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O Imergimos no final da década de 80

Por:   •  31/5/2018  •  Resenha  •  672 Palavras (3 Páginas)  •  190 Visualizações

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No. (2012) Direção: Pablo Larrain; Condor (2007) Direção: Roberto Mader

No longa "No" imergimos no final da década de 80, quando o então ditador chileno A. Pinochet realiza um plebiscito para dar ao seu governo autoritário um ar de legitimidade popular devido as intensas pressões internacionais. Ao longo da obra a ficção mistura-se com a realidade. Trechos de cenas, imagens e relatos reais do sofrimento,  das agressões, perseguições, desaparecimentos e mortes que ocorreram durante o período ditatorial são apresentadas ao espectador, evidenciando a tensão e o medo vivido pelo povo ao longo do regime ditatorial. O próprio protagonista é alvo de ameaças, vigia e suspeitas, acrescentando mais drama e suspense à obra, demonstrando ainda o modo de agir dos regimes autoritários experimentados na América Latina ao longo dos anos 60,70 e 80. Enquanto boa parte da própria oposição não acreditava na possibilidade de vitória, o protagonista que, aparentemente não mostra-se engajado politicamente com a situação, utiliza-se da linguagem da propaganda comercial para linkar alegria e democracia a fim de comunicar-se e trazer ao povo chileno a confiança e a sensação da chegada da liberdade e de novos tempos ao território do Chile. De uma maneira mais simplificada e a grosso modo, podemos dizer que estes 27 dias vivenciados pelo protagonista que antecederam o plebiscito é o período de transição do regime político do Chile, e a escolha da população pelo "não" é o momento de ruptura com o regime autoritário e sua redemocratização.

Podemos recortar ainda, trechos que abordam questões como o financiamento de agentes exógenos (no filme chamados de "gringos") aos dois lados do plebiscito, tema este que é constantemente abordado quando o assunto é democracia e ditadura na América Latina.

Sendo estes "gringos" a temática principal do documentário Condor, nele somos contextualizados à respeito das operações do serviço de inteligência americana que trabalhavam em conjunto com as agências de inteligência das ditaduras latino americanas com a suposta finalidade de combater a ameaça comunista/terrorista na América Latina. Nos é apresentado mais profundamente as proporções do terrorismo de Estado, em formas de desaparecimentos, mortes, sequestros - inclusive de crianças -, prisões ao longo dos regimes autoritários nos países do Cone Sul por meio da apresentação de casos particulares de mães e filhos (as) separados durante a ditadura. O documentário apresenta ainda documentos oficiais que revelam fortes conexões entre as agências de inteligência e o seu modo de operação. O documentário busca ainda dar voz aos dois lados da moeda, ouvindo ex-militantes da esquerda, jornalistas, ativistas dos direitos humanos e agentes de alto escalão dos militares dos países envolvidos na operação.

Já em seu recorte final o documentário visa dar atenção ao processo de indiciamento e reparação dos acusados e vítimas dos períodos militares. Dando destaque para o caso de Pinochet que ainda que tenha falecido antes de seu julgamento, foi levado à justiça pelos seus crimes contra os direitos humanos. E para o caso do ditador argentino  Jorge Videla que também foi condenado por seus crimes durante o regime.

Nestes processos de levar os acusados à justiça nos deparamos com questões como a demora para o julgamento dos mesmos, como o caso de Pinochet que levou mais de 30 anos para ser levado à justiça, processo esta mais claro ainda no caso brasileiro, onde após um longo período de transição por transação, de acordos entre militares e elites civis não houve até poucos anos atrás condenações dos responsáveis pelos crimes cometidos durante o período ditatorial brasileiro, e devido ao longo tempo de transição política o Brasil vive uma especificidade: o caso da população ter uma ligação ''distante'' com o período, o que gera uma sensação de que a ditadura não foi tão ruim, a ponto de termos casos de defensores do regime.

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