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O Primo Basilio

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Por:   •  10/5/2013  •  3.726 Palavras (15 Páginas)  •  641 Visualizações

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O PRIMO BASÍLIO - JOSÉ MARIA EÇA DE QUEIRÓS

RESUMO: Narra a história de adultério cometido por Luísa - esposa de Jorge, um engenheiro de minas, que sempre precisa viajar a trabalho - com um primo que a deixou , sete anos atrás, ao perder tudo e ser obrigado a ir para o Brasil tentar a sorte e de lá mesmo rompe o namoro com a prima, através de uma carta. Após esses sete anos, Basílio de Brito retorna para Portugal, como negociante de madeira, onde ficará um tempo e como não havia muito o que fazer, resolve procurar a prima e utilizar tudo que suas viagens à Paris lhe ensinou, de forma bem cafajéstica, para conquistá-la. Entre encontros e mais encontros, há a malícia dos outros personagens que a tudo assistem, sendo que Juliana , sua criada revoltada, irá furtar três cartas dos amantes ( duas de Basílio e uma dela) para chantageá-los. Começa então uma outra fase da narrativa, já que a primeira mostra o adultério em si, nesta mostrará detalhes de conflitos entre Luisa e Juliana que chegam a trocar de posição social, de papéis, culminando com a morte das duas..

PALAVRAS CHAVES: ADULTÉRIO

REALISMO

O romance, apesar de ser uma tipificação literária do Romantismo, é um recurso utilizado por Eça de Queirós para narrar, melhor, fotografar de forma notável uma história sobre adultério, numa classe média lisboense, utilizando a ferramenta realística dos detalhes minuciosos que consegue fazer com que personagens planas possam ser nitidamente identificadas dentro deste contexto sócio-econômico.

Eça se dedica ao realismo mesmo na época do Grupo do Cenáculo, onde apresenta a 4ª conferência com o assunto: O Realismo como nova expressão da arte.

Apesar de dar maior valor ao enredo que é o adultério, Eça constrói personagens adaptados para o realismo colocando em cada uma as peculiaridades que denotam verdadeiras caricaturas do pequeno burguês lisboense. Ele constrói personagens de fora para dentro, que também é uma característica do realismo, ou seja, cada personagem é conhecida por suas próprias falas e comportamento, por suas opiniões e lugares onde vivem. O autor para descrever Basílio recorre até dos pensamentos do personagem.

Em cada capítulo há sempre cenas e falas que caracterizam a época com uma perfeição que comprova o perfeccionismo do autor em reescrever os capítulos mais de cem vezes. Há descrições que nos forçam a reler várias vezes, tamanha é a autenticidade dos objetos e pessoas e lugares descritos. Alguns críticos até ressaltam tais passagens.

O autor onisciente, trabalha com a terceira pessoa, em um discurso indireto sem pronunciar julgamentos, o que afinal nem se faz necessário, já que se consegue vislumbrar nos detalhes toda forma de crítica aos opositores do Realismo. Temos em cada personagem a crítica viva de tudo que há na sociedade burguesa e até na sociedade descrita dos empregados.

O mais interessante é que Eça conseguiu delatar toda a realidade menos em fatos, mais em personagens e seus comportamentos. É precioso demais a construção plana dos personagens sem aprofundamento psicológico, característica do Realismo, e mesmo assim despertar um interesse grande em conhecer todo o desenvolvimento da obra. Não há rede psicológica, ao contrário, há diálogos fúteis e medíocres que nos arrastam pela novidade em mostrar a realidade limpa, sem máscaras, expondo desde a rejeição ao romantismo aos assuntos como adultério, característica

também do Realismo.

A superficialidade dos personagens e o tema adultério foram peças fundamentais para incitar ao público da época que já andava enfadado pela subjetividade pegajosa do Romantismo, sem contar que a Europa já estava bem além de Portugal em novidades e novos pensamentos, resultado da Revolução Industrial que gerou um mundo com novas correntes a partir do Positivismo de Auguste Comte.

A era do objetivismo e comprovações científicas está evidente no Primo Basílio, através de Jorge, marido de Luisa, que era a favor da ciência, um engenheiro de minas.

Centrando-nos no enredo temos um romance entre Luisa e o Primo Basílio em Portugal, que acaba quando os país de Basílio perdem tudo e ele é forçado a ir para o Brasil, de lá escreve uma carta terminando tudo com Luísa.

Luisa fica triste, mas nada a impede de pouco depois se casar com Jorge. Este, é o protótipo do esposo perfeito, ou seja, sempre ausente, deixa a esposa em casa por vários períodos de tempo, viajando a trabalho, que mais tarde, é revelado ser também para seus adultérios. Revelação essa surpreendente e muito bem elaborada, em um capítulo em que o amigo de Jorge, o senhor Sebastião, deixa Luisa ler uma carta em que devassamente Jorge relata seus casos com detalhes fortes para a época, um segredo que morre com Sebastião e Luisa.

O autor logo no início do romance com o propósito de apresentar os personagens secundários, relata as reuniões que sempre aconteciam na casa de Jorge aos domingos.

Após sete anos de separação, Basílio volta para Portugal bem sucedido, com negócios no ramo de madeira, e juntamente com amigo fica no hotel central alguns dias, dias estes que se transformam em um grande dilema para Luisa.

Basílio sente vontade de ir ver a prima e ao visitá-la, fica feliz pela ausência do marido, detalhe que o autor deixa claro o caráter do primo. Neste capítulo e alguns outros, todo o comportamento de Basílio é de um homem prepotente e sedutor, além de cafajeste. Critica a prima o tempo todo, ao mesmo tempo, em que tenta conquistá-la com sua astúcia. Fala o tempo todo de Paris, onde passou um bom tempo. Tudo em Paris é melhor. Além de realçar o quanto o adultério é " um dever aristocrático" em Paris. Chega a influenciar a prima em seu modo de vestir. Diante de tantos encontros e seduções, Luisa que já era contaminada pelas histórias dos folhetins românticos que passava manhãs a lê-los se sente cada vez mais tentada a ser como todas. Até sua cozinheira Joana tinha seu homem às escondidas. Recebia influência também de sua amiga do tempo de solteira, Leopoldina que apesar de casada com João Noronha, dormia em camas separadas e tinha vários amantes sem nada encobrir , nem mesmo do marido que a tratava como um animal. Leopoldina era uma amiga íntima que Jorge proibira de recebê-la na casa deles, pois todo mundo falava dela, que cheirava a feno e tabaco e tinha a alcunha de pão-e-queijo. Tinha 27 anos era uma mulher tão linda e bem desenhada que " quase tinha atração por ela , parecia a

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