TrabalhosGratuitos.com - Trabalhos, Monografias, Artigos, Exames, Resumos de livros, Dissertações
Pesquisar

Literatura

Tese: Literatura. Pesquise 860.000+ trabalhos acadêmicos

Por:   •  28/5/2014  •  Tese  •  3.688 Palavras (15 Páginas)  •  216 Visualizações

Página 1 de 15

Literatura

Condicionada pela tradição cultural e pelo devir histórico, a literatura tem, no entanto, uma dimensão que não se define somente pelas circunstâncias em que se produz. Nela, o talento individual do artista e a sensibilidade para os problemas de seu tempo são determinantes para mostrar, discutir ou criticar os principais aspectos de uma cultura.

Literatura é o conjunto de todas as manifestações verbais (orais ou escritas), e de intenção estética, seja do espírito humano em geral, seja de uma dada cultura ou sociedade. Na origem, a literatura de todos os povos foi oral, caráter que manteve mesmo após a invenção e difusão da escrita. As primeiras obras literárias conhecidas são registros escritos de composições oriundas de remota tradição oral. Todas as literaturas do Ocidente têm em comum, fundamentalmente, a herança grega e latina. Preservadas, transformadas e difundidas pelo cristianismo, as obras da Grécia antiga e de Roma foram transmitidas para as línguas vernáculas da Europa e das regiões colonizadas pelos europeus.

Literatura antiga. O fato indiscutível sobre a literatura ocidental antiga é que a maior parte dela se perdeu. O fogo, as guerras e a destruição pela passagem do tempo subtraíram suas obras à posteridade, e são poucas as peças que os paleontólogos resgatam de tempos em tempos.

Cada uma das cinco civilizações mais antigas que se conhecem -- Babilônia e Assíria, Egito, Grécia, Roma e a cultura dos israelitas na Palestina -- entrou em contato com uma ou mais dentre as outras. Nas duas mais antigas, a assírio-babilônica, com suas tábulas de argila quebradas, e a egípcia, com seus rolos de papiro, não se encontra relação direta com a idade moderna. Na Babilônia, porém, se produziu o primeiro código completo de leis e dois épicos de mitos arquetípicos -- o Gilgamesh e o Enuma elish que vieram a ecoar e ter desdobramentos em terras bem distantes.

O Egito, que detinha a intuição mística de um mundo sobrenatural, atiçou a imaginação dos gregos e romanos. Da cultura hebraica, a principal herança literária para o Ocidente veio de seus primeiros manuscritos, como o Antigo Testamento da Bíblia. Essa literatura veio a influenciar profundamente a consciência ocidental por meio de traduções para as línguas vernáculas e para o latim. Até então, a ensimesmada espiritualidade do judaísmo mantivera-a afastada dos gregos e romanos.

Embora influenciada pelos mitos religiosos da Mesopotâmia, da Anatólia e do Egito, a literatura grega não tem antecedentes diretos e aparentemente se originou em si mesma. Nos gregos, os escritores romanos buscaram inspiração para seus temas, tratamento e escolha de verso e métrica, valores que transmitiu para os primeiros tempos da Idade Média, quando a cultura da Grécia já fora absorvida pela tradição latina, para só no Renascimento ser redescoberta.

Todos os gêneros importantes de literatura -- épica, lírica, tragédia, comédia, sátira, história, biografia e prosa narrativa -- foram criados pelos gregos e romanos, e as evoluções posteriores são, na maioria, extensões secundárias. O épico grego de Homero foi o modelo do épico latino de Virgílio; os fragmentos líricos de Alceu e Safo encontraram continuidade na obra de Catulo e Ovídio; e à história de Tucídides seguiu-se a de Tito Lívio e a de Tácito.

O ideal humano que transparece nas literaturas grega e latina, formado após a civilização ter emergido dos séculos iniciais de barbárie, ainda seria transformado, antes do fim do mundo antigo, no ideal do espiritualismo judaico-cristão, cujos escritores prenunciaram a literatura medieval.

Literatura medieval. O surgimento do cristianismo nos territórios que haviam formado o Império Romano incutiu na Europa a atitude geral para com a vida, a literatura e a religião dos primeiros doutores da igreja. No Ocidente, a fusão das filosofias cristã e clássica formou a base do hábito medieval de interpretar simbolicamente a vida. Por intermédio de santo Agostinho, os pensamentos platônico e cristão reconciliaram-se. A organização permanente e uniforme do universo grego recebeu forma cristã e a natureza tornou-se um sacramento, revelação simbólica da verdade espiritual.

A igreja não apenas estabeleceu o objetivo da literatura, como cuidou de preservá-la. Ao longo dos tempos, os mosteiros criados nos séculos VI e VII conseguiram preservar a literatura clássica do Ocidente, enquanto a Europa era varrida por godos, vândalos, francos e, mais tarde, escandinavos. Os autores clássicos romanos assim preservados e as obras que continuavam a ser escritas em latim predominaram sobre as obras vernáculas durante quase toda a Idade Média. A Cidade de Deus, de santo Agostinho; a História eclesiástica, do venerável Beda; e a crônica dinamarquesa de Saxo Grammaticus, por exemplo, foram todas escritas em latim, como a maioria das principais obras sobre filosofia, teologia, história e ciência.

A literatura européia pré-cristã tinha uma tradição oral que foi resgatada na Edda poética e nas sagas, ou épicos heróicos, da Islândia, no Beowulf anglo-saxônico e na Hildebrandslied (Canção de Hildebrando) alemã. Todas essas obras pertenciam a uma tradição comum alemã, mas foram registradas por escribas cristãos muito depois do evento histórico que relatam. Seus elementos pagãos se fundiram com o pensamento e sentimento cristãos. Numerosas baladas, em países diversos, também revelam uma antiga tradição nativa de declamação oral.

Entre os mais conhecidos dos muitos gêneros que surgiram nas literaturas vernáculas medievais estão o romance e a lírica amorosa, que combinavam elementos das tradições orais populares com as da literatura refinada. O romance usou fontes clássicas e arturianas numa narrativa poética que substituiu os épicos heróicos da sociedade feudal, como a Canção de Rolando, lenda sobre o heroísmo dos cavaleiros. No romance, temas complexos como amor, lealdade e integridade pessoal se juntaram na busca da verdade espiritual, amálgama encontrado em todas as literaturas ocidentais européias da época.

A lírica amorosa teve antecedentes heterogêneos. As origens do amor cortês são discutíveis, como o é a influência de uma tradição de poesia popular amorosa. Fica claro, porém, que os poetas do sul e norte da França, que cantavam a mulher idealizada, foram imitados ou reinterpretados em toda a Europa: na escola siciliana da Itália, nos Minnesingers (trovadores) da Alemanha, nos versos latinos da Carmina Burana e nos cancioneiros portugueses, espanhóis e galegos do século XIII ao XVI.

Grande parte da literatura medieval, no entanto, é anônima e dificilmente datável. Autores como Dante, Chaucer, Petrarca e Boccaccio, que surgiram no

...

Baixar como (para membros premium)  txt (24.2 Kb)  
Continuar por mais 14 páginas »
Disponível apenas no TrabalhosGratuitos.com