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A necessidade de desenvolver um protocolo para padronizar o trabalho das forças de segurança

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Por:   •  22/11/2013  •  Artigo  •  1.691 Palavras (7 Páginas)  •  240 Visualizações

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Mais de cinco meses depois que o primeiro protesto, no início da onda atual de manifestações, resultou em destruição, incêndios e prisões, as autoridades mostram total falta de habilidade para lidar com a violência. Uma reunião com a cúpula da segurança pública federal, do Rio de Janeiro e de São Paulo, na última semana, terminou com o anúncio de ações sobre as quais não existe sequer consenso. O velho discurso do trabalho integrado entre os órgãos envolvidos veio embalado em outra máxima típica de momentos de crise: a necessidade de mudanças na legislação. Integrantes do governo e especialistas divergem até em questões mínimas, como o uso de balas de borracha.

“De todas as bobagens que foram anunciadas pelo governo federal numa atitude de marketing, a única coisa que realmente se faz necessária é o trabalho coordenado entre as polícias, mas isso não é de agora. O sistema de informações desses órgãos foi sucateado ao longo dos anos”, critica o mestre em ciência política José Augusto Rodrigues, pesquisador do Laboratório de Análise da Violência da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj). Segundo ele, a elaboração de um protocolo que uniformize a atuação das forças de segurança serve apenas para encobrir a incompetência. “Basta que a polícia filme a conduta criminosa e prenda. É só atuar. Ninguém precisa ensinar o Pai-Nosso ao vigário”, diz.

Ex-comandante da Polícia Militar de São Paulo e ex-secretário nacional de Segurança Pública, José Vicente da Silva considera importante a elaboração de um protocolo único, embora destaque que a proposta já vem atrasada. “Dizer que os protestos no Brasil são um fenômeno completamente novo e que, por isso, as polícias não estão preparadas não é desculpa. Só São Paulo registrou, ao longo de 2011, 2.056 manifestações. A falta de padronização leva a atuações equivocadas, como as que temos visto. Estamos a oito meses da Copa sem nenhum planejamento. É preciso cuidar dos detalhes”, diz.

Um movimento democrático iniciado em redes sociais há alguns meses aflorou em forma de manifestações pacíficas e democráticas de uma parcela significativa da população. Indignados com os exorbitantes impostos, péssimos serviços (transporte, saúde, dentre outros), superfaturamento de estádios de futebol, sucessivos escândalos de corrupção e onda de impunidade, pessoas de diversos segmentos da sociedade escolheram um momento de grande exposição do Governo Federal, a Copa das Confederações, para desencadear as concentrações e passeatas nas ruas de diversas capitais e cidades de médio porte do Brasil.

É preciso caracterizar a diferença de dois grupos distintos: o primeiro demonstrando pacificamente e publicamente sua insatisfação com a situação vigente e o segundo grupo composto de uma minoria articulada de vândalos e saqueadores com o rosto coberto, que se valeram do anonimato da multidão para afrontar a ordem pública, depredar o patrimônio histórico, público e privado, e promover saques a estabelecimentos comerciais. Esses últimos premeditaram as atividades, pois além de usar pedras encontradas nas ruas, buscavam ocultar sua identidade e trouxeram bombas de fabricação caseira e coquetéis molotov para arremessar nos policiais.

Em novembro de 2010, o Estado brasileiro teve questionada sua capacidade de garantir a segurança dos grandes eventos que estavam por ocorrer com a onda de violência desencadeada pelo Comando Vermelho no Rio de Janeiro. O país tem até o final da já tumultuada Copa das Confederações para comprovar sua capacidade de gerenciar esse tipo de crise e terá que criar dispositivos para aperfeiçoar o processo e aliviar as tensões sociais para que a Jornada Mundial da Juventude, a Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos ocorram em um clima de tranquilidade. Apesar do imenso esforço na criação de dezenas de Unidades de Polícias Pacificadoras nas favelas, da participação da Força de Pacificação do Exército por dezenove meses na ocupação dos Complexos de favelas do Alemão e da Penha, percebemos que há muito ainda por ser feito. Novamente o Brasil tem sua capacidade de garantir a segurança dos grandes eventos questionada internacionalmente.

Centro da disputa ideológica em torno das grandes mobilizações que já estão na história do Brasil, a palavra “vandalismo” virou filme. Através da produtora Nigéria, de Fortaleza, Bruno Xavier e alguns colegas produziram um documentário a partir da linha de frente dos momentos mais tensos dos protestos de massa.

“A ideia do documentário “Com Vandalismo” veio depois que fizemos o registro da primeira manifestação em Fortaleza, no dia do Brasil x México pela Copa das Confederações. Nos deparamos com 80 mil pessoas, um número que nunca tínhamos visto em manifestação de rua, e resolvemos tentar registrar pelo nosso ângulo essa série de manifestações”, disse Xavier ao Correio da Cidadania, em outra entrevista realizada em conjunto com a webrádio Central 3.

Na conversa, Bruno afirma que a ideia é disputar o sentido do termo, utilizado à exaustão pela mídia conservadora, em claríssimo movimento de esvaziamento e desmoralização das manifestações de rua. Até por isso, ressalta o legado da produção midiática independente, outro marco do novo período de lutas que se abriu no país.

“O termo vandalismo vem da época do império romano, referindo-se a um povo rebelde. O que fazem é usar a palavra pra rotular pessoas e desmoralizá-las. Para depois usarem táticas não permitidas legalmente, mas justificadas, tendo em vista a repressão policial das manifestações”, explica.

Correio da Cidadania: O que levou vocês a produzirem o documentário ‘Com Vandalismo’? Vocês já realizavam registros de manifestações políticas e sociais?

Bruno Xavier: Na verdade, já acompanhávamos movimentos sociais há quatro anos, participando de suas atividades, principalmente no Comitê Popular da Copa, que, como se sabe, combate os impactos que a Copa do Mundo tem causado sobre a população.

A ideia do “Com Vandalismo” veio depois que fizemos o registro da primeira manifestação em Fortaleza, no dia do Brasil x México pela Copa das Confederações. Nos deparamos com 80 mil pessoas, um número que nunca tínhamos visto em manifestação de rua, e resolvemos tentar registrar pelo nosso ângulo essa série de manifestações, que começaram em São Paulo e depois chegaram aos outros estados.

Além do número de pessoas, o que também nos assustou foi a violência policial da primeira manifestação, inclusive atingindo um dos nossos produtores com uma bala de borracha no olho.

A ideia surgiu com foco no “vandalismo”, como a mídia tanto

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