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Por:   •  6/11/2013  •  1.737 Palavras (7 Páginas)  •  375 Visualizações

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Análise semiótica do filme “Ensaio Sobre a Cegueira” do autor Fernando Meirelles baseado na obra, (Ensaio Sobre a Cegueira) do escritor José Saramago.

BRUMADO

2009

O filme “Ensaio Sobre a Cegueira” do autor Fernando Meirelles baseado na obra, que possui o mesmo nome (Ensaio Sobre a Cegueira) do escritor José Saramago, traz muitos questionamentos complexos a respeito de nós mesmos e sobretudo da nossa sociedade, gerando várias interpretações diferentes para a cegueira dos personagens, pois o signo lingüístico constitui o único meio de representar subjetivamente o mundo em sua volta.

Assim, a realidade da vida cotidiana não é cheia unicamente de objetivações, porém somente é possível por causa delas, pois estamos constantemente envolvidos por objetos que proclamam as intenções subjetivas de nossos semelhantes. A partir daí, nota-se que a representação de determinada situação da realidade é colocada de acordo com a subjetivação humana. Como podemos observar no filme: um dos personagens chega à conclusão de que o personagem de Gael Garcia Bernal é negro, simplesmente pela forma que ele se comporta, deixando transparecer a visão – sem trocadilhos – preconceituosa que ele tem do ser humano. E o mais irônico é que ele faz este comentário a um de seus colegas de quarentena no qual confia: um negro.

As linguagens estão no mundo e nós estamos na linguagem, vivemos em uma sociedade completamente dependente da visão, onde tudo é imagem. Somos cercados e bombardeados por imagens de todos os tipos, e não satisfeitos, queremos ver mais e mais, mesmo onde não é possível. Porém somos incapazes de imaginar determinadas coisas sem enxergá-las, e mesmo representações de elementos não-visuais são feitas de forma visual, como o som. Com isso, pode-se dizer que a “cegueira branca” representada no filme seria um excesso de visão. As pessoas não estão deixando de enxergar: estão enxergando demais. Estão vendo tanto que deixam de ver. Quando não tem essas imagens, tentam recriá-las.

O filme ensaios sobre a cegueira está carregado de significações em que os seres humanos vão aproximando-se de comportamentos animalescos e brutais, mas ainda há renúncia em nome da alteridade, do pares. E ainda existe linguagem. Ainda existe palavra que sustenta a condição humana. A capacidade de amar e reconhecer o outro como um outro. A partir disso o olho da razão ilumina as coisas e lança o desejo nas trevas. Portanto precisamos distinguir o olhar da visão. O olhar é fixar a vista num detalhe, num aspecto particular daquilo que estamos vendo. Ver é ver o mundo que está diante de nós. Enquanto o olhar se apresenta em sua singularidade simbólica, mostrando pertencer a uma ordem que radicalmente é outra, o ver se passa entre imagens reconhecíveis.

Com a visão parcial dos olhos, os personagens passam a ter uma imagem projetada pelo inconsciente, levando o leitor a reflexão de que a consciência de que muitas coisas que entram pela visão, podem ofuscar cegar, deixando de ver, descobrindo que o caminho do olhar está bem mais além do visto.

No filme percebemos as diversas noções de realidade e o que realmente é o real para o indivíduo e até que ponto somos capazes de perceber as coisas tal qual elas são. Com a visão de um sobre o outro o cotidiano é afetado pelo medo e julgamento dos outros, vivemos em função de imagens propriamente dita, aquilo a ser percebido, quando não se há essa percepção, essa imagem a ser vista, percebemos o ser humano de outra forma, a não ser pela imagem obtida extremamente pela visão.

O velho da venda preta é um personagem que, simbolicamente, representa aquele que possui sabedoria e poder de análise, ao refletir a respeito da cegueira e do caos instalado. Além da velhice, que lhe acumula experiência, o personagem usa uma venda, carregada de significação, pois, por ser um símbolo de cegueira, é também uma forma de mostrar que o personagem está imune à superficialidade das aparências físicas. Isso faz com que ele se interiorize, pois sua venda tapa o vazio em seu rosto, deixado pela perda de um olho, como também resguarda o personagem de julgamentos baseados no aspecto corporal. Isso é ainda mais reforçado pelo fato do velho da venda preta sofrer de catarata no olho que lhe resta. Velho, cego de um olho e ainda vítima de catarata, o velho da venda preta está fechado ao mundo corrompido pelas máscaras sociais e, embora vítima da cegueira branca, conserva consciência sobre o horror a que ele e os demais cegos estão submetidos.

A imagem do cão no Ensaio sobre a Cegueira apresenta-se de forma contínua e curiosa, já que, como fora aludido, o símbolo abarca aspectos antagônicos. Há a história do homem cuja última imagem antes da cegueira foi a de um quadro em que um cão afundava; e há a história do cão que lambia as lágrimas da única mulher que não ficou cega. Tem-se, no primeiro caso, o símbolo do cão como sendo de presciência e no outro caso, como imagem da fidelidade e renovação, uma vez que a partir deste momento, o animal começa a seguir a mulher do médico e a ser chamado de cão das lágrimas

O mesmo ocorre no final da narrativa, uma vez que, a exemplo dos outros romances, o cão acompanha as personagens nos momentos finais. O símbolo vem reforçar a representação de fidelidade e vigilância, aqui denotada como sendo a passagem da condição de cegueira branca para a volta à visão. Na situação de cegos, os homens e mulheres representam-se como se estivessem mortos e, recuperando a visão, voltam ao que seria a verdadeira vida. O símbolo é novamente desconstruído, invertendo-se vida e morte em morte e vida

Por outro lado, a situação de cegueira permitia às pessoas valorizarem mais as pequenas coisas que ainda lhes restavam, como a companhia de alguém (como ocorre com a mulher do médico que o acompanha ao manicômio), representando, assim uma volta à vida simples em que o que era importante referia-se somente à sobrevivência. Por outro lado, a recuperação da visão transformava-os, novamente, em uma sociedade capitalista na qual os interesses nunca giram em torno da fraternidade. O cão, nesse caso, recupera a simbologia tradicional. Está expressa, ainda a idéia de renovação, de iniciação após uma fase de aprendizagem.

Dentre as objetivações de significação humana é a produção de sinais que agrupam-se em um certo número de sistemas como sistemas gesticulatórios, de movimentos corporais padronizados, de vários conjuntos de artefatos materiais, etc, o mais importante sistema de sinais

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