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Cadeias de Valor Globais: Inserção brasileira do ponto de vista da complexidade

Por:   •  24/5/2018  •  Artigo  •  1.565 Palavras (7 Páginas)  •  271 Visualizações

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  1. Estágios das Cadeias de Valor Globais: upstream, middlestream e downstream

As cadeias de valor global são arranjos produtivos complexos, que estendem suas cadeias produtivas por inúmeros países, formando redes complexas com diferentes assimetrias competitivas, como será apresentado na próxima seção. Porém, é um padrão observável que a divisão do trabalho dentre as cadeias de valor se difere entre   Uma possível forma de esquematizar as cadeias de valor globais para, assim, compreender sua estrutura e funcionamento (adotada por Duarte, 2014)[1] é a fragmentação das mesmas em upstream, middlestream e downstream.

As firmas que se encontram no estágio upstream das cadeias de valor global são caracterizadas por concentrar-se nas etapas de maior agregação de valor, especialmente tarefas ligadas ao desenvolvimento da infraestrutura de produtos complexos. As empresas no upstream da cadeia produtiva desenvolvem atividades que, geralmente, não dependem da diretamente localização geográfica de sua planta e com alto potencial de ganhos de escala. No caso da produção de computadores, por exemplo, estariam no estágio upstream da cadeia as firmas que produzem sistemas operacionais, softwares de gestão de segurança e armazenagem.

No middleware das cadeias de produção, estão os desenvolvedores do produto já produzido no upstream, o que requer interação entre os players upstream e middlestream, o que ocasiona que muitas empresas atuem, simultaneamente, no upstream e no middlestream de uma mesma cadeia produtiva. Da mesma forma que os bens produzidos pelas empresas upstream, os bens produzidos middlestream são genéricos e não dependem de localização geográfica específica, o que possibilita ganhos de escala.

Já no downstream de uma cadeia, temos empresas que prestam serviços - desde serviços diretamente ligados ao cliente final, como serviços de venda e atendimento até serviços voltados para a filial local das firmas upstream e middlestream, tais como soluções em gestão financeira e de pessoas. Também se classificam como downstream empresas que oferecem serviços de saúde, educação, entre outros serviços ao consumidor.

  1. A Classificação das redes que compõem as cadeias de valor global

Em seu artigo Redes Globais de Produção e Inovação em Software e Serviços de TI: Uma Sugestão de Tipologia, Roselino e Diegues propõem uma classificação para as redes formadas por empresas que produzem em cadeias globais de valor a partir de cinco eixos principais: estrutura da rede, fontes de assimetrias competitivas, determinantes sistêmicos de competitividade, atividades realizadas e valoração.

A partir desses cinco itens, classifica-se as redes em quatro tipos, tendo o primeiro tipo três subtipos: redes globais de valoração (que se subdividem em redes de valoração competitiva, por mandato geográfico e por competência), redes de suporte à internacionalização, redes coevolutivas e atomizadas e redes com enforcement institucional.

  1. Redes Globais de Valoração

São redes constituídas fundamentalmente por multinacionais e suas filiais, concentrando-se em atividades de produção e inovação. As empresas constituintes dessa rede buscam organizar-se de acordo com a lógica Chandleriana: mantendo in house as atividades de maior complexidade e valor e terceirizando as atividades de suporte ou de menor valor, criando relações hierárquicas com os outros membos da rede. Em síntese, tais redes organizam suas atividades por meio de uma estrutura de produção e inovação modular distribuída globalmente. A distribuição dessa estrutura é o que diferencia os três subtipos de redes globais de valoração:

I.I. Redes Competitivas

Não há grande diferenciação entre as atividades desenvolvidas pelas empresas centrais na rede e suas filiais ou contratadas, de forma que a maior assimetria competitiva diz respeito aos custos por unidade produtora. “Ou seja, o que determina a localização das atividades e os movimentos de constante reavaliação desta localização é a competição entre os agentes fundamentalmente via preços – dado que não há grande diferenciação entre a maioria dos elos da rede, as inúmeras empresas têm capacidade de emular uma parte das atividades realizadas pela empresa coordenadora ou capitânia.” (ROSELINO E DIEGUES, 2014)

[pic 1]

I.II. Redes de Valoração com Mandatos Geográficos

Usualmente, redes constituídas por filiais de uma mesma empresa em diversas partes do globo, com diferenciação de prestação de serviços ou produção de acordo com as características do mercado local (preferência do consumidor, clima, etc.). Em outras palavras, os módulos constituintes dessa rede concentram-se em um mesmo core de atividades, porém diferenciam seus produtos com a finalidade de atender a mercados específicos.

“Neste cenário, ao buscar impulsionar a competitividade sistêmica da rede, além dos fatores já citados nas Redes Competitivas (exequibilidade, prazo e custos globais), as empresas capitânias também buscam reduzir a capacidade ociosa. Assim, em cenário de instabilidade da demanda local, podem deslocar para a região as atividades de outras empresas da rede que operam em condições de plena capacidade. A capacidade de geração de valor depende do dinamismo de cada mercado e é subordinada à estratégia de redução da capacidade ociosa da rede definida pela empresa capitânia.” (p. 21)

[pic 2]

I.III. Redes de valoração por competência

Nessa forma de organização de rede, os módulos produtivos também costumam diferenciar seus produtos a depender do site geográfico em que se localizam. Porém, essa diferenciação não surge das condições mercadológicas em si, mas sim da habilidade e da competência inovativa e tecnológica presente em cada planta produtiva. Por depender enormemente da capacidade de inovação, essas redes tornam-se complexas, sendo compostas pelos mais diversos agentes: startups e empresas de base tecnológica altamente especializadas em nichos, por contract manufacturers globais, passando por filiais de empresas capitânias, laboratórios de P&D das capitânias e centros de pesquisas locais, além de fornecedores de produtos complementares.

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