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O Primo Basílio

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Por:   •  21/8/2014  •  4.009 Palavras (17 Páginas)  •  299 Visualizações

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INTRODUÇÃO

A Revolução Industrial iniciada no século XVIII, na Inglaterra, provocou uma industrialização acelerada em vários países. As cidades cresciam rapidamente, camponeses transformavam-se em operários urbanos e a vida cultural diversificava-se.

Londres, Berlim, Viena e principalmente Paris eram o centro de um vigoroso processo criativo. Enquanto isso, Portugal mantinha-se apegado às glórias do passado. O país não chegou a desenvolver uma burguesia empreendedora e capitalista, nem uma elite intelectual significativa que fizesse desenvolver as artes e as ciências. A elite de Lisboa vivia apegada às glórias coloniais passadas. De costas para o futuro, vivia centrada em sua vidinha sem perspectivas.

A escola realista propõe uma criação literária apoiada na análise objetiva da realidade. O narrador vê os acontecimentos com neutralidade e domina as informações sobre o contexto o qual o enredo acontece. O Naturalismo traz uma preocupação a mais: tenta introduzir o método científico na obra literária e, com isso, intensifica e amplia as tendências básicas do Realismo.

BIOGRAFIA DO AUTOR

Balzac criou as "cenas da vida parisiense" e da vida de província”, dentro de sua monumental Comédia humana. Eça de Queirós, que bebeu de fontes românticas e realistas francesas, procurou, no começo de sua atividade literária, criar uma obra como a do mestre francês. Seriam, as suas cenas portuguesas, um retrato objetivo da vida nacional, com seus tipos e seus problemas humanos e locais. O projeto, de fôlego, começou a ser esboçado quando o escritor português já havia publicado dois de seus principais romances: O crime do padre Amaro, que marcou sua estreia no romance, e o famoso O primo Basílio. Comporia ainda esse quadro o clássico Os Maias.

O projeto era bem maior, mas não foi logrado inteiramente. Eça não tinha a disponibilidade de tempo que teve Balzac, que foi um tipo de escritor fulltime e obsessivo. No entanto, os livros do autor português são até hoje uma prova da vitalidade de sua prosa e granjearam inúmeros seguidores. Basta lembrar, como exemplo, que Eça era adorado e admirado no Brasil, um ídolo da juventude, e seus personagens eram citados em conversas como se fossem um vizinho ali da esquina, um amigo de muitos anos, como lembrou, num bonito ensaio, o crítico literário Antonio Candido.

Em “Eça de Queirós, passado e presente”, Candido lembra uma passagem bastante curiosa sobre o culto, no Brasil, ao escritor. Além de falar sobre a mania do monóculo e da mecha de cabelo na testa entre os estudantes de Direito brasileiros, todos tomando Eça como modelo até no visual, um jornal carioca lançou, em 1896, um inquérito sobre os seis melhores romances em língua portuguesa. Resultado: em primeiro lugar, Os Maias; em segundo, O Primo Basílio; em terceiro, Memórias póstumas de Brás Cubas; em quarto, A relíquia; em quinto, A mão e a luva; e em sexto, o Ateneu. Ou seja, Eça estava em primeiro, segundo e quarto colocados; Machado em terceiro e quinto; Raul Pompéia, com seu único livro, em sexto.

Esse pequeno exemplo dá a medida da popularidade no Brasil desse talentoso escritor nascido em Póvoa do Varzim (região norte de Portugal), em 25 de novembro de 1845. Eça também assinava algumas colunas de jornais que saíam tanto em Portugal quanto aqui no Brasil, o que, sem dúvida, difundiu mais ainda seu nome no nosso país.

Sua vida foi marcada pela atividade literária e também pela diplomacia, que o levou a se mudar várias vezes para diversos países, até se instalar, em definitivo, na França. De sua infância, pouco se sabe. O fato Mais curioso de sua vida envolve o registro de nascimento, em que constava somente o nome do pai: Jose Maria Teixeira de Queirós. A mãe vinha como “incógnita". Sua mãe, dona Carolina Augusta Pereira d'Eça, não estava oficialmente Casada com seu pai quando o menino nasceu. Tanto é que ainda de colo ele foi enviado para a casa de uma ama, onde viveu por um período. Seus pais se casariam apenas em 1853, e tiveram mais quatro filhos. Mesmo assim, o menino passou parte da primeira infância longe deles. Depois dos primeiros anos com a ama, foi morar na casa dos avós paternos, em Verdemilho, na região de Aveiro.

Já aos 10 anos, foi enviado para o Porto, onde residiam seus pais, e começou seus estudos obrigatórios no Colégio da Lapa, onde permaneceu como interno até a entrada na Faculdade de Direito de Coimbra. Foi um aluno comum, sem nenhum brilho extra, mas pôde acompanhar de perto os debates acalorados da vida intelectual portuguesa, com a presença importante do poeta Antero de Quental, que também era estudante na mesma faculdade.

Quental, que Eça chamou de “príncipe da mocidade”, foi o protagonista da chamada “Questão Coimbrã” em 1865. O poeta romântico Antonio Feliciano de Castilho, que acolhia alguns jovens escritores, havia escrito o prefácio de um livro de poemas de Pinheiro Chagas. Em seu texto, lançava farpas contra outros jovens, como Quental e Teófilo Braga, que, segundo ele, escreviam de forma obscura e sobre temas que não eram poéticos. Quental respondeu aos ataques num folheto chamado Bom senso e bom gosto, em que, entre outras coisas, mostrava a futilidade e o ridículo da poesia de Castilho. A querela ainda continuaria por mais alguns meses, e Antero escreveu: outro folheto, A dignidade das letras e das literaturas oficiais, no qual defendia uma literatura militante dirigida aos “três milhões de homens que trabalham, suam, produzem” em Portugal. Eça não participou ativamente dos debates, no entanto, aproximou-se do grupo de Quental.

Sobre esse período, num livro de reminiscência sobre a vida de Quental (A vida de Antero de Quental), Eça descreveu a paisagem intelectual de sua geração - que ficaria conhecida, depois, como "Geração de 70": “Coimbra vivia então numa grande atividade, ou antes num grande tumulto mental. Pelos caminhos de ferro, que tinham aberto a Península, rompiam cada dia, descendo da França e da Alemanha (através da França) torrentes de coisas novas, ideias, sistemas, estéticas, formas, sentimentos, interesses humanitários... Cada manhã trazia a sua revelação, como um Sol que fosse novo. Era Michelet que surgia, e Hegel, e Vico, e Proudhon; e Hugo tornado profeta e justiceiro dos reis; e Balzac, com o seu mundo perverso e lânguido; e Goethe, vasto como o Universo; e Poe, e Heine, e creio já que Darwin, e quantos outros”.

O caminho dessa efervescência intelectual desembocaria, pouco tempo depois, na defesa do realismo na literatura portuguesa. Já formado em Direito, Eça se muda para Lisboa, onde começa a trabalhar no Supremo Tribunal de Justiça e a publicar

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