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Cultura Religiosa

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Por:   •  5/5/2014  •  2.546 Palavras (11 Páginas)  •  787 Visualizações

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Introdução

Não há forma mais propícia e contextual de iniciar a disciplina de Cultura Religiosa do que apresentar a riqueza e diversidade do fenômeno religioso que se faz presente nas mais diferentes expressões culturais da humanidade ao longo dos tempos. Crer ou não crer num poder transcendente, chamado comumente pelas religiões de Deus, ato que está ligado ao campo da fé e da experiência religiosa, é apenas um dos tantos aspectos no estudo da religiosidade humana, que, segundo atestam pesquisas antropológicas e sociológicas, parecem fazer parte da condição humana. É desse tema, existencial por essência, e que está impregnado nas bases culturais da nossa sociedade, que iremos tratar nesse primeiro capítulo.

Você já deve ter passado por alguma experiência Religiosa. Se não passou, alguém ao seu lado já deve ter contado algo que o levou a refletir sobre o assunto. Neste capítulo, vamos ver que a experiência religiosa é mais rica do que se imagina e é universal.

Paulo Augusto Seifert

Ronaldo Steffen

Douglas Flor

A religião tem estado presente no cotidiano através de diferentes manifestações. Pode-se, sem entrar em detalhes por ora, mencionar algumas áreas, alguns eventos e algumas práticas pessoais e sociais marcadas por ideias, ritos e símbolos consagrados ao campo religioso.

De uma forma bem simples, podemos reportar o leitor a algumas práticas familiares ligadas à tradição religiosa como o casamento, batismo, morte e velamento. São cerimônias religiosas tão tradicionais, que muitas pessoas acabam se envolvendo nelas sem se darem conta do aspecto religioso. Também é bastante comum ficarmos sabendo de pessoas doentes ou com problemas mais sérios que buscam ajuda divina como alternativa para a sua cura.

No esporte, estamos acostumados, marcadamente no futebol, com a cena de uma oração conjunta antes da entrada no campo. Numa decisão por pênalti, por exemplo, é comum a imagem de jogadores ajoelhados, rezando ou beijando sua santinha ou apontando os dedos para o céu após uma defesa ou gol marcado.

No campo musical, não são raras as menções que se fazem a personagens religiosos e até mesmo a sentimentos de ordem religiosa; no campo das artes somos conduzidos a milhares de imagens notadamente carregadas de simbolismo religioso dos mais diversos matizes. A literatura não tem deixado por menos e tem sido o mercado que mais cresce em termos de editoria nos últimos anos. O cinema tem sido pródigo nas temáticas de ordem religiosa. As novelas, fenômeno brasileiro que ganha o mundo, jamais têm deixado de lado alguma alusão, personagem e até mesmo a temática central ligados a fatos eminentemente religiosos.

A alimentação também sofre influências da religiosidade, havendo religiões que proíbem a ingestão de determinados alimentos e que prescrevem dietas especiais, como a kosher, dieta judaica. O modo de expressar nossas ideias através da linguagem é, igualmente, marcado por formas religiosas, especialmente em algumas expressões populares. O turismo religioso é hoje um grande filão na arrecadação de divisas para um município. A educação é fortemente marcada pelos valores que ela prega, quase sempre idênticos aos valores de ordem religiosa. A área da saúde, o trato com a dor, a vida e a morte foi e ainda é construída com suporte religioso. Nosso calendário, suas datas festivas e grandes eventos, tem sua origem no meio eclesiástico. As diversas áreas do conhecimento humano, também tem-se ocupado com a temática religiosa como a Filosofia, a Psicologia, a Sociologia, a Antropologia, a História, a Medicina, a Física, a Arqueologia, a Geografia e assim por diante.

Apesar das diferentes atitudes de repulsa que caracterizam a negação dos elementos religiosos, as menções apontam para o fato do ser humano buscar ligar-se ao Transcendente como se mantivesse uma ligação umbilical da qual retira os elementos vitais para a sua existência.

A questão que se coloca é a de como compreender essas ligações. Qual o fundamento capaz de sustentar uma avaliação compreensiva da junção ser humano - Transcendente? Há muitas possibilidades viáveis, tanto a partir das diferentes perspectivas e entendimentos religiosos quanto de escolas de reflexão filosófica.

Além disso, importa considerar a relação que há, ou pode haver, entre a religião e as manifestações importantes do espírito humano. A título de introdução, consideremos como se relacionam religião e filosofia, religião e ciência, religião e moral, religião e teologia.

Religião e filosofia

O que tem a filosofia a ver com a religião? Essa é uma pergunta importante cuja resposta não é óbvia. Ao longo da história do pensamento humano, vemos cooperação e competição entre ambas. Em certo sentido, a cooperação e a competição pressupõem a mesma concepção: a de que compete à razão filosófica provar a veracidade das ideias religiosas. Ou, dito de outra maneira, que compete à razão filosófica determinar se religião e superstição são a mesma coisa ou se são coisas distintas e separáveis.

Posta a questão dessa maneira, temos duas respostas possíveis: ou a filosofia apresenta provas de que a religião é verdadeira ou a filosofia apresenta provas de que a religião não é verdadeira. Se for o primeiro caso, dizemos que há entre ambas cooperação; se for o segundo, que há competição. Quando se fala em provas, significa que qualquer pessoa racional deve concordar com o argumento, mesmo que não seja um argumento demonstrativo ao estilo da matemática, cujos cálculos, se bem feitos, dão um único resultado, e o sujeito que não percebe ou não concorda com o resultado é incapaz (um exemplo simples: 3x3 = 9, e não faria nenhum sentido alguém dizer: "Para você; para mim é 8").

O argumento deveria ser cognitivamente convincente. Aquele que não concorda com a conclusão, ou não compreende o argumento ou está agindo de má-fé.

Onde, porém, buscar tais provas? Historicamente, têm sido elas buscadas no raciocínio abstrato, na análise e comparação de ideias, na experiência sensorial, no senso comum, nas explicações científicas, no sentimento moral. Diversos os pontos de partida, similaridade no modo de argumentar. Parte-se de elementos geralmente aceitos e, se for o caso, de verdades evidentes ou necessárias (que não podem ser negadas), aplicam-se as regras básicas do raciocínio lógico, seja dedutivo ou indutivo, alcançando-se uma conclusão. Tal como se faz nos raciocínios comuns ou nos científicos. Se o propósito é mostrar que a filosofia justifica

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