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Fundamentos da Crítica Histórica da Religião.

Por:   •  20/9/2021  •  Trabalho acadêmico  •  1.546 Palavras (7 Páginas)  •  106 Visualizações

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Fundamentos da crítica histórica da religião.

Através da abordagem de obras de autores como Jimmy Sudário, Richard Popkin, Leo Strauss e Peter Sloterdijk, podemos nos contextualizar a cerca dos processos que fundamentaram a crítica da religião dentro do contexto da fundamentação do cristianismo em determinadas épocas históricas. O conjunto de obras nos mostra como a fundamentação da histórica da religião está baseada em processos de adequação da condição temporal da crítica.

A partir da interpretação histórica da crítica vemos que processo de secularização na igreja, agia de maneira gradativa a modificar as estruturas do pensamento controlando o sentido das escrituras já na era medieval. De certa maneira cada vez mais se lia a bíblia de forma literal, de forma a se distanciar das formas tradicionais de interpretação e da supervisão da tradição católica, cada vez mais se valorizava a fé individual e pessoal. Assim sendo podemos analisar a partir da queda da Idade Média uma revolução ao modo de se enxergar as verdades religiosas pondo às vezes em dúvida as pretensões da igreja em revelar a verdade. A secularização inicia-se, pois alterando todo imaginário religioso medieval. A passos largos o pensamento ia se alterando, ou seja, se antes a igreja figurava como centro de organização da vida medieval, agora, a passos largos de secularização, o homem se põe ao centro. Sobre isso, através da obra de Jimmy Sudário podemos perceber como a fé se segmentava através da interpretação pessoal, ou seja, através do desprendimento a uma hermenêutica eclesiástica.[1] O resultado desse processo se culmina na ruptura apresentada pelo Renascimento assim como na Reforma Protestante. Estes eventos abriria um novo olhar sobre a interpretação bíblica que colocaria a mercê da crítica histórica todo exercício de interpretação bíblica.[2] Sobre esta atividade podemos afirmar que agora a foco hermenêutico sai da tutela de interpretação da igreja e se seculariza. A partir de agora o lócus hermenêutico se seculariza, ou seja, a interpretação não está fechada sobre o olhar dos próprios crentes, mas ganha ares de uma interpretação científica que marcava pelo sagrado sob a óptica profana. Era um verdadeiro desprendimento dos dogmas da tradição. Podemos enxergar o fato como o caminhar da razão, esta agora surgiria colocando a possibilidade do conhecimento sob a capacidade humana da de interpretação. A mentalidade humanista caminhava a largos passos.  

O estudos sobre a religião ganhava status científico. A crítica agora baseava-se em métodos históricos através da análise das fontes de forma emancipada da tradição e o Renascimento seria espelho dessa transformação.[3] É no Renascimento que a tradição humanista ganha força e se difundi. Essa época marca por fortalecer sob o homem um ideal de potencia. O homem ganha o status de organizador de toda sociedade. Os símbolos sagrados estava sobe a égide da interpretação científica puramente humana. Sob este período a Reforma Protestante surge como fruto de Renascimento e passara a valorizar a interpretação bíblica puramente pessoalizada e subjetiva. A Reforma coloca sob a bíblia a o papel revelador, mas lança mão de uma interpretação medieval e transfere o poder da Igreja à interpretação científica que buscava fundamentos históricos de legitimação dos textos bíblicos. Assim a Reforma se apropriara de uma linguagem científica que complementava a fé e assim vice-versa, fundindo o sentido literal com o sentido espiritual das Escrituras.[4] Segundo Sudário (2009, p.105) a Bíblia agora passa a ser lida como história dos homens no tempo, inteligível pela razão de um homem emancipado.

Sobre essa postura trazida pela Reforma no século XVI, surgira uma crise localizada a respeito do que seria o padrão correto do conhecimento religioso.[5] Sob esse aspecto Richard Popkin discursara em sua obra a tese que coloca a influencia do ceticismo dentro das discussões a cerca da possibilidade do conhecimento humano a cerca das Escrituras. Lutero ao negar a capacidade da Igreja em revelar a verdade sobre as escrituras iniciara um problema de critério e sem pretensão trouxe à questão o problema do ceticismo. O ceticismo seria usado instrumentalmente pelos próprios católicos ao duvidar da capacidade da razão humana em conhecer a verdade das coisas. Segundo Popkin, Erasmo iniciara essa discussão mostrando que era mais seguro confiar na interpretação da Igreja milenar do que aceitar a pessoal interpretação.[6] De qualquer forma a tendência estava posta, ou seja, o ceticismo se introduzira no meio das discussões sobre a veracidade da interpretação. O ceticismo adentrara denunciando o calcanhar de Aquiles da teoria luterana, a sua regra de fé. O ceticismo pode ser enxergado como um instrumento profano usado dentro da lógica religiosa. Essa instrumentalização seria impensável em outra época como na idade média, onde a interpretação eclesiástica já encerrava qualquer abordagem sobre o tema. A Igreja agora estaria mercê das mais diversas críticas assim havia um duplo movimento de secularização: a possibilidade da crítica e a instrumentalização de um objeto contraditório em si para se defender.

O ceticismo estava instalado definitivamente dentre as tendências reformistas e da Igreja e na verdade ele representara todo um movimento secularizado imposto no discurso religioso da época. Isso fica claro na disputa entre católicos e calvinistas na França, onde o pirronismo foi instrumentalizado pela Igreja na contenção do crescimento protestante. A partir daí surge à atividade dos céticos fideístas, que negavam a capacidade da razão e afirmava que a verdade da religião só viria pela fé. Os fideístas no embate com os reformadores colocavam em dúvida a possibilidade do critério destes em responder questões chaves como sobre a veracidade da constituição das Escrituras; sobre a verdadeira mensagem trazida pela Bíblia; sobre a veracidade do método lógico de interpretação.[7] Os argumentos trazidos pelos pensadores da Contra-Reforma afirmara que a Reforma extraíra a fé do processo de compreensão religião assim apontaram a crítica cética à razão. A crítica se instaurava gradativamente a passos que a Reforma reforçara a capacidade de compreensão individual destruindo tomo aparato dogmático da Igreja em ser detentora da verdade descartando a necessidade de um intercessor e ao momento que a Igreja contra-ataca utilizando um argumento combatido por ela em toda sua história. O ceticismo aparecia à Igreja como um mal necessário, e sim, talvez fosse a única via a crítica inaugurada por Lutero. Nota-se o quão frágil parecia às estruturas da religião nesse período. O Renascimento traz seus traços de secularização e retira da religião suas bases tão seguras até a Era Medieval.

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