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Religiosidade Africana

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Por:   •  19/2/2015  •  4.097 Palavras (17 Páginas)  •  520 Visualizações

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Discutir cultura e religiosidade africanas em uma realidade cuja fé judaico-cristã e o eurocentrismo predominam torna-se um desafio, pois, desvelam-se novas perspectivas à compreensão de uma educação com outras dimensões. É possível identificar em sala de aula resistência à cultura e religiosidade afrodescendentes. Deve-se reconhecer que nem todos os povos possuem uma só religião, e que é preciso respeitar a diversidade religiosa e vivenciar a prática da tolerância. Os dados e conhecimento para a elaboração deste artigo decorrem de pesquisas teóricas bibliográficas, na web, recursos audiovisuais e debates em sala de aula. Observa-se que discentes e docentes podem descobrir um mundo novo, em outras perspectivas com a compreensão de fenômenos religiosos na sociedade, considerando que a influência cultural e religiosa africanas no Brasil fazem-se presente em inúmeras manifestações de seu povo.

Palavras-chave: Religiosidade africana – cultura – tolerância religiosa – mitos.

1. INTRODUÇÃO

Estudar a cultura e religiosidade africanas no Ensino Fundamental possibilita a aquisição de conhecimentos mais amplos e transforma a realidade histórico-cultural de povos ou grupos. Estabelece, assim, uma discussão entre os conceitos do colonizador e do colonizado, da ignorância proposital que se arrasta por séculos construída com fundamentos preconceituosos, racistas e discriminatórios. Esse preconceito, racismo e discriminação, quando presente em sala de aula nega a realidade do outro, a cultura do outro, a religião do outro. Há uma legislação brasileira recente, Lei 10.639/03, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional para incluir no currículo oficial da rede de ensino a obrigatoriedade da temática: História e Cultura Afro-brasileira.

Com pesquisas, leituras, diálogos, entre outras atividades pedagógicas pode-se buscar a formação do educando; enriquecer o seu aprendizado da história africana e brasileira no Ensino Fundamental; aprimorar a partir de novos conhecimentos adquiridos, entre eles, a respeito das religiões de matrizes africanas; descobrir linhas paralelas e/ou interligadas entre história das religiões africanas, cultura e heranças ou influências em outros povos ou grupos e perceber, assim, a importância desta cultura milenar na formação moral e ética do ser humano.

O educando ao entrar em contato com mitos de origem africana e a busca do respeito e tolerância religiosa, por exemplo, percebe que nem todos os povos possuem uma só religião. A influência cultural e religiosa africanas no Brasil fazem-se presentes em inúmeras manifestações de seu povo. Conhecer esta história e realidade auxilia os educandos a mudarem suas resistências à cultura e religiosidade afrodescendentes despertando nos educandos o desejo em respeitar a diversidade religiosa e cultural. Este conhecimento pode ser acessado em sala de aula por meio de pesquisas na web, leituras, recursos audiovisuais e debates, entre outras práticas pedagógicas, auxiliando os educandos a descobrirem um outro mundo, outras perspectivas e compreensão de fenômenos religiosos e sociais.

Oportunizar aos educandos no Ensino Fundamental, em refletirem de que forma foi construída a história das religiões no Brasil, ou seja, uma leitura que apresenta um povo colonizado por portugueses com forte influência católica; assim como uma visão das manifestações religiosas e culturais do povo africano, que chegou ao Brasil por meio da força do colonizador e de seus conceitos religiosos e culturais; mesma força a negar a religião e cultura dos escravizados contribui para desenvolver um olhar diferenciado sobre os fatos.

O educando, assim, poderá conhecer e debater mais um traço fundamental que integra e constitui um Brasil multicultural, pluriétnico e pluri-religioso.

2. COMPREENDENDO CULTURA E RELIGIÃO

Cada povo possui sua cultura, ela sintetiza suas concepções. Como ensina Marcello Ricardo Almeida (1999, p.98), “cultura é e sempre será uma espécie de amálgama, de sincretização. É a mistura de concepções diferentes, em diferentes épocas sintetizadas no mesmo gosto de um povo, nos mesmos hábitos traduzidos em festejos, gastronomia, jeito de ser e de viver”. Outro autor, Neto (1990) considera que a cultura pode ser compreendida como uma multiplicidade de códigos construídos, estruturados e em funcionamento na esfera social, a serviço e movido pela lógica das trocas (parentais, econômicas, simbólicas).

Em última instância, a cultura de um povo é a mistura de várias manifestações culturais de outros povos; esses mais, aqueles menos. A cultura é inerente ao povo de qualquer época e de qualquer lugar. É o que se cultua, é o passar de geração em geração. Os povos, de uma maneira ou de outra, desenvolveram sua cultura, preservaram ao seu modo a sua maneira de se alimentar, de se vestir, de se comunicar, de se comportar uns com os outros. Torquato (1991, p.03) lembra que “cada cultura é diferente de outra, mesmo que, eventualmente, se possa isolar componentes iguais a todas”.

Assim, como houve a necessidade de se ter uma cultura nasceu também igual vontade de se ter explicações ao que não se conhecia, ao que não se tinha explicação, ao que ainda estava obscuro. O ser humano em busca de respostas ao misterioso e ao inexplicável. A religião tem como pano de fundo o culto secreto a que só os iniciados podem compreender, e se firmam em dogmas a exemplo da fé (impenetrável à razão humana); neste caso, as ações misteriosas/inexplicáveis representadas nos rituais religiosos na tentativa mística de explicar à vida dos deuses na terra. Assim, nasceu à religião, como uma forma de buscar respostas para os questionamentos existenciais do ser humano; questionamentos: Quem sou? De onde vim? Para onde irei? Uma espécie de necessidade de religar o céu e a terra que, na concepção dos povos, porque se sentia estarem desligados o Criador e a criatura. E essas comunidades, e esses povos, dos mais primitivos aos mais contemporâneos, ligaram o que se julgava desligado ao que deram o nome de religião.

Toda cultura tem opiniões sobre o que é ter uma mente (ou coisa parecida) e sobre sua relação com o corpo; e quase todas as culturas dispõem de algum conceito que desempenhe alguns dos papéis dos conceitos de divindade. Mesmo que houvesse uma cultura humana em que não se fizesse presente nada parecido com qualquer desses conceitos, é difícil dar sentido à idéia de uma cultura que não tivesse nenhum conceito organizador crucial. (APPIAH, 1997, p. 129).

Apesar do propósito de religar o que se julgava, subjetivamente, desligado (Criador/criatura,

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