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Resenha Crítica do livro Terra Sonâmbula de Mia Couto

Por:   •  23/2/2022  •  Trabalho acadêmico  •  1.409 Palavras (6 Páginas)  •  532 Visualizações

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Universidade Federal do Rio Grande                                                     [pic 1]

Curso de Relações Internacionais

Docente: Prof. Dr. José Carlos da Silva Cardozo

Discentes: Ana Vitória Cardoso dos Santos; Camila Nunes Dorneles

Disciplina: História das R.I II

Semestre Letivo: Segundo Semestre

Terra Sonâmbula: uma metafórica história de esperança em meio à guerra

‘’Agora, eu via o meu país como uma dessas baleias que vêm agonizar na praia. A morte nem sucedera e já as facas lhe roubavam pedaços, cada um tentando o mais para si.’’. É com esse trecho violento que já no primeiro capítulo de a Terra Sonâmbula, obra de Mia Couto publicada em 1992, é possível compreender as consequências da guerra civil em Moçambique. António Emílio Leite Couto ou Mia Couto, é um escritor e biólogo moçambicano. Terra Sonâmbula, o seu primeiro romance, ganhou o Prémio Nacional de Ficção da Associação dos Escritores Moçambicanos em 1995 e foi considerado um dos dez melhores livros africanos do século XX. Além de ser considerado um dos escritores mais importantes de Moçambique, é o escritor moçambicano mais traduzido, em muitas de suas obras ele tenta recriar a língua portuguesa com uma influência moçambicana, utilizando o léxico de várias regiões do país e produzindo um novo modelo de narrativa africana. Dentre os muitos prêmios literários com os quais foi homenageado está o Prêmio Neustadt, tido como o Nobel Americano sendo juntamente com  seu colega João Cabral de Melo Neto os únicos escritores de língua portuguesa que receberam esta honraria.

Portanto, uma obra nascida dos escombros da guerra civil em Moçambique, Terra Sonâmbula, traz mensagens a respeito da influência desse conflito na vida dos cidadãos desse país, o preconceito étnico e a importância da escrita e da leitura com uma forma de esperança e fé em um futuro melhor. Mia Couto encanta os leitores prendendo a suas atenções por meio de uma narrativa dinâmica, envolvente repleta por metáforas e uma escrita fluida. A dinâmica de sua história está relacionada com a dicotomia da narrativa entre a dupla composta por um senhor de idade, Tuahir, e um jovem chamado Muidinga e a história de Kindzu. Em 11 capítulos a história de desfecho surpreendente e narrativa envolvente nos permite realizar diversas reflexões a partir do seu conteúdo literário.

A obra ambienta-se, a princípio, em uma estrada morta acompanhada de duas pessoas, uma criança e um velho, respectivamente chamados Muidinga e Tuahir, fugindo do campo de deslocados por consequência da guerra que destruiu as casas de ambos. Nesse contexto, é possível perceber no livro os neologismos de Mia Couto quando se refere a um ônibus, machimbombo como é descrito, é encontrado queimado por Muidinga e Tuahir, que servirá de abrigo pela noite. Entretanto, para o horror dos dois, o local continha vários corpos carbonizados, demonstrando a violência que estão sobrevivendo, e apenas um homem não estava queimado, estava baleado ao lado de uma mala que fez surgir curiosidade nos dois, e no fundo dessa mala havia vários cadernos que logo chamam a atenção da criança. Esses cadernos, na verdade, diários, pertencem a Kindzu, protagonista da próxima história que irá ser contada em primeira pessoa. Lida por Muidinga, Kindzu era um jovem que morava em um vilarejo naquele mesmo país, ele conta como a guerra afetou diretamente sua família, ele tinha um pai chamado Taímo, que tinha visões do futuro, uma mãe e um irmão chamado Juhnito, que tem uma história extremamente trágica por conta da visão de seu pai, de acordo com ele, Juhnito iria morrer e por isso, deveriam esconder o garoto no galinheiro, disfarçando-o como o animal, infelizmente não funcionou, pois Juhnito acabou desaparecendo sem nenhuma explicação, provavelmente tenha sido roubado, o roubo de galinhas acontecia comumente naquele local. Nesse contexto, vê a sanidade da mãe indo embora e seu pai afogar-se nas bebidas até vir a falecer, e com a continuidade da guerra Kindzu acaba por ficar sozinho no vilarejo assolado pela guerra, destruído, apenas sobrando casas de cimento vazias com buracos de balas e invadidas. Contudo, ainda restava um amigo que pudesse contar, o indiano chamado Surendra e sua esposa Assma, que infelizmente eram vistos como forasteiros por conta de sua etnia, e por isso, teve sua loja queimada fazendo-o ir embora do local. A importância do personagem Surendra revela-se no momento de sua própria existência dentro do livro e com suas falas que buscam acabar com o preconceito étnico em que vive, o autor mostra a xenofobia que ocorre em Moçambique a partir da visão do personagem, evidenciando a importância da luta contra a questão citada. 

Kindzu decide partir em seu barco que deveria ter o nome de seu pai Taímo para homenageá-lo e trazer sorte. Nesse contexto, é nítida as criações metafóricas, fantasiosas e surreais de Mia Couto diante da história em que Kidzu sonhava com seu pai e o seu desejo de se tornar um guerreiro da justiça, um Naparama. Outrossim, a narrativa é cortada pela continuação da história dos dois primeiros personagens Tuahir e Muidinga compartilhando suas vivências, descobrindo-se que Tuahir deveria enterrar o corpo do garoto pensando que estava morto, e para a sua surpresa, ele lutava pela sua vida. Tuahir o nomeou de Muidinga. 

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