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A Natureza Humana

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Por:   •  13/11/2014  •  1.152 Palavras (5 Páginas)  •  433 Visualizações

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Contra-Argumento da natureza humana e a necessidade de um líder.

(por Mateus Alexandre)

“O socialismo é utópico, pois apesar de ser um belo ideal, é impossível de ser realizado, já que vai contra a natureza humana”. Quando este argumento é utilizado, se encerra a discursão, parece um argumento perfeito, que gastando somente uma frase é possível derrubar a ideia revolucionária e ao mesmo tempo apoiar o sistema atual. É importante também notar que este argumento é utilizado tanto por conservadores, quanto por quem se diz socialista.

O efeito da aceitação deste argumento resulta na troca de ideias socialistas, por uma reforma superficial no sistema, não mudando ele a fundo. E ainda podemos levantar outros questionamentos se por acaso aceitarmos este argumento, como por exemplo, “é sempre necessário um líder, por isto não existe anarquismo, socialismo e comunismo” e “sempre as pessoas vão querer ter mais que as outras”. Mas, porque se diz que a natureza humana torna o socialismo impossível de ser alcançado?

Argumenta-se que o homem é por sua natureza insaciável e ambiciosa, a ponto de uma “repartição” justa dos meios e produção não ser o suficiente, pois o ser humano sempre busca ganhar mais e ter o domínio sobre outra pessoa. Porém, basta observar o comportamento das pessoas na sociedade, para comprovar que este argumento é ERRADO. Há vários exemplos de pessoas que arriscam suas vidas pelos outros: a luta pela democracia na ditadura militar, trabalhadores que permaneceram em frente de tanques de guerra que os ameaçavam na praça de Tiananmen na china. E exemplos cotidianos: Trabalhadores que preferem fazer serviços sociais, em vez de escolher grandes salários; pais que se dedicam a cuidar de filhos deficientes, e a generosidade de algumas pessoas em relação a problemas sociais. Mas não quero dizer que a natureza humana é generosa (pois seria o argumento inverso), quero mostrar que as pessoas não são totalmente egoístas e ambiciosas. De fato, uma pessoa pode ser egoísta e generosa, corajosa e covarde. Há pessoas que sacrificam tudo pela sua família, mas não faz nada por seu vizinho, há pessoas que gostam muito de animais e não dão muito valor a outros seres humanos e há pessoas que praticam a caridade, mas deixam seus filhos passarem fome. Isto depende muito do meio social da pessoa, como experiências vividas, criação dos pais, amigos... Em outras palavras, as pessoas mudam, quando suas experiências e condições de vida mudam, e se isto vale para os indivíduos, alguns fatos históricos mostram que isto pode se aplicar a sociedade.

O fato histórico que irei utilizar como exemplo é a revolução russa. “Algumas pessoas” dizem provar que a natureza humana tende para a tirania, mas na verdade demonstra o contrário: Durante séculos, o povo russo sofreu e foi oprimido pelos czares. Era uma terra de completa ignorância, e superstição, com atitudes mais atrasadas em relação à mulher e tinham um pensamento antissemita forte. Porém, este povo se rebelou contra o czarismo, e fizeram manifestações, greves, lutaram e fizeram a maior revolução da humanidade! Esta revolução queria mudar o mundo: dividir terras entre os camponeses, livrar a Rússia do imperialismo, decretou completa igualdade entre homens e mulheres, e elegeram um judeu como presidente de um importante conselho operário. Então, vimos que a “natureza” dos russos mudou completamente, a ponto de fazer uma grande revolução. Mas, prevejo que nosso “expert” em natureza humana argumentará que nos anos de 20 e 30, a revolução foi abatida pela burocracia stalinista, exterminando operários e camponeses, fazendo a “população passar fome, comprovando mais uma vez que a natureza humana tende a tirania”. Mas o que de fato ocorreu, foi uma transformação das circunstâncias, devido ao fracasso da revolução europeia, e a destruição quase total da classe operária na guerra civil de 1918-1921. Ou seja, quando mudou as circunstâncias, mudou a “natureza”. Porém, será possível que a “natureza capitalista” esteja enraizada profundamente, que impossibilite a conquista de uma sociedade autogovernada e sem classes na qual todos sejam iguais e livres? Existe por acaso um desejo fundamental de poder, uma necessidade de domínio que condena a sociedade à eterna divisão entre governantes e governados? É possível que a existência de desigualdades físicas naturais entre indivíduos constitua um obstáculo à igualdade social?

Para responder estas perguntas devo recorrer a registros arqueológicos:

“A primeira ferramenta feita à mão data por volta de 2.5 milhões de anos, desde então até o desenvolvimento da agricultura há dez mil anos viveram primeiro como coletores ocasionais, e depois como caçadores e coletores organizados em pequenos grupos nômades na maioria dos casos. Durante esse período não se cultivava a terra, não existia a cerâmica, nem qualquer meio de transporte. Não era possível para a comunidade nem para os indivíduos que a compunham acumular um excedente de produtos além do necessário para a subsistência diária. Ao não existir tal excedente, não pode existir tampouco divisão alguma da sociedade em classes, nem estamento ou casta vivendo do trabalho dos demais. Tampouco pode existir um Estado com governantes permanentes que dispusessem de corpos especiais de homens armados à sua disposição para manter o poder.”¹.

Todos estavam envolvidos na produção do necessário para a subsistência. Assim durante 99% do tempo em que os seres humanos têm habitado o planeta viveram em comunidades sem classes.

Povos de caçadores, coletores sobreviveram até pouco tempo com uma forma de vida similar, de tal maneira que puderam ser estudados por antropólogos modernos. Um bom exemplo são os Kung San do Kalahari no sul de África. Eles vivem em uma sociedade totalmente igualitária: A comida caçada ou coletada é compartilhada coletivamente na comunidade. Além de não existir ricos ou pobres, os Kungs não possuem líderes ou chefes. “Uma vez Richard Lee (pesquisador dos !Kung) perguntou se os !Kung tinham líderes. "É claro que temos líderes," responderam, "na verdade somos todos líderes, cada um de nós é um líder sobre si mesmo."²

Sendo assim, o socialismo e a “natureza humana” não são incompatíveis, e apresenta ainda um potencial maior: O socialismo moderno se baseia, ao contrário do comunismo primitivo, no desenvolvimento das forças produtivas e no excedente que garante uma vida digna a todos, sem precisar resumir sua existência em um trabalho penoso. O socialismo busca democratizar a riqueza, a capacidade produtiva e acabar com a monopolização da ciência e tecnologia dos capitalistas. Assim, asseguraria direitos básicos a todos: alimentação, vestuário, proporcionaria assim, o fim da pobreza e da fome. Neste processo, acabaria com os antagonismos, com a exploração, com o racismo, com as guerras e a opressão sexual, ao desaparecer as circunstâncias materiais que os sustentam. Também, o socialismo irá revolucionar a cultura, já que todos terão acesso.

Assim, o socialismo não só satisfará as necessidades materiais básicas de todos os seres humanos, mas também trará consigo um desenvolvimento, enriquecimento e engrandecimento da “natureza” Humana. Isso não só é possível, como é necessário.

Bibliografia

http://pt.wikipedia.org/wiki/Protesto_na_Pra%C3%A7a_da_Paz_Celestial_em_1989

http://pt.wikipedia.org/wiki/Idade_da_Pedra

http://guerras.brasilescola.com/seculo-xx/guerra-civil-russa.htm

http://coletivobandeiravermelha.wordpress.com/2012/12/19/o-argumento-acerca-da-natureza-humana-2/

Obras Citadas:

John Molyneux , É a natureza humana uma barreira ao socialismo?

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