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Serviço Social

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Por:   •  21/11/2013  •  5.624 Palavras (23 Páginas)  •  301 Visualizações

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Assessoria, consultoria, auditoria e supervisão técnica Maurílio Castro de Matos Mestre em Serviço Social (UFRJ) e Doutorando em Serviço Social (PUC-SP). Assistente Social da Secretaria Municipal de Saúde de Duque de Caxias, Rio de Janeiro. Professor Assistente da Faculdade de Serviço Social da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ).

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Assessoria, consultoria, auditoria e supervisão técnica Introdução Nos últimos anos temos assistido no Serviço Social referências ao exercício profissional no campo da assessoria/consultoria. Isso é interessante, mas como toda temática emergente deve ser tratada com cuidado para que não se caia em um modismo, tão querido pela onda pós-moderna na sua busca frenética de novas “teorias” e “metodologias”. Acreditamos que a temática da assessoria/consultoria é importante para a profissão, mas não pode ser tratada de forma independente do rico debate teórico que o Serviço Social vem acumulando nas últimas décadas. Uma temática só é emergente em uma profissão quando há a incidência de pelo menos duas variáveis. Uma é a conjuntura, que passa a uma categoria profissional um conjunto de demandas que até então eram inexistentes ou inexpressivas. É a demanda da realidade e a capacidade de resposta dos profissionais que fazem a emersão, ou não, da citada demanda. Outra variável é que, ao mesmo tempo em que conectados com a realidade, os profissionais de uma categoria, podem estimular a realização de ações até bem pouco tempo não priorizadas ou mesmo não realizadas. Obviamente, que a segunda variável só se efetiva se houver uma ressonância da demanda na realidade, ou seja, o que está colocado é a capacidade de alguns profissionais de perceberem uma demanda em potencial e provocá-la para que esta se efetive.

Parece-nos que o vulto da temática assessoria/consultoria no Serviço Social na atualidade é uma confluência das duas incidências. Tanto há demandas explícitas para esse trabalho para os(as) assistentes sociais; como também os(as) assistentes sociais, notadamente os(as) envolvidos(as) na docência, vêm buscando espaços de assessoria. Em ambos, o que está em cena é a capacidade intelectiva que os(as) assistentes sociais vêm tendo. Os que requisitam os profissionais de Serviço Social para assessoria/consultoria vêem neste sujeito uma capacidade de conhecimentos a serem disponibilizados, em geral sobre políticas sociais e na área de mobilização social. E os profissionais de Serviço Social que buscam a assessoria/consultoria, identificam esse espaço como propício para a efetivação do atual projeto de formação profissional do assistente social ou como uma alternativa de trabalho. Contudo, esse

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conhecimento que hoje os profissionais de Serviço Social detêm pode estar servindo a distintos interesses. Os profissionais de Serviço Social vêm sendo demandados a assessorar a criação de políticas sociais, de serviços sociais, de trabalhos educativos junto à população, entre outros. Contudo cabe indagarmos: para fortalecer interesses de quais segmentos essas assessorias e consultorias têm sido desenvolvidas? É nos rumos dessa reflexão – entre a riqueza do potencial de assessoria que os assistentes sociais hoje apresentam e os riscos imanentes de uma ação não problematizada desta natureza – que este artigo se inscreve. Para tanto iniciaremos por uma necessária reflexão conceitual sobre assessoria/consultoria; apontaremos os possíveis problemas e as riquezas potenciais da assessoria/consultorias para o Serviço Social e, por fim, discutiremos estratégias para o trabalho de assessoria/consultoria rumo ao fortalecimento da democracia e dos direitos humanos na perspectiva tratada no atual Código de Ética dos Assistentes Sociais, sempre em articulação com experiências concretas sobre assessoria/consultoria retiradas da bibliografia disponível. 1 As origens da temática assessoria/consultoria no Serviço Social

A recorrência ao tema assessoria/consultoria no Serviço Social não é tão recente. Identificamos a remissão a esta, em textos de circulação restrita, em meados dos anos de 19701. Contudo, foi desde então um tema lateralizado na profissão. A temática no Serviço Social sempre esteve ligada a busca de uma nova possibilidade de atuação profissional, para além das ações profissionais classicamente desenvolvidas pelo Serviço Social (intervenção junto aos usuários dos serviços sociais e políticas sociais públicas ou privadas).

A remota produção dos anos de 1970 apresenta a assessoria como uma estratégia de atuação que visa à superação da tricotomia de intervenção, à época, do Serviço Social: caso, grupo e comunidade. Aponta para a riqueza da atuação profissional na assessoria, mas já indica a nebulosa compreensão do que seja assessoria, a partir de entrevistas com assistentes sociais que se julgam assessores. O estudo conclui que na realidade poucas dessas atuações são de

1 Não faremos aqui uma análise bibliográfica. Apenas recorremos a alguns textos como forma de ilustração. Para reflexões sobre a produção na área, ver Fonseca (2006) e Matos (2006).

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assessoria e o que há é uma adoção dessa nomenclatura devido ao status que a mesma disponibiliza (VASCONCELLOS; SAVOY; GUIRADO; 1977). Os anos de 1980 apresentam duas importantes questões para o estudo do tema. O primeiro é o artigo sobre assessoria escrito por Balbina Ottoni Vieira (1981) e inserido em seu segundo livro sobre supervisão. Esse artigo, escrito em pressupostos do estrutural-funcionalismo, trata da importância da assessoria para assistentes sociais. A segunda questão é a experiência, vivenciada por vários cursos de Serviço Social no Brasil, da criação de campos próprios de estágio junto aos movimentos sociais. Esses trabalhos, mesmo que na época não seja ainda uma assessoria, face à nebulosa relação entre exercício profissional e prática política, foram os percussores das atividades de assessoria que hoje os assistentes sociais desenvolvem no campo das políticas sociais. Os anos de 1990 apresentam um boom da temática assessoria, que está ligado a duas questões. A primeira pela conjuntura de reestruturação produtiva e reforma do aparelho do Estado que exigiu a reorganização das instituições. Nesse processo, o conhecimento do Serviço Social foi solicitado (o que demonstra o reconhecimento acadêmico da profissão) e disponibilizado, tanto na perspectiva da busca da garantia dos direitos da população usuária, como ao contrário com vistas a contribuir para aprofundamento da redução de direitos que a citada reforma e a reestruturação produtiva promoveram. Aqui também há indícios de um elogio inocente dos assistentes sociais

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