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A Espiritualidade do Rosário

Por:   •  25/3/2019  •  Trabalho acadêmico  •  23.725 Palavras (95 Páginas)  •  1.064 Visualizações

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Oração do Rosário – Aula 10

Prof. Luiz Gonzaga de Carvalho

Transcrição não revisada ou corrigida pelo professor.


Aluno: Temos visto que eles pegam padres problemáticos e os elegem como bispos, porque é mais fácil de chantagear. Hoje em dia estamos nesse nível.

Luiz Gonzaga: Eu sei que estamos, eu não tenho nenhuma ilusão acerca da hierarquia católica atual. O que eu estou dizendo é que o único jeito de agir que ainda existe é reunir muitos fiéis em torno dos melhores padres que tem ali, uma vez que você esteja numa diocese em que o bispo não está ideologicamente comprometido. Sistematicamente as missas deles têm de encher, porque o bispo vai querer que esses padres continuem agindo na diocese. São os fiéis que têm de sair da sua preguiça habitual. Enquanto fizerem assim e por facilidade frequentarem apenas uma missa que seja decente, a mais próxima e que dê menos trabalho, não vai acontecer nada.

Aluno: Eu sempre lembro do que dizia o Bento XVI: formar comunidades católicas fortes. Por exemplo, o Gustavo Abadie pega e domina um coro; o Rafael Falcón ensina latim para os caras, mudando o coro. Então o canto litúrgico começa a mudar.

Luiz Gonzaga: Sim, tem de fazer isso. Mas é como falamos: tem de pegar alguns padres que você percebe serem os melhores, que possuem mais profundidade e sinceridade, cujas homilias são melhores, que não cometem sacrilégio na celebração das missas, que são bons confessores e insistem na importância da confissão, e daí fazer com que as missas deles encham regularmente. O bispo precisa notar a diferença entre a coleta de um padre bom e a de um padre ruim, apesar de ter padres ruins que conseguem bastante gente cantando, dançando ou fazendo qualquer besteira. É preciso entender que tudo o que acontece publicamente na diocese está sob autoridade do bispo. É ele quem decide o que acontece ou não. Juridicamente, tudo é assim. Então você tem de descobrir qual é o real poder de negociação com o bispo. Uma coisa que é comum eu escutar de católico é que tem um bispo bom, mas eles não têm a menor idéia do que estão falando, é puro wishful thinking. Existem bispos que deliberadamente passam a imagem de bons, porque essa imagem vai lhes trazer uma promoção do seu superior imediato. Bispo é tudo carreirista, não pensem que são pessoas diferentes.

É isso que vocês devem fazer. Primeiro encontrar um bispo que não seja comunista ou algo assim. Vocês têm um poder de negociação com ele, porque o bispo está interessado na sua carreira. O foco da vida dele é o sucesso na sua carreira episcopal, para ter sucesso é preciso mobilizar um volume de gente e ter vocação. Ele não precisa gerar isso pessoalmente, por isso quer que os padres façam. Se os fiéis selecionarem os bons padres e eles focarem nos resultados que são positivos para a carreira do bispo, esses padres vão ganhar espaço e liberdade.

Aluno: Aqui em Curitiba, eu estou num grupo para a formação de uma comunidade para a missa tradicional e estamos tentando pleitear junto ao nosso arcebispo. Logo teremos uma reunião com ele, para que atenda um grupo de pessoas que quer pleitear uma paróquia que reze missa tridentina. Porém, eu vejo que o foco das pessoas desse grupo é mais a missa tridentina em si do que encontrar um padre bom.

Luiz Gonzaga: A estratégia está totalmente errada. Eles querem chegar ao bispo e dizer o que ele tem de fazer. Isso já o deixa chateado. É preciso entender que bispo tem mentalidade de príncipe. Se vocês chegarem lá pleiteando, pela sua mentalidade ele vai pensar: “aqui tem um pano de chão me falando o que eu devo fazer”. Se forem pleitear a missa tridentina, vocês estarão enchendo o saco do bispo e ele já não vai gostar de vocês. Então essa não é a estratégia certa.

Procurem um bom padre que reza missa sem sacrilégio, que faz boa homilias consistentemente e que é bom confessor, depois encham a missa dele. É isso que tem de fazer. Somente muito depois é para pleitear alguma coisa com o bispo. Primeiro vocês têm de render alguma coisa para ele. É preciso entender que o bispo é uma autoridade que vocês não podem depor. Pleiteamos coisas só quando temos poder de negociação. Suponhamos que houvesse uma eleição para bispo e vocês dissessem que não vão votar nele. Nesse caso haveria como pleitear alguma coisa, mas como não há eleições para bispo vocês não têm nenhum poder de negociação.

De que modo vocês podem agir? A estratégia é saber o interesse do bispo. O melhor bispo é o bispo carreirista, que só quer subir na vida eclesiástica. Se vocês forem na diocese do D. Evaristo Arns, não adianta encher a missa, porque ele não está interessado com o avanço da sua carreira, e sim com o avanço da sua ideologia, então ali não há ação possível. Vocês precisam achar um bispo carreirista e encher a sua missa regularmente, daí ele vai notar que a coleta multiplicou e alguma coisa está funcionando ali. O bispo diz na cara dura que precisa de frutos, ou seja, coleta para a diocese dele. É assim e acabou. Ao fazer isso por tempo suficiente, o bispo vai vigiar menos aquele padre. O que quer que esteja acontecendo ali está gerando uma coleta maior para ele, [00:10] e com essa coleta, além das vocações, ele poderá avançar na carreira.

O bispo não está nem aí para o que está sendo feito. Eu conheci vários bispos e monges com décadas de vida eclesiástica, todos me disseram que já foram jovens tontos que tentavam pleitear coisas por idealismo – seja o bem da Igreja, Deus ou qualquer outra coisa. Ao fazer assim, o bispo não vai cuspir na sua cara, a menos que esteja muito comprometido ideologicamente, mas também não vai fazer nada por ter ficado irritado de você ir lá e dizer que o que ele está fazendo na diocese não é o bastante. Para gente vaidosa, com mentalidade de príncipe, tudo é ofensivo. Se forem pleitear missa tridentina para o bispo, vocês já o estarão ofendendo. Eu sei que objetivamente não é uma ofensa, mas vocês não podem pensar em termos de objetividade. É preciso pensar o seguinte: “se o bispo tem mentalidade de Ciro Gomes, não é para tratá-lo como o Bolsonaro”.

Aluno: O bispo é uma diva.

Luiz Gonzaga: Exatamente. É preciso entender que os bispos de hoje são caras que entraram para a carreira eclesiástica aos 18 ou 20 anos. Nessa idade, o que se sabe da vida? Nada. O sujeito que entra para o seminário não está vivendo, mas brincando de casinha. Tudo o que ele sabe da vida foi aprendido na competição por postos eclesiásticos. Essa é a sua experiência de vida. Se vocês pensam que o padre e o bispo só querem servir à Igreja e os julgam como alguém mais velho e experiente, não é assim que funciona. Aos 18 anos, ele não recebeu nenhuma educação sobre a vida humana. Hoje em dia ninguém recebe, não é que ele não tenha recebido por ser seminarista. Então ninguém tem a menor idéia do que é a vida humana, de como ela funciona, de quais são os seus princípios e de quais são as coisas necessárias. Na melhor das hipóteses, ele é alguém que aos 18 anos pensou realmente que queria servir à Igreja, mas sem ter a menor idéia do que é servir à Igreja. Ele apenas ingressou num seminário pensando que servir à Igreja é trabalhar nela, como se fosse um emprego.

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