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Ponto De Partida

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Por:   •  10/5/2013  •  516 Palavras (3 Páginas)  •  876 Visualizações

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As Necessidades Naturais segundo a sociologia

Não Há necessidades naturais para o ser humano. Toda sociedade cria um conjunto de necessidades para seus membros e lhes ensina que a vida não vale a pena ser vivida a não ser que estas necessidades sejam bem. ou mal "satisfeitas". Qual é a especificidade do capitalismo quanto a isso? Em primeiro lugar, é que o capitalismo só conseguiu surgir, manter-se, desenvolver-se, estabilizar-se (apesar das e com as intensas lutas operárias que dilaceraram sua história) colocando no centro de tudo as necessidades econômicas. Um muçulmano ou um hindu deixará de lado o dinheiro durante toda a sua vida para fazer uma peregrinação a Meca ou a algum templo nas montanhas; para ele tratase de uma necessidade. Não o é para um indivíduo fabricado pela cultura capitalista: essa peregrinação é uma superstição ou uma fantasia. Mas para este mesmo indivíduo não é superstição ou fantasia, e sim uma "necessidade" absoluta, ter um carro, ou mudar de carro a cada dois anos, ou ter uma televisão em cores.

Em segundo lugar, e neste ponto um teórico como Marx, por exemplo, estava absolutamente equivocado, o capitalismo consegue satisfazer, bem ou mal, essas necessidades que cria. Falando brevemente, esta sociedade funciona porque as pessoas têm que ter um carro e, em geral podem tê-lo e podem comprar gasolina para esse carro. Eis por que

é preciso compreender que uma das coisas que poderiam pôr abaixo o sistema social do Ocidente não é a "pauperização" dos trabalhadores, mas sim, por exemplo, o fato de que os governos não possam mais fornecer combustível para os automóveis.

A crise da energia, assim, só tem sentido como crise deste modelo presente de sociedade. É esta sociedade, produzida pelo Ocidente e pelo capitalismo - e que mesmo os países pretensamente "socialistas" do Leste procuram imitar -, que tem necessidade, a cada ano, de 10% de petróleo ou de energia a mais para poder continuar girando. Isso quer dizer que a chamada crise da energia é, antes de mais nada, crise desta sociedade. 0 que o movimento ecológico é toda a concepção, toda a posição das relações entre a humanidade e o mundo e, finalmente, a questão central e eterna: 0 que é a vida humana? Vivemos para fazer o quê?

Para esta questão já existe uma resposta e nós a conhecemos: é a resposta capitalista. A mais bela e concisa formulação do espírito do capitalismo é o enunciado pragmático de Renê Descartes: " Atingir o saber e a verdade para nos tornarmos senhores e possuidores da natureza". Observem também que sobre essa idéia absurda se fundam tanto o capitalismo quanto a obra de Marx e o marxismo. Ora, o que aparece através do movimento ecológico é que certamente nós não queremos ser senhores e possuidores da natureza. Em primeiro lugar, porque é um projeto absurdo. E, em seguida, porque queremos uma outra relação com a natureza e com o mundo; e isso quer dizer um outro modo de vida e outras necessidades.

Adaptado de: Castoríadis, Comelius. Luta antinuclear, ecológica e política. Em: CASTORIADIS, C. e COHN-BENEDIT,D. da Ecologia à autonomia. São Paulo, Brasilienese, 1981. P.14-33.

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