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Resenha: Brasis Sulinos – Gaúchos, Matutos e Gringos – do Livro O Povo Brasileiros

Por:   •  24/8/2016  •  Resenha  •  1.171 Palavras (5 Páginas)  •  3.601 Visualizações

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Universidade Federal de São João del-Rei - UFSJ

Laís Araújo Morais

Resenha: Brasis Sulinos – gaúchos, matutos e gringos – do livro O Povo Brasileiros – A formação e o sentido do Brasil, de Darcy Ribeiro

São João del-Rei

2016

No ensaio histórico-antropológico O Povo Brasileiro – A formação e o sentido do Brasil, Darcy Ribeiro aponta em capítulos, um dos mais importantes estudos sobre a miscigenação do Brasil. No capítulo Brasis Sulinos – gaúchos, matutos e gringos, ele aponta de forma clara e objetiva como se deu a expansão na região sul do Brasil com a chegada dos paulistas na região antes dominada pelos espanhóis. A partir da ocupação de lavradores de origem principalmente açoriana, de gaúchos e de imigrantes europeus, criou-se uma homogeneização, o que diferencia suas características das outras regiões conformadas pelos paulistas.

A civilização sulina surge por meio das missões jesuítas espanhóis, que iniciam a principal ideia de república cristã-guaranítica, que diferentemente das civilizações propostas por portugueses e espanhóis, pensa no índio como fator relevante a civilização, e não somente como mão-de-obra. Esse pensamento trouxe além de motivação e disciplinas aos índios, causou fúria aos paulistas, fazendo com que aproveitassem da disciplinada dada aos índios para escraviza-los, mas de forma menos trabalhosa, e inveja da metrópole, fazendo com que a Companhia de Jesus fosse expulsa.

De extrema importância para a região, a criação de gado pelos gaúchos - segundo Ribeiro, surgem a partir das relações de portugueses e espanhóis com índias guaranis – acaba passando por altos e baixos após a crise do ouro, que era utilizado também para investimento na região. Neste período, para compensar a falta de recursos financeiros os sulinos aprenderam a técnica do charque com produtores cearenses.

Ribeiro diz que aquela imagem do gaúcho montado em um cavalo brioso, com bombacha, botas, sombreiro, pala vistosa, revolver, adega, dinheiro na guaiaca, boleadeiras, lenços no pescoço, faixa na cintura e esporas chilenas, não passa de folclore, e que o “novo gaúcho” é um peão que cuida do gado, mal pago, que come menos e vive maltrapilho, mas que apesar disso é um privilegiado em comparação aos que vivem em terrenos baldios, denominados “gaúchos-a-pé”.

A expansão na criação de gado se dá uma vez que é introduzido maiores cuidados e estudos na reprodução das raças, nos cuidados zootécnicos e na melhoria da pastagem. Conquistando, através disso, maiores áreas para o manejo bovino.

Os açorianos vieram para o Sul do Brasil trazendo na bagagem seu estilo de vida. Influenciados pelos portugueses com promessas das riquezas existentes aqui, que não eram possíveis em sua terra de origem. O objetivo dessa colonização era operar como uma retaguarda nas fronteiras e introduzir um núcleo permanente para justificar a apropriação da área contra o governo espanhol. Alguns grupos se fixaram nas margens do Rio Guaíba e outros nas faixas litorâneas de Santa Catarina. Essa colonização foi um fracasso, para o plano econômico do país. A medida que viviam nas áreas sulistas, se apropriaram do modo de vida matuto, se tornando menos açoriano e mais indígena, plantando e colhendo seus próprios alimentos de subsistência. Inicia assim, o movimento mercantil que deu visibilidade aos vilarejos daquela época que se integrou dentro do sistema econômico região. A contribuição para a cultura neobrasileira foi nula, pois já não se podia absorver mais nada do patrimônio português, que já estava saturado. Mas, houve grande influência na cultura regional e seu papel foi importantíssimo na linguística que foi aportuguesada e no abrasileiramento cultural, do qual, se queria naquelas fronteiras para a constituição do poder português.

    As terras doadas aos açorianos ganharam maior valorização com o surgimento de mercados regionais, que constituem hoje, as zonas de latifúndios e minifúndios. São os últimos numa economia de subsistência e os primeiros na economia de fazenda. Os matutos tornaram-se parceiros rurais das fazendas, com características caipiras passando a fundar mais uma reserva nacional de mão-de-obra com formas não assalariadas de relação de trabalho. Os outro que não se engajaram nesse sistema, emigraram para a massa da população sulina marginalizada. Alguns desses matutos, ampliando o mercado nacional, se especializaram em novas atividades produtivas, como pescadores da costa e de mineiros de carvão do interior.

     Há também aquelas massas gaúchas e matutas marginalizadas que se firmaram numa cultura de pobreza. Vivem em ranchos, que constroem com suas próprias mãos, com diversos matérias humildes, como barro e capim nas zonas rurais e papelão e restos de chapas metálicas nas zonas suburbanas em lugar de casas de alvenaria, com artefatos de cerâmicas.  

     Os matutos eram analfabetos no sistema letrado de comunicação, sendo que a sociedade já era integrada nesse sistema. Houve então, uma homogeneização cultural que foi processada pela pobreza que tinha costumes reduzidos e pela distinção dos modernos meios de comunicação. Essa homogeneização era para eles, o enfrentamento da ordem social responsável pela progressão do sistema de vida das parcelas integradas nos setores modernizados.

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