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ERROS TEOLÓGICOS DO FILME O AUTO DA COMPADECIDA

Por:   •  17/1/2021  •  Ensaio  •  4.277 Palavras (18 Páginas)  •  486 Visualizações

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 OS ERROS TEOLÓGICOS DE “O AUTO DA COMPADECIDA”

1. INTRODUÇÃO[pic 1][pic 2]

        O Auto da Compadecida foi uma obra escrita por Ariano Suassuna no ano de 1955. Escrita em tom de comédia e do tipo sacramental, a obra reúne em si diversos traços característicos do período medieval e renascentista, o que a enquadra como uma produção literária inspirada no movimento armorial – movimento esse articulado pelo próprio escritor no ano de 1969 que buscava em si elaborar uma “arte erudita nordestina a partir de suas raízes populares” (SOUZA, 2003, p. 73).

        Tendo como personagens principais as figuras de João Grilo e do Chicó[1] e influenciado por esse movimento literário, foi a partir dessa perspectiva a obra permite a abordagem e reflexão acerca de diversos temas: a) O circo; b) o movimento do cangaço ou banditismo social; c) o arquétipo do herói; d) provérbios populares e contos; e) burguesia; f) o povo; g) religiosidade popular; h) simonia; i) pecados capitais; j) padim Ciço; k) preconceito; l) justiça x injustiça; m) Moralidade x imoralidade; n) mulher, morte visão dualista da realidade no que certe à reflexão sobre 1) tempo e espaço; 2) diversas metáforas (SOUZA, 2003).

Desde a sua criação, ao longo do tempo essa renomada obra passaria por diversas adaptações no cinema, das quais se destaca: A Compadecida (filme de 1969); Os Trapalhões no Auto da Compadecida (filme de 1987); O Auto da Compadecida (minissérie de 1999); O Auto da Compadecida (filme de 2000).

Quanto a essa última adaptação, a mesma apresentou a seguinte ficha técnica:

FICHA TÉCNICA DE O AUTO DA COMPADECIDA

Título: O Auto da Compadecida

Ano de produção: 2000

Diretor: Guel Arraes

Estreia: 10 de Setembro de 2000 (Brasil)

Duração: 104 minutos

Classificação: Livre

Gênero: Aventura, comédia, nacional

País de origem: Brasil

Elenco: Maheus Nachtergaele (João Grilo); Selton Mello (Chicó); Aramis Trindade (Cabo Setenta); Bruno Garcia (Vicentão); Denise Fraga (Dora); Diovo Vilela (Padeiro Eurico); Enrique Dias (Capanga); Fernanda Montenegro (Compadecida); Lima Duarte (Bispo); Luís Melo (Diabo); Marco Nanini (Cangaceiro Severino); Maurício Gonçalves (Jesus Cristo); Paulo Goulart (Major Antônio Moraes); Rogério Cardoso (Padre João); Virginia Cavendish (Rosinha).

        Para fins de análise, esse trabalho teve como objetivo tomar a obra do Auto da Compadecida dirigida por Guel Arraes e identificar algumas de suas principais incongruências teológicas, favorecendo assim uma crítica teológica da obra.

        Para a obtenção desse objetivo, buscou-se desenvolver os seguintes procedimentos metodológicos:

a) Aquisição da película original divulgada no ano de 2010;

b) Pesquisa bibliográfica em bancos de Teses e Dissertações acadêmicas acerca da obra escolhida;

c)Assistir a primeira vez para a obtenção das impressões iniciais da obra;

d) Assistir pela segunda vez com atenção especial aos pontos destacados na primeira experiência;

e) Assistir repetidamente os pontos destacados a fim de avaliar a coerência e/ou incoerência da fala dos personagens;

f) Cruzamento dos dados com a literatura acadêmica obtida;

g) Sistematização dos dados e preparação para o processo de escrita;

h) Início do processo de escrita;

i) revisão do texto.

 

2. INCONGRUÊNCIAS TEOLÓGICAS NA OBRA “O AUTO DA COMPADECIDA”.

2.1 A MISSA COMO O SACRIFÍCIO DE JESUS PARA SALVAR O PECADOR

        Logo no início do filme (minuto 3:00 a 4:25) João Grilo e Chicó estão passando uma película da considerada Paixão de Cristo. Todavia, devido ao filme ter parado no momento da crucificação e deixado a platéia que assistia furiosa, João Grilo diz que aquele ato foi um ato de propósito, pois todos, a partir daquele momento deveriam se ajoelhar porque a partir daquele momento Padre João celebraria a missa que representa o sacrifício de Jesus na cruz para nos salvar.

        A perspectiva de tomar a missa como a representação real do sacrifício de Jesus pelos pecadores é algo que está enraizado no próprio cerne da Igreja Católica. Nas palavras de São Leonardo de Porto-Maurício, em seu texto entitulado “as Excelências da Santa Missa”

A Santa Missa é um sacrifício tão santo, o mais augusto e excelente de todos, e a fim de formardes uma ideia adequada de tão grande tesouro, algumas de suas excelências divinas; pois dize-las todas não é empreendimento a que baste a fraqueza da minha inteligência.

A principal excelência do santo Sacrifício da Missa consiste em que se deve considerá-lo como essencialmente o mesmo oferecido no Calvário sobre a Cruz, com esta única diferença: que o sacrifício da Cruz foi sangrento e só se realizou uma vez e que nessa única oblação JESUS CRISTO satisfez plenamente por todos os pecados do Mundo; enquanto que o sacrifício do altar é um sacrifício incruento, que se pode renovar uma infinidade de vezes, e que foi instituído pra nos aplicar especialmente esta expiação universal que JESUS por nós cumpriu no Calvário, Assim o SACRIFÍCIO CRUENTO foi o MEIO de nossa REDENÇÃO, e O SACRIFÍCIO INCRUENTO nos proporciona as GRAÇAS da nossa REDENÇÃO. Um abre-nos os tesouros dos méritos de CRISTO Nosso Senhor, o outro no-los dá para os utilizarmos. Notai, portanto que na Missa não se faz apenas uma representação, uma simples memória da Paixão e Morte do nosso Salvador; mas num sentido realíssimo, o mesmo que se realizou outrora no Calvário aqui se realiza novamente: tanto que se pode dizer, a rigor, que em cada Santa Missa nosso Redentor morre por nós (SÃO LEONARDO DE PORTO-MAURÍCIO, 2017).

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