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AS ORIGENS DO PODER

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Por:   •  28/10/2014  •  Relatório de pesquisa  •  1.082 Palavras (5 Páginas)  •  251 Visualizações

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As origens do poder

AS ORIGENS DO PODER

“Faça um sistema social o que fizer, tem de ter qualquer meio de garantir a segurança do relacionamento entre mãe e filho, pelo menos até ao ponto em que a criança adquire mobilidade independente e seja capaz de sobreviver com uma probabilidade razoável de chegar à idade adulta.”

Isto era o que os antropólogos Lionel Tiger e Robin Fox escreviam em 1971, e o senso comum aprova. Já em 1949 a antropóloga Margaret Mead dizia, por seu lado: « A dada altura no dealbar da história humana, surgiu uma invenção social segundo a qual os machos começaram a cuidar das fêmeas e das suas crias. » A “invenção” (imagino eu) deve ter-se robustecido com a fixação duma notável “descoberta”: a de um nexo estável de causalidade entre a relação sexual e seus efeitos na gravidez e no aparecimento de uma criança com traços semelhantes aos do seu único progenitor masculino.

Eva deixava de ser admirada apenas como a “Mãe dos Vivos”, para passar a ser também a mãe dos filhos de um determinado homem. (Cf. na “Eva” bíblica o reconhecimento exarado no cap. 4, 1 do livro do Genesis, talvez a memória de antiguíssima tradição cultural advinda do “dealbar da história”.) E eis o que o “sistema social” tem em toda a parte: um conjunto denormas que regulam e reforçam as relações de parentesco, tal que os pais biológicos ou os irmãos da mãe “garantam a segurança do relacionamento entre mãe e filho”. É a institucionalização da “família”, nas múltiplas figuras sociais desta, das quais a família nuclear é (como já Claude Lévy-Strauss reconheceu) a mais comum na humanidade.

Mas eu tenderia a inverter os termos: falaria antes na necessidade social ( e natural-biológica) de garantir a segurança do relacionamento entre filho e mãe. Assim, o controle e pressão social exerceriam no sentido de levar a mulher (no interesse do grupo), a aceitar o que um mero “instinto maternal” seria por si insuficiente para garantir: a aceitação dos desconfortos e riscos da gravidez, e o nascimento de um filho não desejado. A história que citarei a seguir pode ser uma boa ilustração de como, mesmo em grupos pequenos, com robusta tradição cultural e controlo social apertado nesse sentido, - os reforços sociais se confrontam com um poder originariamente irredutível e soberano.

Uma jovem aldeã vivia sozinha e solteira em sua casa. Certa ocasião, em Novembro, pelo S. Martinho, era altura de ir à adega e provar o vinho, como manda o rifão. Já bem servida de castanhas e não menos de jeropiga,mandou-lhe a bem disposta natureza ir de companhia com o conterrâneo Armindo a um palheiro isolado, a provar de outra coisa. Arrependeu-se logo do mau passo, mesmo antes de se conhecer grávida. Mas nada disse, nem ao Armindo nem a ninguém. « Calada como um testamento, aguardou que o rapaz viesse falar-lhe a sério. Lá com palavrinhas de amor, não! Batesse a outra porta. E queria os banhos na igreja e o casamento em Janeiro. Sem lhe dizer, é claro, que ficara naquele estado... mas o cão só pensava na carniça. Quando voltou, trazia apenas o vício assanhado. E mostrou-lhe o caminho: - Para isso, vai às da Vila... » A proposta não agradou ao rapaz, que « fazia-se desentendido. Lá casamento, isso não era com ele. Tinha mãe, tinha as sortes, tinha a vida encalacrada » e não se entenderam. Eis o o Contrato, eis o Pacto, neste caso não contraído; noutros casos, assente pelas respectivas famílias desde a infância dos diretamente interessados, como ainda hoje se dá no mundo. (E depois de Abril de 74 ainda em Portugal tive conhecimento de um caso destes!) Um pacto muitas vezes consumado pela força do rapto ou da violação, nas conveniências de conseguir a satisfação de um desejo ou de uma vantagem. Na lenda romana

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