Alfabetização E Letramento

ichamento: Letramento e alfabetização: as muitas facetas

SOARES, Magda. Letramento e alfabetização: as muitas facetas. In: Trabalho apresentado no GT Alfabetização, Leitura e Escrita, durante a 26ª. Reunião Anual da ANPED. Poços de Caldas, de 5 a 8 de outubro de 2003.

Resumo

A autora faz um entrelaçamento

com

outro texto de sua autoria, que foi publicado há quase vinte anos, “As muitas facetas da alfabetização”. A intenção é retomar conceitos e problemas, buscando identificar sua evolução ao longo das duas ultimas décadas, o conceito de letramento e a desinvenção da alfabetização. (p. 1)

O texto relata que aproximadamente nos anos 1980 se dá a invenção do letramento no Brasil. A partir daí surgiu grande números de artigos e livros voltados para o tema. (p. 2)

Na França surge a caracterização dos jovens e adultos do chamado Quarto Mundo, que revela precário domínio de competência da leitura e da escrita, assim dificulta a inserção dos mesmos no mundo social e do trabalho. Nos Estados Unidos o problema emerge no início dos anos 80, osjovens graduados na high school não dominavam habilidades de leitura que envolvem a escrita e esse se dava por não domínio de competências de uso da leitura e escrita. (p.2)

No Brasil o uso competente da leitura e escrita tem sua origem juntamente à aprendizagem inicial da escrita, desenvolveu-se basicamente a partir de um questionamento do conceito de alfabetização. A mídia usa termos como semi-analfabetos, iletrados, analfabetos funcionais, esses nomeados de analfabetos funcionais são aqueles que sabem ler e escrever, mas frequentaram menos de quatro anos de escola. (p. 4)

Observa-se que na produção acadêmica brasileira, alfabetização e letramento quase sempre são associados, levando a fusão dos dois processos e prevalecendo a do conceito de letramento. (p. 5)

A perda de especificidade da alfabetização é um dos fatores do atual fracasso na aprendizagem e, portanto, também no ensino da língua escrita. Fatores que podem ser apontados por essa perda de especificidade do processo de alfabetização: a reorganização do tempo escolar, o princípio da progressão continuada que mal aplicado pode resultar em descompromisso. (p.6)

Nas últimas três décadas houve mudanças de paradigmas teóricos no campo da alfabetização, um paradigma behaviorista é substituído por um paradigma cognitivista, que maistarde avança para um paradigma sociocultural. A primeira mudança pode ser considerada radical, já a outra pode ser interpretada como um aprimoramento do paradigma cognitivista. (p. 7)

A autora afirma que a criança deixa de ser considerada dependente de estímulos externos e passa a aprender o sistema de escrita, sendo sujeito ativo capaz de progressivamente construir e interagir com a língua escrita em seus usos e práticas sociais. (p. 8)

Explica-se que defender a especificidade do processo de alfabetização não significa separar do processo de letramento, no entanto, parece que a percepção que se tem é das crianças que estão sendo letradas na escola, não estão sendo alfabetizadas, se deixa parecer que está conduzindo à solução de um retorno à alfabetização como processo independente. (p. 9)

Em avaliações feitas em níveis de alfabetização da população em processo de escolarização, levou-se a criticar essa concepção holística da aprendizagem da língua escrita, essa crítica pois, há ausência de instrução direta e específica para a aprendizagem no modo alfabético e ortográfico. (p. 10)

Considerando componentes essenciais do processo de alfabetização, consciência fonêmica, fluência em leitura, vocabulário e compreensão, mostram que esses fatores têm implicações positivas para a aprendizagem dalíngua escrita. (p. 11)

Separar alfabetização e letramento é um equivoco, pois no quadro da atual concepção psicológica, linguística e psicolinguística da leitura e escrita, o começo do sujeito no mundo da escrita se dá simultaneamente por esses processos: aquisição do sistema convencional e pelo desenvolvimento de habilidade de uso desses sistemas em atividades de leitura e escrita. (p. 12)

Analisando o texto parece ser contraditório, mas é preciso pensar em reconhecer a possibilidade e necessidade de promover a integração entre alfabetização e letramento, sem perder, a subjetividade de cada um desses processos, o que implica reconhecer a diversidade de métodos e procedimentos para ensino de um e de outro. (p. 13)

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