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Licenciatura em História 6° Semestre Matutino

Por:   •  8/10/2019  •  Artigo  •  2.448 Palavras (10 Páginas)  •  176 Visualizações

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Uniesp Centro novo

Ivan Alves Noronha RA 0050049885

Licenciatura em História 6° semestre Matutino

Artigo cientifico.

Resumo

A Umbanda é uma religião afro-brasileira. Mais brasileira do que afro. Feita de miscigenações, sincretismos, abriga dentro de si princípios de muitas doutrinas, muitas culturas, muitas fés. Nascida em solo brasileiro e espalhando-se pelo país, sofre influências diversas, o que a faz apresentar-se, nos dias de hoje, muito diferente daquela Umbanda fundada em 1908 pelo médium Zélio Fernando de Moraes, através de sua entidade espiritual, caboclo das sete encruzilhadas.

Por ser uma religião de tradição oral sem uma doutrina específica, é natural que com o tempo muitas coisas se perdessem e se modificassem, e que houvessem variações ritualísticas de templo para templo. Sendo cada templo dirigido por determinada entidade espiritual, é esta que faz a “lei da casa”, a que os fiéis deverão seguir e respeitar. Percebe-se, então, que embora a religião seja a mesma, ou seja, a fé professada e as forças a serem cultuadas sejam comuns, cada templo tem suas características próprias; e essas peculiaridades fazem da Umbanda uma religião mista e sincrética por natureza.

Com este trabalho pretendo investigar a fundo a História da Umbanda enquanto religião e cultura, e as modificações ritualísticas que a mesma sofreu através dos tempos, até chegarmos á Umbanda como ela é hoje  - uma religião que, apesar de esbarrar no preconceito - conquistou seu espaço, contando hoje com a garantia do direito à liberdade de culto.

Palavras-chave: Umbanda, Candomblé, afro-brasileira, mudanças ritualísticas, escravidão, orixás.

AS ORIGENS DA UMBANDA

O NASCIMENTO DOS CULTOS AFRO EM SOLO BRASILEIRO.

Com o advento da escravidão no Brasil, Africanos de muitas localidades, muitas línguas, costumes e posições hierárquicas diferentes, encontravam-se reunidos nas ditas “senzalas”, o cativeiro onde recolhiam-se após duras e penosas horas de trabalho não remunerado.

Muitos senhores brancos, a fim de evitar possíveis revoltas em massa dos negros escravizados, permitiam que estas tivessem seus momentos de “lazer”, quando estes se reuniam em festas, plenas de cânticos e danças.

Nestas festas, para que conhecessem as origens e as posições hierárquicas de cada africano (uma vez que a religiosidade africana é totalmente norteada por  hierarquia), faziam-se manifestar os orixás (ori – cabeça / xá – dono), seres encantados que dançavam ao ritmo de frenéticos tambores, através de transe mediúnico. Cada região da África era reconhecida pelo culto a determinado orixá (O povo de Ketu, na Nigéria cultuava “Oxóssi. Ifé rendia culto a Ogum. Os Angolanos rendiam culto a Xangô, e assim por diante). Desta feita, ao manifestarem-se ali os negros reconheciam a origem, a linguagem e a posição hierárquica uns dos outros.

A este conjunto de manifestações os negros deram o nome de “Candomblé”, palavra que teria origem francesa, e que significa “reunião”.

De formação católica, os senhores brancos temiam a religiosidade africana, taxando-a de  “diabólica”, “má”, e por isso passaram a proibir os negros de professarem sua fé, e passaram a “catequizá-los”.

Para manterem sua fé nos Orixás, encontraram os negros a solução: enterravam todos os  “fetiches”¹ dos Orixás ao chão, colocando em cima destes uma imagem do santo católico cujas características se assemelhavam com aquele determinado Orixá. Assim, associaram facilmente a figura de Ogum ao santo católico São Jorge, pelas características guerreiras de ambos, por exemplo. Nascia, assim o sincretismo religioso: o que justificaria, mais tarde, o nascimento da Umbanda.

  1. Fetiche: instrumentos mágicos de culto, amuletos.

A FUNÇÃO DA UMBANDA

Ao final de 1908, Zélio Fernando de Moraes, iniciava sua carreira militar quando foi  acometido por manifestações mediúnicas. Foi levado pela família à Federação Espirita de Niterói, no dia 15 de Novembro.

Tomado pela entidade espiritual denominada “caboclo das sete encruzilhadas”, o jovem causou grande tumulto no “centro Kardecista”, que considerava “atrasados”, “de pouca luz”, espíritos de índios e escravos negros que ali se manifestam.

Com o intuito de aniquilar a desigualdade e o preconceito, caboclo das sete encruzilhadas anunciou para o dia seguinte o inicio de um culto cujo principio seria a caridade e o amor entre espíritos  “encarnados e desencarnados”. Assim sendo, no dia 16 de novembro de 1808, na rua Floriano Peixoto, 30, Niterói, RJ, às 20:00hs, reuniam-se os membros da Federação  Espirita, para testemunhar a fundação do culto Umbandista.

A primeira casa espiritual Umbandista recebeu o nome de “ Tenda Nossa Senhora da Piedade”.

Manifestado no médium Zélio, o caboclo das sete encruzilhadas ditou as normas do novo culto, que teria sessões diárias das 20:00 às 22:00 hs. Os participantes deveriam trajar vestes brancas e oferecer atendimento gratuito ao publico. E batizou o novo culto como Umbanda, palavra de origem controversa, mas aceita pela grande maioria como variante de “AUMBANDHAM” – palavra do dialeto “quimbundo” que significa “médico curandeiro”.

Em 1918, o caboclo das sete encruzilhadas funda sete outras tendas de Umbanda, sobre as quais falaremos adiante.

Embora a umbanda não tenha um “livro doutrinário” existem o que se chama de mandamentos da lei de umbanda, conforme exposto por Byron Torres de Freitas e Tancredo da Silva Pinto na obra “doutrina e ritual de umbanda”:

(...) “I- não faças ao próximo o que não queres que te façam.

II – não cobices o alheio.

III – socorre ao necessitado, sem perguntas.

IV – Respeita todas as religiões, porque vêm de Deus.

V – não critiques o que não entende.

VI – cumpri a tua missão mesmo com sacrifício.

VII – defende-te, dos malvados e resiste do mal”.

AS TRANSFORMAÇÕES NA RITUALÍSTICA DE UMBANDA

A UMBANDA DE ZÉLIO DE MORAIS.

As sessões de Umbanda na casa de Zélio de Morais aconteciam da forma mais simples possível. Sob a direção do Caboclo sete encruzilhadas, eram entoados cânticos em tom baixo, ritmado por palmas. Não existia o culto às entidades denominadas como “exu”. Vou falar a respeito mais adiante.

Os participantes deveriam trajar-se de branco. Não eram permitidos capacetes, cocares, espadas, vestimentas coloridas usava-se apenas um colar, ao qual denominava-se “guia”, para representar a entidade que se manifestasse.  Sacrifícios de animais não eram permitidos: a preparação de médiuns e de rituais eram feitas com ervas, orações e ensinamentos baseados no  Evangelho Kardecista, o qual apoiava-se na doutrina Cristã.

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