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A IDENTIDADE NACIONAL PRESENTE NA OBRA BANGUÊ, DE JOSÉ LINS DO REGO: FOCO NO HOMEM

Por:   •  4/10/2019  •  Ensaio  •  1.572 Palavras (7 Páginas)  •  201 Visualizações

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IDENTIDADE NACIONAL PRESENTE NA OBRA BANGUÊ, DE JOSÉ LINS DO REGO: FOCO NO HOMEM[1]

Marta Millena Rodrigues Magalhães[2]

RESUMO: Este trabalho decorre acerca da nacionalidade presente no romance Banguê, do escritor paraibano José Lins do Rego (1901 – 1957), com foco no homem, na perspectiva dos maus tratos sofridos pela escrava negra, chamada Josefa, através de sua patroa, Sinhazinha. O enredo da obra é marcado por essa visão marginalizada do negro e ainda, da violência banal sofrida pela escrava negra. A escolha do tema para esta pesquisa, explica-se em razão do negro ser tão desvalorizado em escritos do passado e devido esta raça pertencer ao processo identitário do Brasil. À vista disto, com a análise da obra foi possível averiguar acerca do homem, sobretudo de como os negros, raça essencial para compor o identitário nacional brasileiro, eram depreciados.

Palavras-chaves: Nacionalidade. Banguê. Negro.

  1. Introdução

Presenciador da transição da vida rural do nordeste, desde a época de menino de engenho, até próximo ao séc. XX, o literato José Lins do Rego manifestou em suas obras o contexto histórico-social da região nordeste, expondo em suas narrativas significados ontológicos e sociológicos, tais como: a solidão, a dúvida, a angustia, o desespero do homem frente ao destino imodificável que a vida traz. Em Banguê, publicado em 1934, o autor denota uma preponderância do memorialismo relativo a ficção. Isso sucede-se através da presença do personagem Carlos de Melo, de cunho autobiográfico, que é o narrador dessa história.

O presente trabalho pretendeu averiguar a representação do homem frente a personagem negra, Josefa, que o autor, José Lins do Rego, apresentou em seu livro, Banguê; sob o prisma da relação deste com o processo de nacionalização. Esse objeto de estudo fora auferido mediante a exaustiva análise da obra.

Dessarte, o embasamento teórico que guiara essa investigação concebe os estudos de Antonio Candido (1999) e José Luiz Fiorin (2009). Dessa maneira, o presente trabalho, mais à frente desta introdução, se organiza em três itens que, respectivamente, aborda como se dá a estruturação empregada neste trabalho, a questão investigada e analisada e, por fim, as considerações finais.        

  1. Materiais e Métodos

A pesquisa aqui realizada apresenta caráter introdutório, possuindo uma abordagem qualitativa, com suporte teórico elementar. Um componente da indagação seria: De que maneira se dá essa representação do homem através da personagem Josefa em Banguê, de José Lins do Rego? Escrava negra que sofre maus tratos constantemente de sua patroa. Assentado a este questionamento, dispôs a definição do objeto de estudo.

Os conceitos para discussão foram observados a partir da leitura do romance, logo a questão gira em torno da análise da representação do homem dentro da obra, prontamente veio a questão do negro, tratado pela escrava Josefa. Por fim, para atingir o objetivo deste trabalho, empregou-se diferentes aportes teóricos, como Antonio Candido (1999) e José Luiz Fiorin (2009), ambos discutem em seus textos a respeito dessa representatividade negra em textos literários.

  1. Resultados e Discussão

  1. Identidade nacional e o negro

Historicamente o Brasil teve influência de outros povos, como portugueses, franceses, espanhóis, italianos, etc., para efetivar sua colonização. O sentimento de concernir a uma pátria, de ser brasileiro e de conter uma identidade própria eram bem confusos no início. Todavia, a literatura no Brasil surgiu a começar com o primeiros escritos de viajantes e missionários europeus, que escreviam acerca da terra recém-colonizada. Apesar de que esses primeiros escritos não sejam ponderados como literatura de fato, são concebidos como o princípio de uma identidade literária e cultural brasileira.

Não obstante, ao mencionar identidade e cultura brasileira, é impossível não reportar-se ao negro ao longo da história; surge na literatura brasileira desde o século XVII, presentes nos versos satíricos de Gregório de Matos, todavia, é no século XIX que aquele ganha notoriedade, mas segue a visão estereotipada, sempre marginalizado e humilhado, passando até mesmo a ser comparado a animais ou não sendo considerado como um ser humano íntegro. Observe este trecho de José Luiz Fiorin (2009):

O Brasil celebra a mistura da contribuição de brancos, negros e índios na formação da nacionalidade, exaltando o enriquecimento cultural e a ausência de fronteiras de nossa cultura. De nosso ponto de vista, o misturado é completo; o puro é incompleto, é pobre. Insiste-se no fato de que se está falando de autodescrição da cultura brasileira. Há então todo um culto à mulata, representante por excelência da raça brasileira (...). (FIORIN, 2009, pág. 120)

Dessarte, na fase de elaboração da nacionalidade, existe apenas a noção da mistura de brancos e índios, fomentando o povo brasileiro, ou seja, a raça negra estava excluída. Uma vez que os negros se referiam a escravos, logo essa miscigenação não era aceita.

Sem embargo, na segunda fase modernista, especificamente na geração de 30, período de consolidação de uma literatura brasileira, pode-se observar a inserção do negro dentro da literatura de um modo mais especifico e enfático. Sendo assim, analisar a representação do homem com o negro dentro da literatura “serviu inclusive para mascarar [...] a herança africana, considerada então menos digna, porque o negro ainda era escravo” (CANDIDO, 1999, pág. 42).

Dessarte, Josefa representa, sob a perspectiva humana, a desvalorização da raça daqueles que também compões as raízes do Brasil: o negro. Por este viés, essa garota de onze anos sofre com os abusos da Sinhazinha, a qual se caracteriza por sua maldade. A personagem negra evidencia infortúnio da mesma forma que carisma em relação ao personagem Juca de Melo. Considerando isso, a nacionalidade é realmente marcante, visto que a identidade brasileira deve-se, sobre tudo, a etnia advinda do continente africano. À vista disso, é retratado esta visão do homem em marginalizar o negro.

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