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Uma Análise Crítica Sobre "A História da Guerra", de John Keegan

Por:   •  3/5/2016  •  Resenha  •  809 Palavras (4 Páginas)  •  2.248 Visualizações

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Uma análise crítica sobre “ Uma História da Guerra” e as opiniões de seu autor

Na obra de Keegan, o autor procura explicar como funcionaria a guerra tendo como apoio constante em suas análises as críticas à teoria do prussiano e oficial de regimento, Carl Von Clausewitz. John Keegan era um conservador inglês que desprezava o iluminismo e a Revolução Francesa, assim como toda a filosofia alemã, por ser extremamente contra as teses universalistas e reducionistas.

No livro "Uma História da Guerra", Keegan afirma que a guerra é um evento cultural e seus argumentos se baseiam, primordialmente, em críticas à teoria de Clausewitz. Ele critica principalmente a "cegueira cultural" do militar, afirmando que apenas ter visto e participado das guerras napoleônicas não o torna capaz de criar uma teoria geral e universalista da guerra. Para Keegan, Clausewitz estava "batalhando para formar uma teoria universal do que a guerra deveria ser, ao invés de tratar do que a guerra realmente era e fora" (1993, p. 22).

O inglês acredita que teorias universais seriam equivocadas, redutivistas, e justifica isso com observações que o fazem perceber a influência da cultura na guerra. Para Keegan, a guerra é majoritariamente cultural. Para expor seu ponto de vista, ele utliza exemplos históricos, como o da Ilha de Páscoa, dos Zulus, dos Mamelucos e dos Samurais. Em cada um desses exemplos ele descontrói a teoria de Clausewitz, mostrando os povos que lutavam de formas completamente diferentes e ajustadas à cultura deles. Clausewitz era um militar prussiano, altamente mergulhado na cultura germânica militar e nacionalista, e, na visão de Keegan, falhou em olhar para as culturas alheias à dele, principalmente onde, de acordo com ele, “tanto Estado quanto regimento são conceitos alienígenas” (1993, p. 40)

Keegan dizia que, por a guerra ser um fenômeno cultural, ela poderia facilmente cair em desuso, já que a cultura muda e se adequa às constantes mudanças da sociedade e dos seres humanos. Dessa forma, mesmo que ela não caísse em desuso, a forma de guerrear poderia sofrer extremas alterações com o decorrer do tempo, tanto pela cultura mutável quanto pelo avanço da ciência e da tecnologia, que também poderiam trazer à tona um novo tipo de poder bélico.

Uma das principais críticas de Keegan em relação à teoria de Clausewitz se baseia na crença dele de que ela, na verdade, representava uma ideologia, e “apresentando uma visão do mundo não como ele era realmente, mas como poderia ser” (1993, p.39). Ele, porém, acaba se equivocando um pouco nessa afirmação, tendo em vista que Clausewitz, ao escrever sua teoria, deixa claro que ele nunca pretendeu fazer um “manual” sobre como vencer a guerra. O oficial sabia que guerras eram sempre difíceis, especialmente se estendessem por muito tempo, já que quanto mais longas mais chances tinham de dar errado.

Clausewitz focou muito na questão da fricção, que eram as forças alheias à vontade do comandante, como o cansaço dos soldados, as condições do clima e geográficas, o terreno, e o acaso, por exemplo. Ele sabia que guerras não eram simples, e que não havia uma forma à prova de falhas de ganhá-las. Clausewitz frisava que o que ele pretendia era criar um refinamento de juízo, e talvez Keegan não tenha interpretado isso tão corretamente.

        Durante todo seu texto, Keegan rebate as visões de Clausewitz e tem seus argumentos sustentados majoritariamente por argumentos históricos, principalmente tentando mostrar o quanto as tais teorias reducionistas, as quais ele abominava mas eram fortemente sustentadas por Clausewitz, poderiam ser válidas na teoria, mas não na prática. Para Keegan, as teses universalistas não serviam para os seres humanos porque eles eram individuais, não universais, e todos são extremamente influenciados por suas culturas, caminhadas históricas e sociedades diferentes.

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