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A ECLESIOLOGIA JOANINA PRESENTE NA OBRA “A COMUNIDADE DO DISCÍPULO AMADO”

Por:   •  29/5/2020  •  Resenha  •  1.429 Palavras (6 Páginas)  •  603 Visualizações

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS

Instituto de Filosofia e Teologia Dom João Resende Costa

Departamento de Teologia

Disciplina: Exegese Bíblica         IX (João)

Atividade: A eclesiologia joanina presente na obra “A comunidade do Discípulo Amado”

Docente: Padre Luís Henrique Eloy e Silva

Discente: Alan Pereira da Silva

A ECLESIOLOGIA JOANINA PRESENTE NA OBRA “A COMUNIDADE DO DISCÍPULO AMADO”

        Descrever a eclesiologia contida nos textos joaninos não é tarefa fácil, a obra de Raymond E. Brown quer ajudar o leitor a realizá-la. A introdução do livro já coloca em evidência a problematização da eclesiologia joanina a partir da constatação de que expressões como “Igreja”, “Reino de Deus” e “povo de Deus” estão ausentes nos escritos joaninos. Desse modo para o autor a formação da comunidade parece ter ocorrido sob um forte impulso de rejeição, fazendo-a um tanto isolada dos movimentos religiosos da época e acentuando o seu caráter sectário.  

        Brown concorda com o uso do termo seita para designar a comunidade joanina em relação às outras comunidades cristãs no final do primeiro século. Pressupõe a divisão de quatro fases para melhor se reconstituir a vida da comunidade joanina. A primeira fase chamada de pré-evangélica; a segunda que corresponde à época de escrita do evangelho; a terceira fase que corresponde ao período entre o Evangelho e a escrita das epístolas marcado por fortes conflitos no interior da comunidade e por última, a quarta fase, pós-epistolar que é marcada pela dissolução da comunidade.

        Para se responder acerca da eclesiologia joanina é preciso pormenorizar esse delinear histórico proposto pelo autor. A origem da comunidade ocorre por uma de composição de grupos distintos. O primeiro grupo constava de judeus que se aproximaram de Jesus e foram admitindo sua messianidade; entre esses judeus estavam também discípulos de João Batista. O segundo grupo é formado por judeus-cristãos contrários ao Templo que converteram samaritanos e assimilaram alguns elementos do pensamento samaritano inclusive uma cristologia que não era centralizada em um Messias davídico. Esse grupo começa a entrar em conflito com as autoridades judaicas e, especialmente, com o modo farisaico como se vive a experiência religiosa; (daí a expressão “expulsar da sinagoga cf. Jo 9,22).

        O que caracteriza o conflito que se torna um marco dessa fase da composição da comunidade é o aprofundamento da compreensão cristológica (cristologia mais alta) que passa a identificar o Cristo com o próprio Deus, capaz de realizar o bem, perdoar os pecados libertar  salvar o homem; isto definirá a comunidade joanina como uma comunidade periférica, já que os cristãos joaninos foram expulsos das sinagogas e, não obstante sua marginalização, torna-se uma comunidade que compreende-se como comunidade de fé, em oposição à descrença de Israel que rejeita a pessoa e a obra de Jesus. A comunidade joanina torna-se ainda mais inflexível em insistir na condição divina de Jesus.

Um terceiro grupo que formou a comunidade joanina nesse período foram os gentios, acolhidos pela comunidade no contexto de sua rejeição em meio à comunidade judaica da época. Surge uma consciência da universalidade da salvação operada por Cristo e favorecida pela situação geográfica de afastamento da comunidade original do centro religioso de Jerusalém. A rejeição à comunidade joanina por parte dos judeus marca a segunda fase, por volta do ano 90 d.C que corresponde ao período em que o evangelho foi escrito. Insiste-se numa alta cristologia e o surge o termo “mundo” para simbolizar aqueles que rejeitam a “luz” isto é, Cristo. A comunidade joanina volta-se aos judeus da diáspora e aos gentios e passam a se situar definitivamente em território gentio.

Se destaca aqui o contraste entre o grupo “apostólico” (simbolizado em Pedro) e os cristãos joaninos (Discípulo amado). Os cristãos joaninos se consideravam mais próximos de Jesus e mais perceptivos quanto à sua doutrina do que os cristãos apostólicos. O ponto alto da comunidade joanina é a alta cristologia que eles desenvolveram sobretudo no que tange à preexistência de Jesus. No âmbito da eclesiologia a teologia joanina relativiza a importância de instituição e de hierarquia, exatamente quando essa importância estava sendo enfatizada em outras comunidades cristãs.

A comunidade joanina não condena o fundamento apostólico e a sucessão, mas aponta que o essencial é a presença de Jesus viva naquele que crê por meio do Paráclito. O autor reconhece que nesse período a comunidade joanina pode ter tendido a excluir os seus adversários da comunhão cristã o que colabora com a ideia de que os cristãos joaninos fossem uma seita. Contudo, Brown defende que ainda que tudo pareça indicar os joaninos como sectários, ele discorda. A comunidade joanina não se tornou realmente uma seita, não seguiram suas tendências ao ponto de romper a comunhão com aqueles cristãos.

A terceira fase de evolução da comunidade joanina ocorre na década de 100 d.C. e é marcada pela divisão interna na comunidade joanina. Crise que vinha sendo ruminada desde as fases anteriores, devido à cristologia. A contenda se dava em torno da alta cristologia presente no evangelho, por isso a defesa de que as epístolas são escritas posteriormente ao evangelho, pois teriam a intenção de amenizar as tensões. O que aconteceu foi que uma parcela da comunidade, a qual se tornaria separatista, elevou ainda mais a já alta cristologia, afirmando coisas as quais não sabemos por meio de textos provindos de seu próprio movimento, mas unicamente através das oposições expressas nas epístolas. Além da cristologia, outros temas divergentes abrangem a ética (observância dos mandamentos e o amor fraterno), a escatologia e a pneumatologia.

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