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O que o imperialismo não é

Por:   •  28/7/2016  •  Resenha  •  2.922 Palavras (12 Páginas)  •  190 Visualizações

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CAPÍTULO V – A luta pelo poder: o Imperialismo

  • O que o imperialismo NÃO é

  • Com o emprego exacerbado do termo imperialismo até 1941 houve um desgaste no processo do emprego do termo e sua consequente perda do significado: todo mundo passa a ser um imperialista aos olhos de alguém que não aceite suas políticas externas;
  • Os equívocos mais populares da definição do termo:
  1. Nem toda política externa voltada para um acréscimo no poder constitui necessariamente uma manifestação de imperialismo;

(Uma política que se contente somente com um ajuste, deixando intacta a essência dessas relações de poder, continua operando dentro da moldura geral de uma política de status quo).

  1. Não se pode considerar como imperialista toda política externa que vise à preservação de um império já existente;

(Apesar de parecer ter sentido o emprego do termo imperialismo às políticas de um império existente, torna-se confuso e enganador aplicar o mesmo termo às políticas internacionais de natureza essencialmente estática e conservadora; isso porque no campo da política internacional, o imperialismo é contrastado com a política do status quo, e como consequência, possui uma conotação dinâmica).

  • Imperialismo é definido como uma política que visa à demolição do status quo, buscando uma alteração nas relações de poder entre duas ou mais nações;

  • Teorias Econômicas do Imperialismo: marxista, liberal e “diabólica”.
  • Marxista: o fenômeno político do imperialismo é um produto do sistema econômico em que ele se origina – isto é, o capitalismo;
  • Liberal: a raiz do imperialismo está no excesso de mercadorias e capitais que buscam saídas em mercados estrangeiros;
  • Marxista x Liberal: a diferença reside na crença em uma alternativa nacional ao imperialismo (o remédio pode ser alcançado com a expansão do mercado doméstico, mediante reformas econômicas, tais como o acréscimo no poder aquisitivo e a eliminação de poupanças em quantidade excessiva).
  • Diabólica: opera em um nível mais baixo. Identifica certos grupos que muito ganharam nos conflitos, os “vendedores de guerras” ou “seres diabólicos”. Uma vez que eles lucraram com as hostilidades, deduz-se que devem ter tido interesse em que houvesse guerra.
  • Marxistas extremados: capitalismo e imperialismo são a mesma coisa x Marxistas moderados: o imperialismo é o resultado de desajustes dentro do sistema capitalista.
  • Crítica dessas teorias
  • O imperialismo não é determinado em função de motivações econômicas, capitalistas ou não.
  • A interpretação econômica do termo transforma a experiência histórica limitada, baseada em alguns poucos casos isolados, em uma lei universal da história.
  • Três estímulos ao imperialismo
  1. Guerra vitoriosa: quando duas nações se encontram em guerra, o mais provável é que a nação que antecipa a vitória procure seguir uma política que vise a uma modificação permanente das relações de poder com o inimigo derrotado. Com a proximidade da vitória, uma guerra defensiva transforma-se em uma guerra imperialista;
  2. Guerra perdida: a política de imperialismo seguida pelo vencedor, quando pode antecipar sua vitória, muito provavelmente dará lugar, mais cedo ou mais tarde, a uma política de imperialismo por parte do perdedor. Se o derrotado não tiver sido destruído para sempre ou de algum modo aliciado para a causa do vencedor, ele vai querer reconquistar o que já perdeu e, se possível, ganhar algo mais.
  3. Fraqueza: uma situação típica que favorece as políticas imperialistas reside na existência de Estados fracos ou de espaços politicamente vazios, que podem constituir-se em presas atrativas e acessíveis a um Estado mais forte. (A atração causada pelo vácuo de poder é um estímulo às práticas imperialistas).
  • Três objetivos do imperialismo
  1. Império mundial: deter o domínio de todo o globo;
  2. Império continental: preponderância de poder estritamente localizada; - a política imperialista, nesse caso, pode não ter outros limites senão os representados pelo poder da resistência das vítimas em potencial. EUA no século XIX: domínio sobre a maior parte do continente norte-americano pode ser considerada como primordialmente, mas não exclusivamente, determinada pelos limites geográficos de um continente, uma vez que os EUA não tentaram colocar o Canadá e o México sob seu jugo, embora tivessem podido fazê-lo.
  3. Preponderância local: preponderância restrita por limites geograficamente determinados, tais como as fronteiras físicas de um continente, ou reduzida aos objetivos localizados do próprio poder imperialista;
  • Três métodos do imperialismo
  1. Imperialismo militar: busca a conquista militar – (A vantagem desse método reside no fato de que as novas relações de poder resultantes da conquista militar só podem ser alteradas após outra guerra instigada pela nação derrotada).
  2. Imperialismo econômico: busca a exploração econômica de outros povos; - (Método menos invasivo, e, de modo geral, menos eficaz que a modalidade militar)
  3. Imperialismo cultural: busca o deslocamento de uma cultura por outra – mas sempre como um meio de atingir o mesmo fim imperialista; (Esse fim é sempre a derrubada do status quo, isto é, a reversão das relações de poder entre a nação imperialista e suas vítimas em potencial).
  • Como identificar e combater uma política imperialista
  • Trata-se de avaliar a natureza da política exterior seguida por uma outra nação e, consequentemente, o tipo de política externa que deve ser adotado como resposta à mesma.
  • Será ou não imperialista a política exterior da outra nação? Será que ela busca subverter a distribuição de poder existente? Ou se limita a contemplar ajustes dentro da moldura geral do status quo existente?
  • O problema da política: contenção, apaziguamento e temor
  • Política de contenção: ergue uma parede – que pode ser de verdade -. “Somente até aqui e nenhum passo a mais”. Ex: Grande Muralha da China.
  • Política de apaziguamento: tenta contrapor-se ao imperialismo como se este constituísse uma política de status quo.

Uma política de apaziguamento adotada por um dos lados pressupõe uma política de imperialismo do outro. Isto é: se A aplica em relação a B uma política de apaziguamento, simultaneamente, estaremos dizendo que B segue com respeito ao A uma política de imperialismo.

  • O apaziguamento representa uma forma corrompida de política de acomodação, adotada erroneamente devido ao equívoco de tomar uma política de imperialismo como se fosse uma política de status quo.
  • Uma vez que a política de contenção tenha conseguido refrear a ação de uma política de imperialismo, ou que esta última tenha chegado ao seu limite, o mecanismo de contenção (resistência inflexível) pode dar lugar à acomodação (toma lá, dá cá).
  • Política do Temor: o receio de um lado alimenta o medo do outro, e vice-versa. Em cada um dos lados desperta o surgimento de políticas que buscam conter o imperialismo do lado oposto. São tomadas contramedidas contra essas medidas. Consequentemente, as grandes potências se veem em um ciclo vicioso.

  • O problema da identificação

  • Toda política externa inteligente, que sabe reconhecer onde existe um imperialismo de verdade e que consegue identificar a sua natureza específica vê-se confrontada com cinco dificuldades:
  1. O imperialismo constitui uma política de conquista. Mas nem toda política de conquista representa uma forma de imperialismo; (Tal assertiva se coaduna perfeitamente com o que Morgenthau enfatizou anteriormente a respeito da distinção entre uma política de conquista que opera dentro do status quo e uma outra que busca subverte-lo).
  2. Uma política que começa por buscar ajustes dentro de um certo quadro de distribuição de poder é suscetível de mudar a sua natureza, tanto como decorrência de seu sucesso como em virtude de um processo de frustração; (A facilidade com que foram atingidos os objetivos originais, dentro da já estabelecida distribuição de poder, pode sugerir à nação expansionista que ela está lidando com antagonistas fracos, motivo por que uma alteração nas relações de poder existentes poderá ser conseguida sem grande esforço ou risco).
  3. Um outro problema trata-se da definição da modalidade de imperialismo com a qual se tem de lidar; (Ex: um imperialismo localizado e vitorioso pode encontrar em seu próprio sucesso um incentivo para propagar-se cada vez mais, até atingir proporções continentais ou mundiais. Um outro Estado pode considerar necessário ampliar sua supremacia em uma escala ainda mais ampla, de modo a sentir-se seguro apenas como um império mundial).
  4. Outro obstáculo reside na necessidade de reconhecer rapidamente uma mudança na política imperialista de outra nação. E uma eventual incapacidade de adaptar prontamente sua política exterior a essa modificação constituirá nova fonte de erro.
  5. Finalmente, trata-se do problema de distinguir a verdadeira natureza de uma política externa que se esconde por trás de seus disfarces ideológicos; (uma política de imperialismo quase nunca revela a sua face verdadeira nos pronunciamentos dos que a adotam).

CAPÍTULO VII – A luta pelo poder: política de prestígio

  • A política de prestígio corresponde a 1/3 das manifestações básicas na luta pelo poder.
  • Ela muito raramente consiste em um fim em si mesmo, mas muitas vezes a política de status quo e imperialismo buscam alcançar seus fins através dela.
  • O que somos como membros de uma sociedade acaba sendo muito mais pela imagem refletida no espelho das mentes de nossos companheiros (nosso prestígio) do que pelo próprio original, porque a figura do espelho pode ser apenas uma imagem distorcida.
  • O propósito da política de prestígio é convencer outras nações o que seu país realmente possui, ou que ele acredita, ou deseja que as nações suponham que ele tem.

  • Cerimonial Diplomático
  • As relações entre diplomatas prestam-se naturalmente a servir como instrumentos de uma política de prestígio, visto que os diplomatas os representantes simbólicos de seus respectivos países.
  • A política de prestígio que se concretiza mediante a demonstração de poder, que uma nação tem, ou demonstra ter, encontra um campo fértil na escolha da localização de encontros internacionais.
  • Normalmente, uma nação que tenha a preponderância de poder sobre um determinado campo de atividades ou região geográfica insiste que as conferências internacionais que tratem de matérias referentes àquele campo ou região de seu interesse, se realizem dentro ou pelo menos perto de seu território.

  • Exibição de força militar
  • Além das missões diplomáticas, a política de prestígio também pode pregar demonstrações militares para alcançar seus objetivos
  • A força militar é a mais óbvia medida do poder de uma nação sobre as demais
  • O prestígio é empregado ora como meio de dissuasão, ora como instrumento para a preparação da guerra. Cada um deseja que o prestígio de sua própria nação seja suficientemente grande para demover as outras nações a recorrerem a guerra;
  • Dois objetivos da política de prestígio
  •  O prestígio que é buscado como um fim em si mesmo;
  • Nesse caso, o prestígio não consiste na reputação do poder, mas na própria substância do poder.
  • A demonstração de poder no cenário interno é diferente do externo.
  • A função que a política de prestígio desempenha para as políticas de status quo e de imperialismo se origina da própria natureza da política internacional.
  • O prestígio ajuda a manter o status quo.
  • Independente dos objetivos finais de um país, a sua reputação consiste em um poder importante na determinação ou falência de sua política externa.
  • O prestígio se tornou uma arma política importante em um cenário que a luta pelo poder não é mais marcada apenas pelos métodos tradicionais, mas também em um combate em que a conquista se torna a mente dos homens.
  • Três deteriorações da política de prestígio
  • Não basta uma nação se utilizar apenas da política de prestígio, pois ela corre o risco de fracassar;
  • O prestígio de uma nação é estabelecido quando: reflete a soma total de qualidade e ações de um país, seus sucessos e suas derrotas, suas memórias e aspirações históricas;
  • Uma nação faz mais do que deve também quando: exagera na pintura do seu vigor e com isso tenta ganhar um prestígio que excede o seu real potencial de poder;
  • Porém, não é menos errado adotar uma política que se transporta pra outro extremo e tenta fazer com que a reputação de poder seja menor do que o propriamente tido;

CAPÍTULO VII – O elemento ideológico na política internacional

  • A natureza das ideologias políticas

  • A verdadeira natureza da política se esconde por trás de justificações e racionalizações ideológicas;
  • O ator não consegue esquivar-se de “representar um papel”, ao esconder a verdadeira natureza de suas ações políticas por trás da máscara de uma ideologia;
  • Embora toda e qualquer política consista necessariamente em uma luta por poder, as ideologias tornam o envolvimento nessa disputa não só moral como psicologicamente aceitável para os atores e sua plateia;
  • Os princípios legais e éticos preenchem uma função dupla na esfera da política internacional: podem constituir ou os propósitos finais da ação política, ou apenas pretextos e fachadas falsas por trás das quais se esconde o elemento de poder.
  • Está na própria natureza da política obrigar o ator que se encontra no cenário político a empregar ideologias no intuito de encobrir o objetivo imediato de sua ação;
  • O objetivo imediato da ação política é o poder, e o poder político significa poder sobre as mentes e as ações dos homens;
  • Então o ator na cena política é sempre, ao mesmo tempo, um senhor potencial e um súdito em perspectiva. Enquanto ele busca alcançar poder sobre outros, outros visam ganhar poder sobre ele; Ele tenderá a considerar como justo o seu próprio desejo de poder, mas condenará como injusto o desejo dos outros de conquistar poder sobre ele;
  • As ideologias, como todas as ideias, são armas que podem elevar a moral nacional e, com ela, o poderio de uma nação;
  • Ideologias típicas da política exterior
  • Políticas imperialistas quase sempre recorrem a disfarces ideológicos, ao passo que as políticas de manutenção do status quo podem ser apresentadas mais frequentemente como elas são na realidade;
  • Ideologias do status quo
  • Uma política de manutenção do status quo pode muito frequentemente revelar a sua natureza e pôr de lado os disfarces ideológicos, uma vez que o status quo, pelo próprio fato de existir, já adquire uma certa legitimidade moral;
  • Um país que aplica uma política de status quo está buscando apenas a preservação de um poder que já possui, motivo pelo qual pode evitar a necessidade de contemporizar com o ressentimento de outras nações ou seus próprios escrúpulos;
  • A paz e o direito internacional se prestam especialmente bem para servir como ideologias para uma política de status quo;
  • É normal que uma política externa que proclama o pacifismo como seu princípio norteador seja tida como anti-imperialista e apoie a manutenção do status quo;
  • A invocação do direito internacional, ou de fórmulas como “ordem na forma de lei” ou “processos legais ordinários”, em apoio a uma determinada política externa, indicará sempre o disfarce ideológico de uma política de status quo;
  • A fórmula “manutenção do status quo” é substituída por outra como “manutenção da paz e segurança internacionais”.
  • Ideologias do imperialismo
  • Uma política de imperialismo está sempre à procura de uma ideologia, uma vez que, contrariamente ao que ocorre com a política de status quo, o imperialismo sempre tem a necessidade da prova;
  • Cabe-lhe provar que o status quo que ele pretende derrubar merece ser derrubado.
  • Na medida em que as ideologias típicas do imperialismo fazem uso de conceitos legais, elas não podem recorrer ao direito internacional positivo. A qualidade dinâmica do imperialismo demanda ideologias dinâmicas;
  • Quando a política imperialista tem origem em um vácuo de poder que incentiva conquistas, as ideologias morais tomam a forma de apelo a um direito natural justo. Essa missão de conquistar povos assume expressões como “missão nacional”, “o destino manifesto”, uma “missão sagrada”, um “dever cristão”;
  • Qualquer filosofia política, sempre que for abraçada com o fervor de uma fé religiosa e coincidir com uma política imperialista, tenderá a transformar-se facilmente em um instrumento de simulação ideológica;
  • Em épocas mais recentes, as ideologias do imperialismo vêm preferindo argumentos de ordem biológica, ou seja, seria contrário às normas da natureza que o forte não dominasse o fraco, e que este tentasse igualar-se ao forte;
  • A modalidade mais largamente disseminada de disfarce e justificação do imperialismo, contudo, corresponde tradicionalmente à ideologia do anti-imperialismo;
  • Desde o fim da SGM, as políticas externas, não só a americana e a britânica, como a russa e a chinesa, vêm sendo justificadas tendo como referência os objetivos imperialistas de outras nações;
  • Ideologias ambíguas
  • A ideologia do anti-imperialismo deve sua eficiência à sua própria ambiguidade;
  • Ela costuma confundir o observador, que nem sempre consegue saber com segurança se está lidando com uma ideologia de anti-imperialismo ou com a verdadeira expressão de uma política de status quo;
  • Nos séculos XVIII e XIX, o equilíbrio de poder foi usado como uma arma ideológica pelos defensores do status quo e pelos promotores do imperialismo; em tempos recentes, tal função foi preenchida pelas ideologias da autodeterminação nacional e das Nações Unidas. Desde o começo da Guerra Fria, acrescentaram-se a essas, as ideologias da paz e do relaxamento das tensões.
  • O problema do reconhecimento
  • O reconhecimento das tendências imperialistas e de sua natureza peculiar depende de que se tenha conseguido fazer uma distinção bem nítida entre um determinado posicionamento ideológico e os objetivos reais das políticas de fato exercidas;
  • Esse problema pode ser agravado por duas outras dificuldades que são peculiares à política internacional:
  1. Consiste em distinguir entre um blefe indicador de uma política de prestígio e um disfarce ideológico de imperialismo efetivo.
  2. Consiste em descobrir, por trás de um disfarce ideológico de status quo ou de imperialismo localizado, o sentido verdadeiro da política realmente adotada;
  • Determinar o caráter verdadeiro de uma política externa, por trás de seu disfarce ideológico deliberado torna-se tarefa particularmente difícil quando são empregadas como disfarce as ideologias do status quo;
  • A solução para esse enigma não deve ser buscada somente no caráter das ideologias, mas na soma total dos fatores que determinam a política externa de uma nação;

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