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Fichamento Do Texto Coerção, Capital E Estados Europeus 990 -1992 (Charles Tilly - Caps. 1 E 3)

Trabalho Escolar: Fichamento Do Texto Coerção, Capital E Estados Europeus 990 -1992 (Charles Tilly - Caps. 1 E 3). Pesquise 860.000+ trabalhos acadêmicos

Por:   •  11/11/2013  •  7.498 Palavras (30 Páginas)  •  1.826 Visualizações

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Capítulo 1: As Cidades e os Estados na História do Mundo

(Pág. 45) – “Cerca de 3 800 anos atrás, o governante de uma pequena cidade-estado da Mesopotâmia consquistou todas as outras cidades-estados da região etransformou-as em vassalos de Marduc, o deus da sua cidade. Hamurábi, o soberano da Babilônia, tornou-se o rei supremo da Mesopotâmia. Com a conquista, obteve o direito e a obrigação de estabelecer leis para todos os povos.”

(Pág. 45) – “Apoiado num chamamento divino, Hamurábi podia presunçosamente chamar de ‘maus’ e ‘iníquos’ aqueles que se opunham a seu domínio. Vilipendiando as vítimas, aniquilando os aliados e arrasando as cidades inimigas, ele afirmava que tinha a ampará-lo a justiça divina. Hamurábi estava construindo o poder de sua cidade e fundando um estado; seus deuses e a visão particular de justiça dessas divindades iriam prevalecer.”

(Pág. 46/47) – “Na verdade , durante alguns milênios, os estados em questões foram em sua essência cidades-estado, constituídas muitas vezes por uma capital governada por sacerdotes e cercada por uma adjacente que pagava tributos. No entanto, mais ou menos em 2500 a. C., algumas cidades da Mesopotâmia, entre elas Ur e Lagash, estabeleceram impérios governados por guerreiros e mantidos pela força e pelos tributos; a unificação do sul da Mesopotâmia por Hamurábi aconteceu sete séculos depois que os primeiros impérios se haviam formado na região. Desse momento em diante, a coexistência de estados extensos e cidades numerosas marcou as grandes civilizações, desde a Mesopotâmia, o Egito e a China até a Europa.”

(Pág. 47) – “Nos oito ou dez milênios depois que surgiu o primeiro casal, as cidades e os estados oscilaram entre o amor e o ódio. Conquistadores armados muitas vezes arrasaram cidades e chacinaram os seus habitantes apenas para erguer novas capitais em seu lugar. O povo da cidade resguardou a sua independência e reclamou da interferência do rei nas questões urbanas, mas solicitou a proteção de seu rei contra os bandidos, os piratas e os grupos rivais de mercadores. A longo prazo e a certa distância, as cidades e os estados revelaram-se indispensáveis um ao outros.”

(Pág. 47) – “Durante a maior parte da história, os estados nacionais – aqueles que governam múltiplas regiões adjacentes e as suas cidades por intermédio de estruturas centralizadas, diferenciadas e autônomas – surgiram muito raramente. A maioria deles eram não-nacionais: impérios, cidades-estado, ou algo semelhante. Para nosso pesar, o termo ‘estado nacional’ não significa necessariamente estado-nação, um estado cujo povo compartilha uma forte identidade linguística, religiosa e simbólica. Embora alguns estados, como a Suécia e a Irlanda, se aproximem hoje desse ideal, pouquíssimos estados nacionais da Europa se qualificaram algum dia como estados-nação. A Grã-Bretanha, a Alemanha e a França – estados essencialmente nacionais – por certo nunca passaram nesse teste. A União Soviética, com nacionalidades militantes na Estônia, na Armênia e em outros lugares, viveu a diferenciação dolorosamente até a sua desagregação final. A China, com quase três mil anos de experiência de estados nacionais sucessivos (mas, dadas as suas múltiplas línguas e nacionalidades, nenhum ano de estado-nação), constitui uma exceção extraordinária. Somente nos últimos séculos é que os estados nacionais enxamearam o mapa do mundo com seus territórios separados um do outro, inclusive as colônias. Somente a partir da Segunda Guerra mundial é que quase o mundo inteiro passou a ser ocupado por estados nominalmente independentes cujos governantes reconhecem, mais ou menos, a existência mútua e o direito de existência dos demais.”

(Pág. 48) – “No passado recente, bretões, flamengos, franco-canadenses, montenegrinos, escoceses e galeses também tentaram conquistar um governo separado, fora ou dentro dos estados que os controlam atualmente. Ademais, algumas minorias que lutam por seus próprios estados têm recebido regularmente adesões solidárias de terceiros, quando não de estados que hoje em dia governam os próprios territórios que reivindicam. Se todos os povos em nome de quem se fizeram exigências de um estado separado obtivessem seus próprios territórios, o mundo passaria dos 160 e tantos reconhecidos atualmente para milhares de entidades similares a estados, a maioria delas diminutas e economicamente inviáveis.”

(Pág. 48) – “Em 1992, os membros da CEE eliminaram as barreiras econômicas numa extensão tal que reduzirá consideravelmente a capacidade desses estados de adotarem políticas independentes em termos de moeda, de preços e de emprego. Esses sinais indicam que os estados da forma como os conhecemos não durarão para sempre, e podem em breve instante perder a sua incrível hegemonia.”

(Pág. 48) – “Numa de suas ‘leis’ sardônicas de comportamento organizacional , C. Northcote Parkinson revelou que ‘um arranjo planificado só alcança a sua perfeição naquelas instituições que estão à beira do colapso’ (Parkinson 1957: 60).”

(Pág. 48/49) – “É possível que os estados sigam a velha rotina pela qual uma instituição entra em colapso no mesmo momento em que atinge a sua completude. Não obstante, nesse meio tempo, os estados continuam tão dominantes que se chamaria de visionário insensato alguém que sonhasse com um mundo sem estados.”

(Pág. 49) – “Os estados formam sistemas à proporção que interagem entre si, e na medida em que a sua interação afeta significativamente o destino de cada parceiro. Os estados sempre se desenvolvem a partir da luta pelo controle de território e população, portanto aparecem invariavelmente em aglomerados e costumam formar sistemas. O sistema de estados que predomina atualmente em quase toda a terra tomou forma na Europa após 990 d. C.; depois, cinco séculos mais tarde, começou a estender seu controle a regiões distantes fora do continente. Acabaram absorvendo, eclipsando, ou eliminando todos os seus concorrentes, inclusive os sistemas de estados centralizados que então existiam na China, na Índia, na Pérsia e na Turquia. Contudo, na passagem do Milênio, a Europa como tal não era uma entidade coesa; era formada pelo território situado ao norte do Mediterrâneo e ocupado outrora pelo Império Romano, além de uma extensa fronteira a noroeste que Roma nunca conquistou, mas que foi invadida frequentemente pelos missionários das igrejas cristãs que um império desintegrador havia deixado para trás como souvenirs. Na mesma época, os impérios muçulmanos controlavam uma parte expressiva do sul da Europa.”

(Pág. 49) – “A religião, a língua e os resquícios da ocupação romana, provavelmente, tornaram a população

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