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As Ciências Politicas

Por:   •  26/8/2021  •  Artigo  •  1.540 Palavras (7 Páginas)  •  134 Visualizações

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Introdução

Antonio Candido de Mello e Souza é brasileiro, sociólogo, professor universitário e crítico literário, nascido em 24 de julho de 1918 na cidade do Rio de Janeiro. É respeitado nas principais universidades e faculdades do país, autor de uma crítica e extensa literatura, que a tornar-se principal alicerce para a construção literária brasileira, perpassando por uma construção sociológica.

Discente na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, tem como um de seus grandes feitos a introdução da literatura comparada em 1962. Atingindo o cargo de professor emérito da USP e da Universidade Estadual Paulista, é doutor honoris causa da Universidade Estadual de Campinas e da Universidade da República do Uruguai, destacando as conquistas dos prêmios Jabuti (1965 e 1993), o prêmio Machado de Assis (1993), o Prêmio Anísio Teixeira (1996) e o prêmio Camões (1998).

Produziu a partir da década de 1940, um profundo pensamento sobre a vida social brasileira, destacando seus ensaios sobre a vida literária, bem como seus escritos sobre o romantismo no Brasil. Suas excelentes críticas literárias e discussões sobre a vida política brasileira e, não menos importante, seus eméritos trabalhos sobre os pensadores sociais e políticos brasileiros, com destaque para Sylvio Romero, Joaquim Nabuco, Manoel Bomfim, Euclides da Cunha e Fernando de Azevedo, transitando ainda pelo campo da educação. Pesquisas feitas por Candido ascenderam em várias contribuições a respeito da cultura, da sociabilidade e da identidade, sendo de fundamental relevância na busca por acessos a uma sistematização da consciência de mudança social, em especial na segunda metade do século XX.

O artigo Radicalismos, sobre o qual pretendemos apresentar uma resenha crítica, expõe seu pensamento e compreensão do processo de geração de ações revolucionárias, progressistas e conservadoras. Candido (1990) evidência a importância do confronto político no campo das ideias e realça a inevitabilidade de manumitir “as origens, mesmo que ocasionais dos radicalismos” na perspectiva da história brasileira. Portanto, trazendo à tona os conflitos e embates contra a tradição conservadora que acintosamente tem ganho os louros da vitória ao longo dos últimos séculos em nosso país.

A perspectiva apresentada pelo autor é significativa no modo como as ações estão intimamente ligadas com as ideias. Todas as concussões são, irremediavelmente, de práticas e ideias, sem necessariamente perpassar por uma relação mecânica entre estas e os respectivos grupos socais, ou seja, frações que detêm uma práxis fundamentada em uma tradição conservadora e, em um certo momento, afloram do seu âmago, indivíduos que em consequência de caráter histórico, criam ideias impregnadas de radicalismos.

Radicalismos

O ensaio teve origem em uma palestra apresentada em outubro de 1982, no instituto de Relações Latino-americanas da PUC/SP, o intervalo de oito anos entre a referida palestra e sua publicação, pode em alguma medida apontar para uma atemporalidade das indagações propostas no artigo pelo autor, ou seja, decorrido mais de 30 anos, de forma acachapante, tais questões permanecem presentes nos dias atuais, em especial o conservadorismo como medula da sociedade nacional.  

Na perspectiva do autor, existiria uma incongruência entre ideias radicais e pensamento conservador, sendo que uma das características fundamentais no pensamento conservador brasileiro perpassa pela tenacidade e continuidade das ideias conservadoras, “Uma barreira quase intransponível” (Cândido, 1990, p.4). De maneira paradoxal, o viés do radicalismo é definido como um “conjunto de ideias e atitudes que formam contrapeso ao movimento conservador” (Cândido, 1990, p.4). Se fazendo muito presente os princípios de mentalidade, ideias, pensamento e palavras adjacentes, claramente comprovando o peso da ideologia em sua produção.

Candido testifica que:

Aos poucos fui observando o seguinte: o pensamento conservador brasileiro apresentava frequentemente facetas radicais. Um conservador como Gilberto Freyre, por exemplo, de repente exercia um papel radical acentuado na medida que chamava atenção para o negro. Esta é uma atitude radical. Comecei a perceber que no Brasil havia mais radicalismo do que se supunha, mas não radicalismo academicamente definido como tal. Não havia marxistas, não havia pensadores revolucionários, mas havia um veio radical. Comecei a ler certos autores brasileiros do passado com este olho. Li sobretudo Joaquim Nabuco e Silvio Romero, até que cai num livro que meu pai gostava muito, leu e anotou quando era moço: “América Latina”, de Manoel Bonfim. A primeira vez que li não dei a importância devida, mas mais tarde voltei a ele e vi que ali estava um tipo de pensamento que não se desenvolveu no Brasil e que, não sendo um pensamento de esquerda propriamente dito, era certamente um pensamento contra a direita (Cândido, 1990, p. 131).

Cândido não nos permite desprender um olhar panorâmico sobre as mais variadas formas de pensamento, tendo em vista que, estas contêm peculiaridades que acabam por desafiar um olhar menos atento. Portanto, indivíduos relevantes nos segmentos propostos por Cândido, a citar: Joaquim Nabuco, Manoel Bonfim, podem produzir ideias que aventam ou mesmo levam a práxis, que desfazem com o ideário conservador. Contudo, não vem a ser correto levantar a hipótese, de que, as ideias radicais urgem da ação política de indivíduos relevantes das classes dominantes e, portanto, geram uma espécie de massa monolítica de pensamento e de ação progressistas no âmago de tais classes. Não vem a ser este o ponto exposto por Candido, mas sim particularidades, mais ou menos consistentes de radicalismos, quem em última análise, são capazes de “motivar formulações e medidas progressistas” (Candido 1990, p. 6).

Assim, Candido nos oferece uma argumentação de grande significado para a matéria de mudança social no Brasil, ao emergir a ocorrência de ideias radicais no Brasil. Portanto, em um país nitidamente pertencente à um conservadorismo político, as ideias compostas de um teor radical transformador, tendem a assumir um papel de contrapeso em primeira instância. Sugerindo, desta maneira o autor, “investigar os traços de pensamento radical é condição indispensável para o exercício adequado e eficiente das ideias de transformação social, inclusive as de corte revolucionário” (Cândido, 1990, p. 4).

O que nos salta aos olhos é a convergência do radicalismo de Nabuco com as ideias abolicionistas de Patrocínio e Gama, que defendiam ações mais arguciosa de confrontação, a fim de que o escravo pudesse participar mais ativamente do processo abolicionista, tais pensamentos acabaram por asseverar a conduta de Nabuco durante o decênio de sua militância.  

Desta maneira, Nabuco era um radical temporário, enquanto Bonfim assumia um papel de radical permanente, pois sua literatura e atividades políticas direcionavam a defesa da confluência entre o pensar e agir, durante as primeiras décadas do século XX. Nesta matriz, as obras de Bomfim clarificavam os caminhos e inflexões das mudanças sociais, que perpassavam o ideário central do país, no contexto de momento. Os intentos políticos progressistas influenciadores das ideias de Bomfim, são hábeis para o entendimento do seu pensamento radical e de sua consequente contribuição à enigmática mudança social em que o Brasil se encontrava.  

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