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A ESPECIALIZAÇÃO EM CIÊNCIAS AMBIENTAIS EM ÁREAS COSTEIRAS

Por:   •  12/9/2020  •  Monografia  •  1.911 Palavras (8 Páginas)  •  253 Visualizações

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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO RIO DE JANEIRO

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

ESPECIALIZAÇÃO EM CIÊNCIAS AMBIENTAIS EM ÁREAS COSTEIRAS

FLÁVIA CARVALHO FIGUEIRA PURIFICATE

O Turismo como instrumento de salvaguarda do patrimônio da comunidade tradicional salineira do Caminho do Sal - RJ

Arraial do Cabo

2016

Resumo

A Região da Costa do Sol no Estado do Rio de Janeiro, representada pelos municípios Armação dos Búzios, Cabo Frio, Arraial do Cabo, Maricá, Rio das Ostras, Macaé, Saquarema, Araruama, Iguaba Grande, Casimiro de Abreu, São Pedro da Aldeia, Quissamã e Carapebus é um destino turístico consolidado. Entende-se como Caminho do Sal o conjunto das Salinas nas localidades hoje conhecidas como Cabo Frio, Arraial do Cabo e Araruama junto da rota (Cabo Frio-Maricá) de seu escoamento ao porto do Rio de Janeiro até a década de 1950/60. A exploração do sal nestas localidades é algo rico historicamente e, com mais de 200 anos de legado. O projeto de pesquisa aqui apresentado propõe uma interpretação e problematização do patrimônio cultural, histórico, material, imaterial, memórias, saberes e fazeres das comunidades tradicionais e populações costeiras, mais especificamente da comunidade salineira do Caminho do Sal. Ao utilizar o fenômeno turístico como vertente de estudo e busca-se a compreensão da cultura assim gerando envolvimento da comunidade e este virando instrumento de valorização e sensibilização permitindo o reconhecimento de princípios de base comunitária, originando um senso de pertencimento.

Palavras chave: Turismo; Costa do Sol; Salinas; Comunidades Tradicionais


Tema: O turismo como instrumento de salvaguarda do patrimônio de comunidades tradicionais

Introdução

A Costa do Sol (Região dos Lagos) é formada pelos municípios de Armação dos Búzios, Cabo Frio, Arraial do Cabo, Maricá, Rio das Ostras, Macaé, Saquarema, Maricá, Araruama, Iguaba Grande, Casimiro de Abreu, São Pedro da Aldeia, Quissamã e Carapebus. É um dos principais destinos turísticos do Estado, tendo como principal segmentação o turismo de Sol e Mar.

A atual região dos lagos fluminense constituía o ponto limítrofe ao norte da capitania do Rio de Janeiro, fronteira com São Tomé e era habitada pelos índios tamoios. Bem antes dos europeus, os índios Mataruna, primeiros habitantes da terra araruamense, já conheciam e utilizavam o sal das salinas naturais existentes na região. Mais tarde, muitos desses depósitos naturais de sal passaram a ser explorados, como a Salina do Padre, Salina dos Índios, Salina Marnel de Massambaba e Salina do Povo. (JOÃO, 2012)

Com a colonização portuguesa, a Corte proibiu a extração do sal em terras brasileiras, obrigando a Colônia a consumir o sal vindo de Portugal. Segundo Lamego (2007), as primeiras proibições datam de 1665, mas foi a Carta Régia de 28 de fevereiro de 1690 que 27 proibiu definitivamente a extração do sal nos trópicos, visando proteger os interesses comerciais lusitanos. O produto era vendido no Brasil vinte e cinco vezes mais caro do que em Portugal, originando diversos protestos populares. Em 1801, o monopólio português sobre a venda de sal ao Brasil foi definitivamente abolido. (JOÃO, 2012)

A produção do sal em torno da lagoa de Araruama esteve presente durante o Estado Português, no processo de ocupação e urbanização daquelas áreas e ainda no Estado Brasileiro. (JOÃO, 2012)

É importante destacar que a ocupação da região se deu a partir de Cabo Frio, seguindo para São Pedro da Aldeia, depois Araruama, Saquarema e, finalmente, Maricá.  Ainda no final do século XIX, numa tentativa de injetar investimentos na região e melhorar o escoamento da produção o sal, um grupo de políticos de Maricá, conseguiu a extensão de um ramal da Estrada de Ferro Leopoldina, criando assim a Estrada de Ferro de Maricá, cujo primeiro trecho foi inaugurado em 1888. No entanto, a maior parte da produção continuava sendo escoada através do porto de Cabo Frio. O sal era extraído das salinas à beira da lagoa, recolhido nos armazéns dos portos mais próximos e, depois, enviado a Cabo Frio - sendo Saquarema, Araruama, São Pedro da Aldeia e Cabo Frio o caminho percorrido pelo produto - para depois seguir para o Rio de Janeiro. Havia um outro caminho inverso percorrido pela produção destinada a Maricá com intuito de salgar o peixe produzido por este município e, então, enviado ao Rio de Janeiro pela estrada de ferro. (JOÃO, 2012)

Nas décadas de 1950, 1960 e princípio da década de 1970 as salinas alcançaram uma grande produtividade, enriquecendo os proprietários e contribuindo para o aumento da economia do município. É o “período de ouro”, expressão presente em todos os discursos alusivos ao período. (JOÃO, 2012)

As lanchas de sal (embarcações à vela, responsáveis pelo transporte do sal entre as salinas no interior da Lagoa de Araruama e o Porto de Cabo Frio) e seus estaleiros, bem como as locomotivas da estrada de ferro, desapareceram do cenário salineiro. Perderam a utilidade com o incremento do sistema rodoviário, impulsionado com a construção da rodovia Amaral Peixoto na década de 1950, que faz a ligação da Região dos Lagos a Niterói. (JOÃO, 2012)

Segundo Paixão (2004), na década de 1970 começa a crise do sal. Ela destaca que os elementos que contribuíram para a crise foram o fracasso do contrato com a Álcalis, a queda do preço do produto e o mercado imobiliário em expansão devido ao crescimento do turismo na região.

No inicio da década de 1950, a região era frequentada para veraneio por uma elite carioca. Em 1964, atriz francesa Brigitte Bardot projetou Armação dos Búzios para o mundo, levando ao processo de turistificação da localidade. A inauguração da ponte Presidente Costa e Silva (Rio –Niterói) em 1973 facilitou o acesso à região, levou ao aumento das segundas residências e deu início ao turismo de massa, que nos dias de hoje apresenta seus efeitos diversos sobre a região como: o grande impacto econômico, por ser uma das principais atividades produtivas locais; a degradação ambiental e descaracterização ambiental e cultural, dentre outros.

O turismo de massa se caracteriza pelo deslocamento de um grande número de pessoas, individualmente ou em grupos, para um mesmo lugar geralmente na mesma época do ano. É, considerado por muitos, como um dos maiores agressores dos espaços naturais. O excesso de turistas conduz ao superdimensionamento dos equipamentos destinados a alojamento, alimentação, transporte e entretenimento, o que inevitavelmente leva a ocupação de grandes espaços, assim agredindo paisagens e causando danos, muitas vezes irreversíveis, aos recursos naturais (RUSCHMANN, 1997).

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