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A Perspectiva Bíblica da Natureza do Pecado

Por:   •  30/4/2018  •  Trabalho acadêmico  •  3.384 Palavras (14 Páginas)  •  402 Visualizações

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1. A Perspectiva Bíblica da Natureza do Pecado

Embora muitas pessoas desconheçam o tópico ou sintam-se incomodadas com ele, é importante discutirmos essa doutrina. A Bíblia apresenta uma série de perspectiva quando à natureza do pecado.

  1. Pecado é uma inclinação interior. Pecado não é simplesmente atos errados mas também pecaminosidade. É uma disposição interior inerente que nos inclina para atos errados. Aqui, os motivos são praticamente tão importantes quanto as ações. Assim, Jesus usou, para condenar a ira e a cobiça, a mesma veemência que usou contra o homicídio e o adultério (Mateus 5.21,22,27,28). Não é simplesmente que somos pecadores porque pecamos; pecamos porque somos pecadores. Oferecemos, portanto, esta definição de pecado: “Pecado é qualquer falta de conformidade, ativa ou passiva, com a lei moral de Deus”. Pecado é a incapacidade de viver de acordo com o que Deus espera de nós no que diz respeito ao que fazemos, pensamos e somos.
  2. Pecado é rebelião e desobediência. A Bíblia entende que todas as pessoas estão em contato com a verdade de Deus. Paulo nota que todas as pessoas estão em contato com a verdade de Deus. Paulo nota que isso inclui até mesmo os gentios, que, embora não tenham a revelação especial, têm a lei de Deus escrita no coração (Romanos 2.14,15). A incapacidade de crer na mensagem, particularmente quando ela é apresentada de forma expressa e exclusiva, é desobediência ou rebelião contra Deus. Um exemplo típico é Adão e Eva. Embora lhes fosse permitido comer de todas as árvores do Jardim do Éden, Deus ordenou que não comessem da árvore do conhecimento do bem e do mal (Gêneses 2.16,17). Adão e Eva rejeitaram a prerrogativa de Deus que seria a de lhes dizer o que era certo e o que era errado. Eles se rebelaram contra a autoridade de Deus e, assim, lhe desobedeceram.
  3. Pecado implica incapacidade espiritual. Ele altera nossa condição interior, nosso caráter. Ao pecar, tornamo-nos como que deformados ou distorcidos. A imagem de Deus segundo a qual fomos criados fica prejudicada. Em Romanos 1, Paulo descreve esse processo. Tendo se recusado a reconhecer Deus, os pecadores tornaram-se fúteis em seus pensamentos, e a mente insensata deles ficou obscura (v.21). Deus os entregou a uma mente reprovável (v.28), na realidade uma mente não qualificada ou desqualificada. Deixada ao seu critério, a mente humana não é adequada para informar corretamente e orientar nossa conduta.
  4. Pecado é o cumprimento incompleto dos padrões de Deus. Um elemento comum que perpassa todas as características bíblicas do pecado é a idéia de que o pecador falhou no cumprimento da lei de Deus. Há várias maneiras pelas quais deixamos de atingir seus padrões de justiça. Podemos simplesmente ficar aquém da norma estabelecida ou não fazer, de modo nenhum, o que Deus ordena e espera. Saul deixou de seguir a ordem divina de destruir os amalequitas e todas as suas posses. Porque Saul poupou o rei Agague e o melhor gado, Deus o rejeitou como rei de Israel (I Samuel 15.23). Às vezes, podemos fazer o que é certo, mas pelo motivo errado, de modo a cumprir a letra da lei, mas não seu espírito. Em Mateus 6, Jesus condena os bons atos praticados com o desejo básico de obter a aprovação dos outros e não de agradar a Deus (Mateus 6.2,5,16).
  5. Pecado é desalojar Deus. Colocar outra coisa, qualquer coisa, no lugar supremo que pertence a Deus é pecado. Preferir qualquer objeto finito acima de Deus é errado, por mais autêntica que pareça tal escolha. Essa alegação é sustentada por textos importantes tanto do Antigo como do Novo Testamento. Os Dez Mandamentos começam com o mandamento de dar o devido lugar a Deus. “Não terás outros deus diante de mim” (Êxodo 20.3) é a primeira proibição na lei. De modo semelhante, Jesus afirmou que o primeiro grande mandamento é: “Amarás, pois o Senhor, teu Deus, de todo te coração, de toda a tua alma, de todo o teu entendimento e de toda atua força” (Marcos 12.30). O devido reconhecimento de Deus é primário. A idolatria em qualquer forma é a essência do pecado.

2. Os Resultados do Primeiro Pecado

Depois de Adão e Eva terem comido do fruto proibido, o efeito imediato foi um tremendo desapontamento. Ao invés de sentirem-se iguais a Deus, como a serpente havia prometido, foram dominados por um profundo desapontamento.

1. Sentimento de vergonha: “Abriam-se, então os olhos de ambos; e perceberam que estavam nus, coseram folhas de figueira e fizeram cintas para si” (Gêneses 3.7). Antes, já tinham consciência de sua nudez, mas não conheciam sentimento de vergonha (Gêneses 2.25). A vergonha que sentiram foi uma reação imediata de uma consciência culpada. “O fato de essa parte do corpo distinta pelos órgãos genitais ter sido o objeto principal desse sentimento de vergonha encontra, sem sombra de dúvida, sua razão mais profunda na percepção humana instintiva de que a própria fonte da vida humana está contaminada pelo pecado.

2. Outro efeito do primeiro pecado foi o medo – O homem e sua mulher esconderam-se de Deus: ao chamado de Deus – “Onde está?” – Adão respondeu – “tive medo” (Gêneses 3.9,10). A consciência da culpa produziu o medo – medo do que Deus poderia lhes fazer como castigo pelo seu pecado.  

3. Mas junto com o medo veio a fuga da responsabilidade – O que Adão efetivamente disse a Deus foi: “Ouvi a tua voz no jardim, e, porque estava nú, tive medo, e me escondi” (Gêneses 3.10). O que Adão deveria ter dito é que ele estava com medo porque ele sabia que havia errado; ao invés disso, ele tentou encobrir a sua culpa. Ele continuou a fuga colocando a culpa em Eva (v.12), que por sua vez, culpou a serpente (v.13).

4. Deus lançou sentença sobre todas as três partes envolvidas na queda (serpente, mulher e homem).

a) Sobre a serpente (Diabo/Satanás) – Uma maldição decaiu sobre a serpente, indicando o desprazer e a ira de Deus contra o primeiro pecado.

  • v.14 – As palavras “rastejarás sobre teu ventre” podem significar que a serpente tinha um modo diferente de se locomover, mas não podemos estar certos disso.
  • “Comerás pó” – Indica a posição de derrotado que a serpente viria ocupar.
  • v.15 – A “tua semente” não significa literalmente a descendência física da serpente mas, ao invés disso, àqueles seres humanos que viriam compartilhar dos propósitos e da vontade do diabo e que, como este, portanto, viriam a ser inimigos de Deus (João 8.44).
  • A “sua [dela] semente” significa os descendentes da mulher que viriam a ser povo de Deus – aqueles que viriam a crer nas promessas de Deus. Assim, nessa parte do texto, estende-se a inimizade entre a mulher e Satanás à inimizade entre dois grupos de pessoas. Oposição entre o povo de Deus (a semente da mulher) e os oponentes de Deus (a semente da serpente).
  • “Este [“o descendente” ou “a semente” da mulher, entendido agora como um individuo”] te ferirá a cabeça [a cabeça da serpente, ou melhor, do diabo que está por trás da serpente]”. Visto que devemos entender “ferir” como “esmagar”, esse a quem se refere o texto é apresentado como aquele que derrotará completamente a Satanás ou diabo. Embora, segundo presumimos, Adão e Eva não entenderam tudo isso clara ou plenamente, o restante das Escrituras nos ensinam que o nosso Senhor Jesus Cristo é este que haveria de ferir mortalmente a Satanás. Assim, já aqui, em Gênesis 3, temos a promessa do Redentor.
  • “E tu [a serpente – i.é, o diabo] lhe ferirás o calcanhar [o calcanhar do “descendente” da mulher – i.é, o calcanhar de Cristo].” A imagem aqui é a de um homem pisando na cabeça de uma serpente para esmagá-la, mas tendo o seu calcanhar ferido nesse processo. Assim o Redentor que havia de vir sofreria no processo de obter vitória sobre Satanás (pensamos nos sofrimentos de nosso Senhor, particularmente sobre a Cruz), mas ele venceria no final.

b) Sobre a mulher – v.16

  • “E à mulher disse: Multiplicarei sobremodo os sofrimentos da tua gravidez; em meio de dores darás à luz filhos” – A gravidez será, obviamente, uma benção – um cumprimento do mandato dado aos nossos primeiros pais para que fossem fecundos e se multiplicassem (Gêneses 1.28). Mas a dor de parto e o desconforto são conseqüências da queda.
  • “Desejo” – Geralmente, este “desejo” é interpretado como a maldição de excessiva dependência ou anelo com respeito ao marido. A frase é entendida como significando que a mulher vive sob a maldição de ter sua vida excessivamente dirigida para o seu marido.
  • Entretanto, um paralelo com o capitulo seguinte pode nos levar a outra possível interpretação. Na passagem seguinte, Deus adverte a Caim de que o “desejo” de pecado será para dominá-lo. Mas, ao invés disto, Caim deve dominar o pecado. O pecado jaz à porta, e “o seu desejo (do pecado) será contra ti, mas a ti cumpre dominá-lo” (Gêneses 4.7).
  • A palavra “desejo” com referência a Caim corresponde exatamente à palavra “desejo” dirigida a mulher em Gêneses 3.16. O desejo será para seu marido, mas ele dominará sobre ela.
  • A mulher “desejará” seu marido, não no sentido de dependência excessiva, mas no sentido de determinação excessiva de dominar. Seu anelo será de possuí-lo, controlá-lo, dominá-lo. Da mesma forma que o “desejo” do pecado era dominar Caim, assim o “desejo” da mulher será dirigido em dominar seu marido.
  • “Ele te governará” – As conseqüências da queda, para a mulher, é que ocupará uma posição de subordinação em relação ao seu marido. A palavra traduzida como “governará” (mashal) também é empregada para descrever a autoridade exercida por um monarca. Por causa da queda em pecado, a relação harmoniosa entre marido e mulher se corrompeu.
  • A maldição do desequilíbrio marital se estabelece no estilo de vida da mulher. Na medida em que ela tenta perpetuamente possuir o marido, ele responde dominando-a excessivamente.

c) Sobre o Homem – v.17-19

  • Embora o julgamento pronunciado nesses versículos seja dirigido ao homem, é significativo observar que todos os elementos desse julgamento se aplicam à mulher tanto quanto ao homem.
  • Deus diz a Adão: “maldita é a terra por sua causa” (Gêneses 3.17). Essa é a segunda maldição: a natureza sofre juntamente com a humanidade; deve compartilhar com a humanidade as consequências do pecado. Dessa forma, os seres humanos serão continuamente lembrados de sua transgressão contra Deus e de sua necessidade do arrependimento.
  • A maldição da terra significa que, sob determinado aspecto, Deus retira o seu favor de sobre a terra – embora, não o fará totalmente (Salmos 33.5; 145.9). A Escritura descreve o efeito dessa maldição da terra de três maneiras, as quais veremos a seguir:
  • (1) “Em fadigas obterás dela [da terra] o sustento durante os dias da tua vida” (Gêneses 3.17). O trabalho de Adão no jardim antes da Queda era excepcionalmente prazeroso e agradável, de agora em diante o seu trabalho (e o dos seus descendentes) seria desagradável, seguindo de cansaço e tribulação.
  • (2) “Ela [a terra] produzirá também cardos e abrolhos” (Gêneses 3.18). Haveriam de surgir, agora, espécies indesejáveis de plantas e ervas daninhas se multiplicariam, tornando o cultivo do solo muito mais difícil do que antes. Calvino, sobre isso, disse: “A ordem da natureza toda foi subvertida pelo pecado do homem”.
  • (3) “No suor do teu rosto comerás o teu pão” (Gêneses 3.19). Aqui temos uma reafirmação das “fadigas” do versículo 17. O trabalho árduo se tornaria, a parti de agora, a porção do homem. A vida não haveria de ser fácil.
  • “porque tu és pó e ao pó tornarás” (Gêneses 3.19). Visto que o homem havia sido formado do pó da terra (Gêneses 2.7), é óbvio que estas palavras descrevem a morte física. Essas palavras ocorreram como parte do juízo de Deus sobre o homem por causa do primeiro pecado, indica que a morte física é uma das conseqüências do pecado.          

3. A Universalidade do Pecado

Para a pergunta, quem peca?, a resposta é óbvia: o pecado é universal. Ele não se limita a poucos indivíduos isolados ou mesmo à maioria da raça humana. Todos os homens, sem exceção, são pecadores (Romanos 3.23).

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