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A Teologia como Ciência

Por:   •  16/6/2025  •  Trabalho acadêmico  •  1.868 Palavras (8 Páginas)  •  8 Visualizações

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RESUMO DO ARTIGO “MOBILIDADE RELIGIOSA NO BRASIL – CONVERSÃO OU TRÂNSITO RELIGIOSO?” DOS AUTORES:  ALESSANDRO BARTZ; ONEIDE BOBSIN; RUDOLF VON SINNER

GIOVANNI LUIZ MACHADO

O artigo “Mobilidade religiosa no Brasil – conversão ou trânsito religioso?” trata de um fenômeno contemporâneo de grande relevância: a crescente pluralização do campo religioso brasileiro e os fluxos de mobilidade religiosa, seus motivos e consequências. Os autores Alessandro Bartz, Oneide Bobsin e Rudolf von Sinner lançam um olhar atento para os diversos processos que envolvem a mudança ou circulação das pessoas entre igrejas, denominações e tradições religiosas no Brasil, e discutem se faz sentido falar de “conversão” no contexto brasileiro atual ou se o termo mais adequado seria “mobilidade” ou “trânsito religioso”

A religião no Brasil não é mais um campo monolítico ou homogêneo, mas um universo plural e dinâmico em constante movimento. O fenômeno da mobilidade religiosa, que inclui tanto as trocas explícitas de filiação religiosa quanto os deslocamentos mais sutis entre símbolos, práticas e crenças, torna-se uma realidade dominante no cenário religioso brasileiro contemporâneo. Esse processo revela transformações profundas, não apenas na paisagem religiosa, mas também no modo como as pessoas vivenciam a fé, constroem suas identidades espirituais e interagem socialmente.

1. O Pluralismo Religioso e a Complexidade do Campo Religioso Brasileiro

Os autores ressaltam que o Brasil deixou de ser apenas um país católico para se tornar um território marcado pela pluralidade e pela mobilidade religiosa. Historicamente, durante o século 20, a identidade brasileira esteve quase que sinônima à Igreja Católica Romana. A República afastou o status de religião oficial, abrindo espaço para a livre organização das diversas religiões. Desde então, surgiram e cresceram significativamente diversos grupos pentecostais, trazendo uma nova dinâmica ao campo religioso. O Brasil tornou-se o país com o maior número absoluto de pentecostais do mundo em termos numéricos, e a presença dessas igrejas e de outras denominações evangélicas caracteriza um ambiente de competição no que se denomina o “mercado religioso”

No Brasil contemporâneo, o pluralismo religioso é um fato evidente e crescente. Em meio a um contexto marcado pela convivência e interação de múltiplas religiões e tradições, observa-se um cenário religioso que ultrapassa a simples coexistência de diferentes crenças. Segundo o que foi descrito, pode-se pertencer simultaneamente a religiões diversas, como candomblé e catolicismo, ou ainda unir práticas espíritas ou budistas com tradições cristãs. Essa complexidade implica, para além dos dados estatísticos, uma reconfiguração da experiência religiosa que desafia as categorias tradicionais de análise.

Tal fenômeno está profundamente ligado à diversidade cultural brasileira, fruto da herança colonial, da miscigenação e da imigração. Não obstante a convivência inter-religiosa e as múltiplas formas de sincretismo, as diversas crenças mantêm identidades próprias e, simultaneamente, promovem formas híbridas e subjetivas de religiosidade. O desafio teórico, então, reside em captar essa dinâmica sem perder o foco nas instituições e doutrinas que continuam a moldar as comunidades religiosas e oferecer modelos de vida religiosa e orientação espiritual.

2. Mobilidade Religiosa: Entre Mercado e Subjetividade

O fenômeno da mobilidade no campo religioso brasileiro pode ser compreendido tanto pela ótica estrutural quanto pela subjetiva. Estruturalmente, o campo religioso é descrito por alguns pesquisadores como um "mercado religioso", em que as igrejas e denominações competem por seguidores. Esse mercado é permeado por uma "oferta" crescente e uma "procura" diversificada por parte dos fiéis, o que resulta em contínuos deslocamentos, especialmente entre igrejas cristãs, com destaque para a migração dos católicos para as igrejas pentecostais.

Essa competição não se dá apenas de maneira utilitária, mas envolve múltiplos fatores sociais que incluem desde a busca por identificação comunitária até motivações religiosas genuínas. A mobilidade não é um fenômeno meramente externo à religiosidade, mas está ligada a uma busca pessoal e interior por significado, pertencimento e transformação espiritual. Os relatos dos fiéis consultados indicam que essas mudanças religiosas são mais do que meras trocas de templo; elas implicam processos complexos de resignificação da fé e de reconfiguração da identidade cristã ou religiosa.

Nesse mercado, as congregações religiosas não apenas oferecem uma experiência religiosa, mas também funcionam como espaços sociais e comunitários, oferecendo redes de apoio e modelos de vida. Essa combinação entre dimensão institucional e subjetividade torna o fenômeno bastante complexo. Por isso, falar de conversão somente como uma ruptura biográfica absoluta pode ser insuficiente, dadas as múltiplas formas que essa mudança de pertença pode assumir. Leonildo Silveira Campos, citado pelos autores, propõe distinguir formas diferentes de conversão, que envolvem desde rupturas radicais a processos sutis de continuidade e descontinuidade. Muitas vezes, as trocas religiosas acontecem de maneira pouco espetacular e podem ser interpretadas mais como trânsito do que como conversão propriamente dita

3. Conversão versus Trânsito Religioso: Uma Questão em Debate

A mobilidade religiosa se manifesta especialmente entre igrejas e denominações cristãs que se enxergam como concorrentes, num mercado plural de opções disponíveis. Não se pode reduzir essa mobilidade apenas a fatores sociais ou pragmáticos, pois existe uma motivação religiosa genuína na busca por vínculos e experiências que atendam às necessidades emocionais, espirituais e comunitárias dos indivíduos. Entre as pessoas que mudam de filiação religiosa, são comuns relatos de “ruptura biográfica”, em que existe um claro “antes e depois” na narrativa pessoal, especialmente em migrações do catolicismo romano para igrejas pentecostais, que costumam apresentar discursos de conversão bastante padronizados

No debate acadêmico, especialmente em sociologia e antropologia da religião no Brasil, surge a questão sobre a natureza da mobilidade religiosa. A dúvida fundamental que permeia as análises é se o que se observa pode ainda ser chamado de "conversão" no sentido tradicional ou se se trata de um "trânsito religioso" – uma troca mais fluida, sem a ruptura radical que caracteriza a conversão clássica,.

O conceito de conversão implica geralmente uma mudança significativa, marcada por um claro “antes” e “depois”, uma ruptura biográfica que é narrada e experienciada com intensidade. No Brasil, muitas dessas conversões são observadas, especialmente na transição do catolicismo para as igrejas pentecostais, o que aponta para uma adesão profunda e uma mudança substancial na identidade religiosa do indivíduo. Essas conversões são também sustentadas por narrativas comunitárias que moldam o discurso sobre a experiência religiosa e oferecem um sentido a essa transformação.

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