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Resumo a transição do feudalismo para o capitalismo

Por:   •  2/4/2019  •  Resenha  •  2.594 Palavras (11 Páginas)  •  280 Visualizações

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Segundo Paul Sweezy, Dobb define o Feudalismo como “Uma obrigação imposta ao produtor pela força, independentemente de sua vontade, no sentido de cumprir certas exigências econômicas de um senhor, quer sob a forma de serviços a serem prestadas ou de tributos a serem pagos em dinheiro ou espécie". Sweezy não concorda com está definição, mediante ao fato de que as formas de servidão podem existir em sistemas que nada têm de feudal; e mesmo como relação dominante de produção, a servidão tem estado associada com diferentes formas de organização econômica em diferentes época e em diferentes regiões, em uma carta de Engels para Marx ele disse “Certamente servidão e dependência não são uma forma específica medieval-feudal, encontramo-la em toda parte ou quase toda parte onde os conquistadores fizeram os antigos habitantes cultivarem terras para eles”, portanto a definição de Dobb é demasiadamente genérica para ser aplicável diretamente ao estudo de uma região determinada num período determinado.

Dobb usou como base o feudalismo da Europa Ocidental, decorrente deste fato houve generalizações dúbias, ele traçou um esquema conciso de suas características mais importantes, porém ele refere-se a um sistema com essas características como sendo a forma ‘’clássica’’ de feudalismo , mas se tratava da forma típica da Europa Ocidental.

Seguindo a descrição de Dobb, o feudalismo europeu ocidental pode ser definido como um sistema econômico no qual a servidão é a relação de produção predominante, e em que a produção se organiza no interior e ao redor da propriedade senhorial, esta definição não implica "economia natural" ou ausência de transações ou cálculos com moedas. O que está implícito é que os mercados na maioria são locais, e que o comércio a longa distância, ainda que não necessariamente ausente, não desempenha papel decisivo nos objetivos ou métodos de produção, a característica básica do feudalismo, neste sentido, é tratar-se de um sistema de produção para uso, tudo é planejado para obter a satisfação da comunidade. Como foi dito por Marx em O capital, "é claro... que em qualquer formação econômica da sociedade onde predomina não o valor de troca mas o valor de uso de produto, o trabalho excedente será limitado por um certo conjunto de necessidades que poderão ser maiores ou menores, e então a natureza da produção em si não gerará um apetite insaciável de trabalho excedente". Resumindo, não existirá a pressão que se manifesta no capitalismo para a contínua melhoria dos métodos de produção.

Porém não podemos concluir que tal sistema seja necessariamente estável ou estático, um dos fatos que podem causar a instabilidade é a competição entre os senhores por terras e vassalos, os quais constituem, somados, os fundamentos do poder e do prestígio, isso gera um estado de guerra mais ou menos constante, e resulta na insegurança de vidas e bens, más ao invés de revolucionar os métodos de produção como a competição capitalista, apenas reforça a dependência mútua do senhor e dos vassalo. Fortalecendo as estruturas básicas das relações feudais, os conflitos armados feudais conturbam, empobrecem e exaurem a sociedade, mas não tendem a transformá-la.

O feudalismo europeu ocidental, apesar da instabilidade e insegurança crônicas, foi um sistema com forte tendência em favor da manutenção de certos métodos e relações de produção. Creio que se justifica dizer dele o que Marx disse da Índia antes do período de domínio inglês: "Todas as guerras civis, invasões, revoluções, conquistas, fome... não penetraram além da superfície". Portando se Dobb tivesse levado na devida conta esse caráter inerentemente conservador e imobilista do feudalismo europeu ocidental, ele teria sido obrigado a alterar a teoria que apresenta para explicar a desintegração e o declínio da baixa Idade Média.

Sobre o declínio do feudalismo, Dobb não nega a importância deste processo: "É por demais evidente que ele se relaciona com as mudanças que foram tão marcantes no final da Idade Média" Mas considera essa explicação inadequada, pois não vai ao fundo da questão do impacto do comércio sobre o feudalismo. Se examinarmos o problema mais de perto, argumenta ele, verificaremos que "de fato, parece haver evidência igual de que o crescimento da economia per se levou a uma intensificação da servidão, como de que ele foi a causa da declínio do feudalismo", Dobb propõe que, se o único fator a influir na Europa ocidental tivesse sido a ascensão do comércio, o resultado tanto poderia ter sido uma intensificação como uma desintegração do feudalismo, outros fatores podem também ter causado o declínio, e podem ser encontrados no interior da própria economia feudal, as provas não conclusivas e nem abundantes, más as já existentes indicam fortemente que foi a ineficiência do feudalismo como sistema de produção, somada às crescentes necessidades de receitas por parte da classe dominante, a responsável principal pelo seu declínio; uma vez que essa necessidade de receitas adicionais provocou um aumento na pressão sobre o produtor até um ponto em que ela se tornou literalmente intolerável.

Então de acordo com a teoria de Dobb a causa fundamental do colapso do feudalismo foi a superexploração da força de trabalho.

Apesar de Sweezy considerar inaceitável a teoria de Dobb sobre o declínio do feudalismo, ele acredita que ele trouxe uma importante contribuição para a solução do problema. Dobb não conseguiu abalar aquela parte da teoria comumente aceita que sustenta ser o crescimento do comércio a causa principal do declínio do feudalismo. Ele mostrou, porém, que o impacto do comércio sobre o sistema feudal foi mais complicado do que em geral se imagina: é demasiado simplista a idéia de que o comércio e "economia monetária" são a mesma coisa, e que esta é um solvente natural das relações feudais.

O principal conflito, nesse caso, não é entre "economia monetária" e "economia natural", mas entre produção para o mercado e produção para uso. Precisamos descobrir o processo pelo qual o comércio engendrou um sistema de produção para o mercado, para depois comprovar o impacto desse sistema sobre o sistema feudal preexistente de produção para uso. Qualquer economia que não seja a mais primitiva requer certo grau de comercialização. Assim, os mercados aldeões locais e os bufarinheiros da Idade Média na Europa serviram antes de esteios que de empecilhos à ordem feudal: satisfizeram necessidades básicas sem que, pelo montante, pudessem afetar a estrutura das relações econômicas. Quando o comércio começou a expandir-se no século x, foi na

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