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OS MITOS DO PRECONCEITO LINGUÍSTICO – ANÁLISE DO LIVRO “PRECONCEITO LINGUÍSTICO” DE MARCOS BAGNO

Por:   •  18/9/2022  •  Resenha  •  2.471 Palavras (10 Páginas)  •  214 Visualizações

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GOVERNO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

SECRETARIA DE ESTADO DE CIÊNCIA, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO

FUNDAÇÃO DE APOIO À ESCOLA TÉCNICA

FACULDADE DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

CURSO DE ANÁLISE E DESENVOLVIMENTO DE SISTEMAS

GABRIEL GARCIA GONÇALVES DE CARVALHO

GUSTAVO CORREIA DE ARAUJO

JOSE ALEXANDRE DA SILVA JUNIOR

OS MITOS DO PRECONCEITO LINGUÍSTICO – ANÁLISE DO LIVRO “PRECONCEITO LINGUÍSTICO” DE MARCOS BAGNO

Professor: Eduardo Barreto

Rio de Janeiro

2022

Este é um trabalho que pretende realizar uma resenha crítica sobre a obra “O Preconceito Linguístico” ([1999], 2007) de Marcos Bagno, pontuando seus principais aspectos e discussões sobre os mitos da língua portuguesa.

Marcos Bagno é tradutor, escritor e linguista brasileiro. Graduado em Letras, possui doutorado em Filologia e Língua Portuguesa pela Universidade de São Paulo (USP) e mestrado em Letras pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), sendo reconhecido com um importante intelectual sobre a área da Linguística. com diversos prêmios e mais de 30 títulos publicados entre literatura e obras técnico-didáticas. É ainda Professor do Departamento de Línguas Estrangeiras e Tradução da Universidade de Brasília (UnB) e conhecido por defender a revisão da norma-padrão do português, pela inclusão de variações linguísticas e formas orais como expressão genuína e correta do português brasileiro.

De acordo com Marcos Bagno (2007), preconceito linguístico é interpretado como um tipo particular de preconceito em que ocorre a discriminação de uma determinada língua ou variante linguística. Este tipo de preconceito é geralmente pautado na ideia de que há línguas ou variações linguísticas “melhores” ou “piores” que outras. Trata-se de qualquer tipo de depreciação ou julgamento depreciativo a respeito da língua, da variação linguística ou da fala de alguém.

Em seu livro "Preconceito Linguístico" (2007), o autor discute este assunto polêmico presente nas sociedades modernas, sendo alimentado pelos veículos de comunicação e pela forma de ensinar a Língua Portuguesa nas escolas e livros didáticos. Tal perdura e atinge toda sociedade, porém é raramente reconhecido, tendo como efeito seu agravamento entre os sujeitos.

Em primeiro momento, o autor apresenta o preconceito linguístico começando pelos mitos que o sustentam. Na segunda parte, mostra como tais mitos são transmitidos e perpetuados, cada um deles em grau maior ou menor, por um mecanismo nomeado por círculo vicioso do preconceito linguístico o qual, segundo o escritor, tem origem pela união de três elementos denominado “Santíssima Trindade” do preconceito linguístico: a gramática tradicional, os métodos tradicionais de ensino e os livros didáticos. Na terceira parte do livro, Marcos tenta desconstruir o preconceito linguístico, sugerindo aos professores três maneiras de combater o preconceito: procurando informação, ser crítico com relação ao ensino e entender que a linguagem evolui constantemente. Na quarta e última parte, Bagno mostra o preconceito com os linguistas e afirma que há uma crença de se preservar um português ultrapassado, estático. Ele esclarece que em todas as disciplinas o conteúdo ministrado é atualizado, mas isso não ocorre com o ensino de línguas, tendo predominância de modelos linguísticos do passado.

No decorrer da obra o autor defende a língua viva e verdadeiramente falada no Brasil, e que "tratar da língua é tratar de um tema político", já que também é tratar de seres humanos.

MITO N° 1: “A língua portuguesa falada no Brasil apresenta uma unidade surpreendente” (pg. 15)

O primeiro mito abordado no livro por Bagno é um dos mais populares e disseminados dentre eles, sendo até propagado por estudiosos importantes, como o sociólogo Darcy Ribeiro, que crê que há um único dialeto do português no Brasil, e que independente de sua extensão continental, possui uma homogeneidade linguística e cultural.

Diferente do que é alegado por Darcy, o Brasil apresenta uma enorme variedade de dialetos, e o autor apresenta neste tópico argumentos que comprovam esse fato. Explica-se que a perpetuação desse pensamento por estudos filológicos e gramaticais que se basearam neste mito contribuem fortemente para a manutenção da ideia de que a norma linguística escolar, derivada da norma culta padrão, é a única correta e comum a todos os cidadãos do país, independentemente de condição social, posição geográfica, diferença de gerações ou grau de escolaridade.

Todos os brasileiros falam português, mas cada região tem suas características e suas variações próprias, o que torna o português brasileiro uma língua diversa. Porém esta diversidade não costuma ser reconhecida, havendo a exclusão das camadas menos favorecidas, que muitas vezes não tem acesso a um ensino básico e por isso não conseguem ter ciência dos seus direitos, visto que o conhecimento do dialeto utilizado pelos órgãos do governo e documentos oficiais não lhe alcançam.

Ele explica que o reconhecimento da existência desses muitos dialetos de nossa língua é fundamental para que haja uma mudança no ensino, já que a norma linguística ensinada nas escolas, que em muitos casos a criança só vê se fazendo presente exclusivamente neste meio, se torna quase uma “língua estrangeira” dada a diferença de suas regras de uso em comparação com as variantes comuns no seu dia a dia. E essa ideia de que nossa língua é difícil faz com que entremos no mito seguinte.

MITO N° 2: “Brasileiro não sabe falar português/Só em Portugal se fala bem português” (pg. 20)

Essas duas afirmações iniciam o segundo mito, que é profundamente enraizado na concepção de muitos brasileiros, refletindo um complexo de inferioridade e de dependência a Portugal. Marcos conta neste mito que alguns atribuem essa “inferioridade” do “povinho” no uso da própria língua a “corrupção” que o português sofreu devido o influxo de diversas culturas e línguas diferentes em nossa terra. Mas assim como não há “raça pura”, não há uma “língua pura”, e, portanto, é completamente equivocada a ideia de que nosso

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