tempo e ainda estavam desinstalando antigos ocupantes de outras matrizes culturais. Eram aproximadamente 1 milhão de índios, divididos por várias tribos, e cada uma entre 300 a 2000 habitantes.

Eles davam os primeiros passos com a agricultura, juntamente com outros povos domesticaram plantas. Entre elas a mandioca, o que foi extraordinário, porque era uma planta venenosa, a qual eles a tratavam adequadamente e extraiam dela o ácido cianídrico, a tornando comestível. A agricultura os davam fartura alimentar e uma grande variedade de matérias primas, condimentos, venenos e estimulantes.

Apesar de falarem a mesma língua e assim poderem serem classificados em uma macroetnia, os índios de tronco tudo nunca puderam se unificar. Mesmo contra um mesmo inimigo comum: o europeu, só conseguiram estruturar efêmeras confederações regionais, que logo acabavam.

Os índios jamais estabeleceram uma paz estável com o invasor, exigindo dele um esforço contínuo, ao longo do tempo, para dominar cada região. Durante as guerras, o índio nem sabia pelo que estava lutando, simplesmente eram atiçados pelos europeus, atiçando a sua agressividade recíproca.

Depois de cada vitória contra outros indígenas ou o invasor europeu, tomavam prisioneiros para os cerimoniais de antropofagia, e se derrotados, depois disso, procuravam escapar.

As cerimônias de antropofagia consistiam em sacrificar um guerreiro, e todos da tribo o devoravam. Não se comia um covarde. Eram também uma expressão de atraso. Comiam seus prisioneiros da guerra devido o seu rudimentar sistema produtivo, o prisioneiro rendia pouco mais do que consumia, e isso não era suficiente para ele virar escravo.

Muitos outros povos indígenas tiveram papel na formação do povo brasileiro como: os Bororo, Xavante, Kayapó, Kaingang e os Tapuia em geral.

A Lusitanidade:

Diferente dos povos que aqui se encontravam, todos eles estruturados em tribos autônomas, autárquicas e não divididas em classes, os invasores eram a presença local avançada de uma vasta civilização urbana.

Outro coordenador poderoso era a Igreja católica, que julgava, condenava, encarcerava e até queimava vivo os hereges, e ousados.

No conjunto do conglomerado de entidades que competiam pelo Brasil, se destacava primeiro a Espanha, e depois a contrapostas a Portugal, Inglaterra e a Holanda.

Nesse processo foram extintos milhares de povos, com suas línguas e culturas próprias e singulares, que deram lugar as macroetinias maiores e mais abrangentes que já se viu. A expansão se dava pelo processo civilizatório da Espanha e Portugal que pretendiam juntar todos os homens em uma só cristandade, lamentavelmente dividida em duas caras, a católica e a protestante.

1.2. O Enfrentamento do Mundo

As opostas visões:

Para os índios, o europeu seria gente de seu sol criador, Maíra. Provavelmente seriam pessoas generosas, já que em seu mundo era mais belo dar do que receber, mas não tinha como saber ao certo. Só que maiores foram, provavelmente, a esperança do que os temores daqueles primeiros índios. Tanto é que muitos deles embarcaram nas naus confiantes, crendo que seriam levados a Terras sem Males, morada de Maíra. Sendo tantos deles, o índio passou a ser, depois do pau-brasil, a principal mercadoria de exportação para a metrópole.

Mas nos anos seguintes, os índios começaram a ver o male que caiu sobre eles. Maíra seu deus estaria morto?

Com a destruição das bases da vida social indígena, a negação de todos os seus valores, muitos índios preferiram morrer do que viver. E sobre esses índios flagelados caiu a pregação missionária.

Tiveram povos que conseguiram fugir mata adentro, horrorizados com o destino que era oferecido a eles pelos brancos, e muitos deles levaram em seus corpos as enfermidades que os dizimariam, e dizimariam os outros povos que eles se contatassem.

Para os índios que estavam nus na praia, o mundo era um luxo de se viver, na sua concepção sábia e singela, a vida era dádiva de deuses bons, que doaram para eles esplêndidos corpos. Não entendiam a necessidade que os oriundos das terras além do mar tinham de acumular tudo, de se afanar tanto em seus afazeres.

Os recém-chegados eram gente com experiência, gente prática. O mundo que eles entravam era a arena de seus ganhos em ouros e glórias. Aos olhos deles, os índios eram vadios, vivendo uma vida inútil e sem pestança. Não produziam nada, não acumulavam nada. Viviam suas fúteis vidas fartas, como se neste mundo só lhes coubesse viver. Mas em sua perspectiva, muito ao contrário, a vida era uma tarefa, uma sofrida obrigação, que a todos condenava o trabalho e tudo subordinava o lucro.

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