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O Concílio Vaticano

Por:   •  14/10/2020  •  Artigo  •  1.430 Palavras (6 Páginas)  •  131 Visualizações

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A Igreja em si mesma

EM PRIMEIRO LUGAR, precisaremos a natureza da Igreja de Jesus Cristo em si mesma, sua organização hierárquica e sua infalibilidade ao promover a fé que professa.

1. Natureza da Igreja de Jesus Cristo
O Concílio Vaticano II expressou admiravelmente a natureza intima da Igreja em sua Constituição dogmática Lumen gentium. Eis aqui suas palavras:

Cristo, Mediador único, instituiu e sustenta indefectivelmente sobre a terra sua Igreja santa, comunidade de fé, esperança e caridade, como organismo visível e por meio dela comunica a todos a verdade e a graça. Mas a sociedade dotada de órgãos hierárquicos e o corpo místico de Cristo, a assembléia visível e a comunidade espiritual, a Igreja terrestre e a lgreja já de posse dos bens celestes, não devem ser tomadas como duas realidades distintas, pois constituem uma realidade única e complexa, em que se fundem dois elementos o humano e o divino. Por isso, não é uma analogia inconsistente comparar a lgreja ao mistério do Verbo encarnado. Pois, assim como a natureza assumida pelo Verbo divino serve-lhe de instrumento vivo de salvação unido indissoluvelmente a Ele, de modo semelhante a estrutura social da Igreja serve ao Espírito Santo, que a vivifica, para fazer progredir o seu corpo místico (cf. Ef 4, 16).

Esta é a única Igreja de Cristo, que no símbolo professamos como una, santa, católica e apostólica, a qual o nosso Salvador, depois de sua ressurreição, confiou a Pedro para que ele a apascentasse (cf. Jo 21, 17), encarregando-o, assim como aos demais apóstolos, de sua difusão e governo (cf. Mt 28, 18ss), erguendo-a de modo perfeito como coluna e sustentáculo da verdade (cf. iTm 3, 15). Esta Igreja, estabelecida e organizada neste mundo como uma sociedade, subsiste na Igreja católica, governada pelo sucessor de Pedro e pelos bispos em comunhão com ele, ainda que fora do seu corpo encontrem-se vários elementos de santidade e verdade que, como bens próprios da Igreja de Cristo, conduzem para a unidade católica (LG 8).

É característico da Igreja ser simultaneamente humana e divina, visível e dotada de elementos invisíveis, entregue à ação e dada à contemplação, presente no mundo e, no entanto, peregrina. E tudo isso de sorte que nela o humano está ordenado e subordinado ao divino, o visível ao invisível, a ação à contemplação e o presente à cidade futura que buscamos.

A Igreja é em Cristo como que um sacramento, isto é, sinal e instrumento da união intima com Deus e da unidade de todo o gênero humano (LG 1).
Toda a Igreja aparece como um povo reunido em virtude da unidade do Pai, do Filho e do Espírito Santo (LG 4).
A Santa Igreja católica, que é o Corpo místico de Cristo, compõe-se de fiéis que se reúnem organicamente no Espirito Santo pela mesma fé, pelos mesmos sacramentos e pelo mesmo governo (OE, 2).

Assim como os membros do corpo humano, apesar de serem muitos, formam um corpo único, assim também os fiéis Cristo (cf. 1Cor 12, 12). Também na edificação corpo de Cristo há diversidade de membros e de funções. Único é o Espírito que, para bem da Igreja, distribui os seus vários dons conforme suas riquezas e a necessidade de cada ministério (cf. 1Cor 12, 1-11) (LG 7).

2. Organização hierárquica da Igreja
O Concílio Vaticano II explica admiravelmente a organização hierárquica da Igreja da seguinte forma:

Este sagrado Concílio, seguindo a linha do Concílio
Vaticano 1, ensina e declara com ele que Jesus Cristo,
Pastor Eterno, edificou a Santa Igreja enviando os após-
tolos como Ele próprio fora enviado pelo Pai (cf Jo 20,
2:), e quis que os sucessores destes, os bispos, fossem os pastores na sua Igreja até o fim dos tempos. E para
que o Episcopado fosse um só e indiviso, pôs Pedro à
frente dos demais apóstolos e nele assentou o princípio e o fundamento perpétuo e visível da unidade da fé e da comunhão. Esta doutrina sobre a instituição, perpetuidade, poder e razão de ser do sacro primado do Romano Pontífice e de seu Magistério infalível, propõe-na nova e firmemente a todos os fiéis e, prosseguindo no mesmo desígnio, quer afirmar e declarar publicamente a doutrina
sobre os bispos, sucessores dos apóstolos, os quais, junto com o sucessor de Pedro, vigário de Cristo e cabeça visível de toda a Igreja, governam a casa do Deus vivo (LG 18).

E prossegue imediatamente o Concílio Vaticano II

O Senhor Jesus, depois de ter orado ao Pai, chamando a si os que Ele quis, elegeu doze para estarem consigo, os quais enviaria a pregar o reino de Deus (Cf. Mc 3 13–19; Mt 10,1-42), a estes constituí apóstolos (Cf. Lc 6, 13) sob a forma de colégio, ou seja, de grupo estável, à frente do qual pôs Pedro, escolhido dentre eles (cf. Jo 21, 15–17). Enviou-os primeiramente aos filhos de Israel, depois, a todas as gentes(cf. Rm 1, 16) para que, com o poder que lhes outorgava e fizessem de todos os povos discípulos seus e os santificassem e governassem (cf. Mt 28, 16–20; Mc 16, 18; Lc 24, 45–48; Jo 20, 1-23) e assim propagassem a Igreja e a apascentassem, guiados pelo Senhor, governando-a todos os dias até a consumação dos séculos (cf. Mt 28, 20). Eles foram confirmados plenamente nessa missão no dia de Pentecostes (cf. At 2, 1-36), segundo a promessa do Senhor "Recebereis a força do Espirito Santo, que descerá sobre vós, e sereis minhas
testemunhas em Jerusalém, em toda Judéia e Samaria e até os confins da terra" (At 1, 8). De fato, pregando em toda a parte o Evangelho (cf. Mc 16, 20), acolhido pelos ouvintes por obra do Espirito Santo, os apóstolos congregaram a Igreja universal que o Senhor fundou neles e edificou sobre o bem-aventurado Pedro, seu chefe, sendo o próprio Cristo sua pedra angular (cf. Ap 21, 14; Mt 16, 18; Ef 2, 20) (LG 19).
E assim como o múnus que Deus concedeu em caráter
permanente a Pedro, príncipe dos apóstolos, permanece para ser transmitido a seus sucessores, do mesmo modo perdura o múnus dos apóstolos de apascentar a Igreja, exercido de forma permanente pela ordem sagrada dos bispos. Por isso, este Sagrado Concílio ensina que, por instituição divina, os bispos sucederam aos apóstolos como pastores da lgreja, de modo que quem os escuta, escuta a Cristo, e quem os despreza, despreza a Cristo e àquele que o enviou (cf. Lc 10, 16) (LG 20).

3. A Igreja de Cristo é infalível em matéria de fé e costumes

Cristo Redentor prometeu que estaria conosco até o fim dos séculos (Mt 28, 20) e deu a sua Igreja o carisma da infalibilidade nas definições em matéria de fé e costumes (dogma e moral). Vejamos em quem reside esta infalibilidade.
a) O Romano Pontífice

Nele reside pessoalmente o carisma da infalibilidade conferido por Cristo a Pedro e a seus legítimos sucessores.
O Romano Pontífice, cabeça do Colégio episcopal, goza de infalibilidade em razão de seu ofício quando, como supremo Pastor e doutor de todos os fiéis, que confirma na fé seus irmãos (cf. Lc 22, 32), proclama de forma definitiva a doutrina da fé e dos costumes. Nesses casos, o Romano Pontífice não dá uma sentença como pessoa particular, mas, na qualidade de mestre supremo da Igreja universal, em quem o carisma da infalibilidade da Igreja reside de maneira singular, expõe ou defende a doutrina da fé católica.
Esta doutrina do Concilio Vaticano I sobre a instituição, perpetuidade, poder e razão de ser do sacro primado do Romano Pontífice e de seu Magistério infalível, propõe-na novamente o Concílio Vaticano II como objeto de fé inabalável a todos os fiéis (cf. LG 18).

b) O Colégio Episcopal e o Concilio Ecuménico

A infalibilidade prometida por Cristo à Igreja reside
também no Corpo dos Bispos, quando este exerce o supremo Magistério em união com o sucessor de Pedro.
Embora os bispos não gozem da prerrogativa da infalibilidade pessoal, quando, no exercicio de seu Magistério autêntico em matéria de fé e costumes, ainda que espalhados pelo mundo, mantêm a comunhão entre si e com o sucessor de Pedro e concordam em propor uma doutrina como definitiva, nesse caso propõem de modo infalível a doutrina de Cristo. Isso se dá mais claramente quando, reunidos em um Concílio ecumênico, são para toda a lgreja os mestres e juízes da fé e dos costumes, a
cujas definições há que aderir com o assentimento da fé (LG 25).


c) A totalidade dos fiéis

A totalidade dos fiéis, que têm a unção do Espirito San-
to (I Jo 2, 20-22), não pode equivocar-se quando crê, e esta sua prerrogativa peculiar, manifesta-a mediante o sentido sobrenatural da fé de todo o povo quando, "dos Bispos até os últimos fiéis leigos", dá seu consentimento universal nas matérias de fé e costumes (LG 12).

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