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Religiões Africanas No RS.

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Por:   •  8/12/2014  •  2.502 Palavras (11 Páginas)  •  244 Visualizações

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Religiões Africanas no RS.

O objetivo principal deste trabalho é desmistificar a religião afrodescendente sobretudo o batuque praticado no Rio Grande do Sul para que as pessoas conheçam a realidade enfrentada pelos seus praticantes e não apenas tenham uma ideia vaga do assunto que venha a partir de conversas de pessoas que desconhecem e ignoram a tradição dos Orixás.

Metodologia utilizada:

Depoimentos colhidos ao longo da vivência dentro da religião.

Entrevista feita com Pai Ricardo de Iansã.

Pesquisa em livros e sites que contenham a essência do fundamento da nação.

A representação das atividades ritualísticas, sociais e hierárquicas dentro das casas afro brasileiras do Brasil e em especial do Rio Grande do Sul, como não poderia deixar de ser, sempre foi muito restrita. Os rituais de iniciação e conservação do Axé são cercados de polêmicas envolvendo manifestações físicas dos Orixás, tambores, danças e mais recentemente devido aos ataques das religiões neo pentecostais, a grande polêmica do sacrifício de animais.

Quando foram “gentilmente convidados” a participar do processo distribuição de mão de obra no Brasil, os africanos vieram de muitas regiões do continente, a maior parte da costa oeste onde predominavam dois grandes grupos: Os Bantos e Sudaneses.

Os sudaneses vêm da região do Golfo da Guiné, onde se situam hoje a Nigéria e o Benin. Pertenciam às nações Haussais, Jeje, Keto e Nagô. Os bantos agregam as nações de Angola, Benguela, Cabinda e Congo.

As principais nações que chegaram ao Rio Grande do Sul foram Jeje; Nagô; Ijexá; Oyo e Cabinda.

O príncipe Custódio.

 Custódio Joaquim de Almeida (1831?-1935) chegou a Porto Alegre, em 1901, estabelecendo-se na Cidade Baixa, na rua Lopo Gonçalves. A Cidade Baixa era, tradicionalmente, conhecida como um espaço de resistência da "Cultura Negra" na capital gaúcha. Essas regiões, tradicionalmente, ligadas à economia do charque se utilizavam de mão de obra escrava, portanto bastante presente o legado cultural da etnia negra. Reza a tradição oral que o Príncipe Custódio realizava  grandes festas religiosas (ritos) em homenagem aos orixás. Nessas ocasiões, dirigiam-se ao seu ilê (casa) muitos devotos que participavam, ao toque dos atabaques, cantando em iorubá as rezas (Cânticos) que narravam os feitos dos orixás; além de  realizar requintados banquetes regados a vinho e licores importados, principalmente, na data do seu aniversário. De acordo com dados impressos em periódicos que circularam em Pelotas e Rio Grande já havia cultos de matriz africana antes da chegada de Custódio. Segundo a oralidade popular, o "Príncipe de Ajudá" se relacionava com figuras importantes do campo político como Julio Prates de Castilhos, Borges de Medeiros e até mesmo Getúlio Vargas, entre outras personalidades. Seus poderes espirituais, como sacerdote africano ( babalorixá), espalhavam-se pelas plagas gaúchas. Muitos acreditam que o mesmo intervinha com seus poderes magísticos no desfecho de importantes questões políticas no Estado.

Costa Leite, Carlos Roberto Saraiva Em <http://cafehistoria.ning.com/profiles/blogs/um-principe-negro-viveu-em > Acesso em: 09 de Março de 2013.)

Os escravos que tinham a sorte de conseguir sobreviver ao trauma físico do sequestro e aos meses de sofrimento dentro de um navio em condições sub humanas, montavam nas senzalas o seu altar católico pois não podiam nem mesmo cultuar sua crença de origem. Cuidadosamente eles escondiam as pedras que lembravam as ferramentas de seus orixás nos santos católicos e quando rezavam para Jesus estavam rezando para Oxalá e assim com todos os outros Orixás. Oxalá virou Jesus e Jesus virou Oxalá. Esse sincretismo religioso criado pelos ancestrais, ainda hoje é parte integrante do dia a dia dos filhos de fé, pois o respeito às tradições e a estrutura da família são peças fundamentais. Outro ponto muito forte é a preocupação com a ecologia, preservação e sustentabilidade pois os Orixás são manifestações da natureza e preservando-a estaremos respeitando-os.

As casas de batuque no Rio Grande do sul são compostas pelo Pai ou Mãe de santo que é o dirigente maior seguido pelo pai/mãe pequeno que é o responsável na ausência desse. Em seguida temos os filhos de santo que são os iniciados. Cada um desses integrantes passam a ter uma função específica dentro da casa para o seu bom andamento. Existem também os alabês (tamboreiros) que são essenciais ao culto tanto nas obrigações de serão como nas festas. As rezas interpretadas pelos alabês, são primordiais para a chamada e a vibração do orixá. O pai de santo age como se fosse um pai de sangue aconselhando seu filho nas questões terrenas ou espirituais, seja no Ifá ou na conversa informal.

A quaresma.

A quaresma é um período de reclusão sincretizado com os santos católicos. Como o período da quaresma corresponde a uma época de reclusão e reflexão dentro da igreja católica, muitos terreiros de umbanda e candomblé ficavam em uma posição delicada junto a comunidade católica e fechavam as portas para não terem problemas com as autoridades locais e com as pessoas em geral, pois as casas sempre foram muito mal vistas pelas autoridades policiais.

As principais fontes de referência são os jornais que reportam ações policiais contra os terreiros. Lilian Schwarcz transcreve, por exemplo, reportagem do Correio Paulistano, de 30/11/1879, intitulada "Os feiticeiros do RS — Grande Caçada". Diz a reportagem:

a polícia tomou ontem em uma casa 42 pretos livres e escravos e 11 pretos minas. A caçada deu-se às 10h30 da noite no momento em que o preto João celebrava uma sessão de feitiçaria. Foi uma surpresa e um desapontamento que aqueles fiéis crentes jamais perdoarão a polícia [...]. A polícia apreendeu cabeças de galo e outros manipansos. Os principais atores da indecente comédia foram recolhidos à cadeia e os escravos castigados. (Schwarcz, 1989:126)

A quaresma também é um período de reclusão onde espiritualmente o homem enfraquece e nesta época as pessoas que tem Orixás feitos liberam seus Orixás para que combatam as injustiças do mundo. É o que chamam de mandar o santo pra guerra.

Os Orixás

Segundo Pai Ricardo de Iansã (em entrevista dia 23/02) mais de 200 Orixás cruzaram o Atlântico, como toda a informação foi passada oralmente, muita coisa

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